PREFÁCIO*

Todos nós temos na vida bons momentos de grande alegria, satisfação e prazer.

E, no caminhar do nosso dia a dia, sempre conhecemos pessoas diferentes, fazemos novos amigos e a cada momento vemo-nos envolvidos com outros, que também são de muita importância para nós, aos quais nós atribuímos valores de profundos sentimentos e afetividade.

Passamos a gostar das pessoas e esquecemo-nos de que estas, assim como nós, são também passageiras de um mesmo trem em que seguiremos todos juntos o mesmo destino.

Dentro de nosso seio familiar, nossos pais e ancestrais, com maior experiência de vida, sempre nos dão bons conselhos e orientações na formação de nosso caráter, indicando-nos sempre o que é melhor para cada um de nós, para que possamos obter um amadurecimento saudável e também darmos bons exemplos de vida para as gerações futuras.

Nas escolas ensinam-nos grandes valores que são de muita valia para nossa formação pessoal, psíquica, cultural e intelectual.

Tanto a família quanto as escolas preocupam-se em passar para seus aprendizes os melhores exemplos e os grandes valores que precisamos obter.

O que, porém, muitos esquecem é que, por maiores que sejam todos os valores que nos elevam, nós ainda continuamos seres mortais, iguais aos outros animais irracionais.

Por isso, e tão somente por isso, é que devemos amar as pessoas como se não houvesse o amanhã.

O amanhã será sempre uma incerteza, uma incógnita, um saber sem saber se sabemos.

E, quando mais cedo ou mais tarde partirmos, deixaremos sempre alguém com um sentimento de grande perda, pois se esqueceram de ensinar-nos, entre os grandes valores que nos elevam, o valor da perda, do deixar de ter, da morte.

Fomos dotados para adquirir bens materiais, gerar grandes fortunas e preocupar-nos com um futuro mais propício para nós e nossos filhos, o que certamente não é errado.

Esquecem-se, no entanto, de que os bens materiais simplesmente é uma maneira de proporcionarmos um pouco de conforto para o nosso corpo, ao passo que, o de que, na verdade, precisamos é de uma boa alma, capacitada a dar a esse mesmo corpo físico um bom sentido as nossas vidas, pois quem tudo tem ao mesmo tempo nada tem, por faltar-lhe o princípio da vida, o amor.

Só o amor que sentimos uns pelos outros é que será capaz de dar toda uma direção mais justa e objetiva a nossas vidas.

Apegamo-nos a inúmeras coisas banais e brigamos por tão pouco que acabamos por esquecermo-nos de que deveríamos ser mais pacientes e procurar amar mais que ser amados.

Assim, muitos de nós passamos a vida toda esforçando-nos para obter o melhor e desfrutar da melhor maneira possível tudo que nos é oferecido na face da terra e acabamos por esquecer-nos de que não deveríamos preocupar-nos em demasia em como bem viver, mas, sim, em uma maneira de melhor morrer, pois “é morrendo que se vive para a vida eterna” e é desprendendo-se de tudo que aqui nos é oferecido, que se pode viver melhor e consequentemente conquistar uma vida em paz conosco e com os nossos irmãos.

E quanto à morte, que apavora alguns e a outros devora, esta que atrai a tantos com seus encantos e sua magia inexplicável – ainda outros morrem só de pensar em seu fim –, ela faz parte do ciclo vicioso da vida.

Em todos os dias, em cada segundo que passa, vão uns e vêm outros.

Nem sempre, porém, estamos preparados para aceitar esse momento de grande dor pela perda de um ente querido, de um amigo, de um companheiro ou até mesmo de um ídolo ou um desconhecido, que também nos faz ficar sentidos com sua partida.

Quando todos esses sentimentos de amor e perda se fundem pela falta de uma só pessoa, a qual esteve do nosso lado, dando tudo de si sem medir esforços, orientando-nos com carinho, sabedoria, afeto e, acima de tudo, com um amor sincero e verdadeiro, ficamos todos nos sentindo extremamente arrasados e chegamos a pensar que não vale mais a pena continuar a viver.

E somente com muita força de vontade e firmeza em nossos corações é que conseguiremos aos poucos superar essa imensa lacuna que ficou dentro de nós.

Que outro valor poderia atribuir às coisas deste mundo na ausência da pessoa amada?

Como continuar a caminhada com o mesmo sorriso alegre quando não se tem mais para onde ir?

Que utilidade poderá ter todos os nossos bens adquiridos, nossas fortunas e incalculáveis riquezas se não temos mais com quem compartilhar tudo?

O apoio da família e a presença dos amigos nem sempre nos fará bem, quando não sabemos ainda se os queremos ou não à nossa volta nesses momentos de desilusões e dor, por faltar-nos a quem amamos.

Não fomos ainda preparados para aceitar a perda.

Crescemos vivenciando inúmeros fatos e acontecimentos tristes e, às vezes, extremamente desagradáveis, que nos deixam no maior baixo astral.

Mesmo presenciando tudo, ainda assim, ignoramos que nós também um dia passaremos por uma situação semelhante.

E uma vez que formos atingidos pela falta irreparável daqueles a quem amamos e cientes de que estes jamais voltarão a dar-nos a mesma alegria de outrora, só nos resta uma solução: continuar nossa caminhada, pois, apesar de tudo, a vida segue em frente e precisamos dar continuidade à história da humanidade.

O autor.

*Prefácio do livro da minha autoria, POEMAS PARA OS MORTOS, inédito.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 04/10/2017
Código do texto: T6133126
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.