MARIQUINHA - 28a. PARTE

28ª. PARTE A VIAGEM

Na madrugada do dia seguinte, quando estava apanhando as malas, minha mãe que levantara muito cedo me trazia o café com a farofa de ovo que eu gostava tanto. Tomei-o, beijei minha mãe e pus os pés na estrada.

Depois de andar uns cinco ou seis quilômetros alcancei o ponto do caminhão leiteiro que fazia a cata do leite nas fazendas e transportava até à cidade.

Às vezes saia do ponto às seis horas da manhã e só chegava à cidade à noite Mas não existia outra condução, a não ser a pé ou a cavalo.

Para mim, tudo bem, era só alegria, era tudo para a minha felicidade.

Subi no velho Ford e o bicho rolou pela estrada lamacenta, carregando gente misturada a latões de leite. Quem já chorou na vida, quem já teve uma tristeza muito grande sabe que aquele papo furado de: “homem que é homem não chora” é pura ignorância de quem não sendo nada na vida, quer se aparecer. Chorar é próprio do ser humano, só não choram os brutos e selvagens animais. Chorar é o limite entre a emoção, os sentimentos e a animalidade.

E eu chorei de amor por Mariquinha tão distante dos meus olhos. O Fordeco continuou a viagem. Dentro de algum tempo já avistávamos as luzes da cidade. O carro rangeu os freios, arrastou os pneus, bufou, roncou e estacionou no ponto final, como um cavalo que de cansado resfolegava ao parar.