MARIQUINHA - 19a. PARTE

19ª. PARTE

SÃOS E SALVOS

Com essa manobra inspirada pelas Forças Divinas, repetindo várias vezes, consegui, já de madrugada, içar o velho companheiro daquele inferno verde.

Em cima, na picada, pouca gente conseguiu esperar a subida do acidentado. Os demais, amedrontados, temendo que seu Hermínio os xingassem por não ajudarem, ficavam de longe e, de quando em quando me perguntavam se eu precisava de ajuda. Sempre agradeci e dispensei outra ajuda a não ser que levassem as minhas tralhas. Agora, mais calmo, examinei seu Hermínio, porque lá em baixo tanto fazia que ele estivesse quebrado ou não, era a mesma coisa: ele estava com o pé esquerdo quebrado e muito inchado; arranquei-lhe os calçados, deixando o pé que mais parecia um porongo, balançando no ar; tinha escoriações pelo corpo todo e estava com as roupas completamente em farrapos. Na testa um corte que sangrava, mas não tinha outro ferimento aparente. Eu sempre fui forte, bem alimentado, trabalhador no pesado, assim, consegui colocar seu Hermínio em minhas costas e levá-lo até sua casa. Coloquei-o na cama sob os cuidados de vários curadores seus vizinhos que já o estavam esperando. Todos correram para o acidentado. Ninguém se lembrou mais de mim, que, fungando de cansaço, deixava-me ficar encostado à parede, triste, com vontade de chorar.

Como os seres humanos são ingratos! – pensei.