Resenha crítica do texto Os Infernos da Diferença

Resenha crítica do texto "Os Infernos da Diferença" de Edgar Assis Carvalho e sua relação com a área da psicologia.

OS INFERNOS DA DIFERENÇA

CARVALHO, E. de A.

O texto “Os Infernos da Diferença” de Edgar de Assis Carvalho contempla as causas sociais mais profundas e essenciais para as maiores disfuncionalidades da sociedade contemporânea. Apesar de sua linguagem excessivamente rebuscada, que chega a um patamar em que sua crítica perde espaço para uma vaidade intelectual lotada de referências extravagantemente não aprofundadas, como se fossem assuntos óbvios e corriqueiros na pauta de qualquer estudante, assume-se que as ideias principais do texto podem ser compreendidas. Tais ideias como a subjugação da multiplicidade da natureza à técnica e ao pensamento excessivamente racional e cientificista, a violência mimética, a excessiva fragmentação da realidade e a sepultação do pensamento questionador, estão presentes na grande maioria das áreas de atuação humana, pois, como mencionado anteriormente, estão no cerne da grande árvore dos males contemporâneos.

A psicologia está longe de constituir-se independente de tais ideias, as quais promovem uma psicologia excessivamente quantitativa e diagnosticista. Os transtornos mentais são encarados de maneira descritiva e estatística; o que certamente, possui um valor prático para o momento histórico e social atual, porém, não fornece uma investigação mais profunda para os níveis menos superficiais dos fenômenos da psique. O excessivo apego à forma produz uma psicologia que exclui a grande multiplicidade da vida psíquica (o que também é uma característica do empirismo quando exclui os elementos que não condizem com o que é estatisticamente mais prevalente), fazendo-a perder sua validade atemporal.

Se nos fenômenos físicos já existe a constatação da influência do observador nos fenômenos “observados”, qual o tamanho dessa influência nos fenômenos psíquicos? Pesquisas experimentais na psicologia contam com gamas de mais de mil variáveis. O que garante que o ser humano tem a percepção de todas existentes? Talvez a essa altura já não seria demasiadamente forçado dizer que os resultados experimentais observados são tais devido às crenças cientificistas e céticas dos experimentadores. As consequências deste quadro é a violência mimética enfatizada por Edgar de Assis Carvalho, quando a ciência passa ao patamar de verdade absoluta e inquestionável, forçando a adaptação das multiplicidades e dos outros atributos da atuação humana às suas demandas, mesmo que os argumentos mencionados nas frases iniciais deste parágrafo constituam um bom motivo para não fazê-lo.

Rodolfo Deon DallAgno
Enviado por Rodolfo Deon DallAgno em 23/04/2014
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