MARIQUINHA - 23a. PARTE

23ª. PARTE

FOI EXPLICADO

O café se prolongou e ninguém arredou pé dali. Não foram ao trabalho, disseram que a roça poderia esperar. Após o café, todos me olhando curiosos, esperavam a explicação.

Puxa vida! Eu não sabia que a falta a um encontro causasse tanta confusão assim, na família! Mas, causava, então comecei a explicar.

Contei tudo como realmente aconteceu, todos os pormenores e, a cada lance, corria pela sala um clima de revolta, de medo ou de aplauso. Quando citei que ao chegar ao fundão do inferno verde, naquele inferno verde da mata intrincada , já escurecendo, eu não conseguia soltar a voz e só consegui depois de ligar meu pensamento à força de Mariquinha, vi, entristecido, as lágrimas rolarem dos olhos negros, pelas faces de minha amada; quando disse que ninguém se ofereceu a descer comigo naquele abismo infernal, um clima de revolta perpassou por todas as faces e, quando contei que chegara com o fardo de Seu Hermínio nas costas, cansado e arranhado pela galhada espinhosa que todos me haviam deixado sozinho sem uma palavra de agradecimento, ouviu-se um murro sobre a mesa. Era Seu João, coitado! Impensadamente esmurrara a mesa por não conter a revolta. Por fim, todos me abraçaram. Até Dona Esmeralda chorou nos meus ombros ao me abraçar. Mariquinha, com os olhos vermelhos de tanto chorar, alisava-me os cabelos,o rosto e me chamava de: meu herói, meu herói! Só isto já valia todo o trabalho e sofrimento que tive. Eu me considerava agora, um membro da família. Por pouco não pedi a mão de Mariquinha em casamento, por muito pouco. Mas, não haverá de tardar muito.