Língua e Linguagem

A linguagem é a capacidade de representação do mundo para si e para as outras pessoas; isso implica a capacidade de imaginação e memória, e sem estas, seria difícil projetar-nos a outros cenários, reconhecer identidades entre seres díspares e assim assumir um ponto de vista acerca de um determinado assunto em qualquer contexto de fala.

Para Margarida, língua é a experiência comunicativa humana. Ela não acha que há uma dicotomia entre língua e linguagem, e sim uma tensão – linguagem capacidade da comunicação pelos signos verbais.

A língua de sinais é tão apta quanto as expressas por símbolos verbais, porque alguns estudiosos dizem que a semiose possa ter se desenvolvido da semiose gestual.

A autora diz que língua, linguagem e sociedade, são três processos que se multi determinam. Se o homem não fosse um animal sociável, não seria um animal simbólico. O ser humano é um ser social devido à capacidade de usar a linguagem para representar o mundo e interagir com as outras pessoas, ou seja, se não fosse essa inserção na rede social, nós precisaríamos de recursos tão sofisticados e complexos como aqueles de que lançamos mão para nos comunicar.

Margarida Salomão fala que a cultura se relaciona com a linguagem como base de conhecimento, como memória social, os modelos que subjazem e que são deflagrados pelo uso linguístico, ou seja , sem cultura não há sentido. Com relação ao pensamento, ela não acha que as pessoas que falam línguas diferentes pensem diferente, perspectiva que na visão de Margarida já foi vencida.

A linguística é a reflexão sobre a linguagem. Então a linguística é o campo discursivo que trata da linguagem de uma forma não normativa e que procura entendê-la sob o aspecto social, cognitivo e gramatical. Segundo pensa a autora, a linguística é um empreendimento intelectual tão bem sucedido, que pode sim exportar conceitos para outras ciência humanas, permitindo relações intensas com outros saberes, o que se chama de ciência cognitiva.

Dependendo de como você entende o que seja ciência, a linguística pode ser ou não ciência. Se usarmos como modelo a física, certamente a linguística não é uma ciência. Mas existem áreas na linguística que buscam expressar seus enunciados como teoremas e nesse aspecto, elas se parecem com ciência. Embora, haja aqueles que podem imaginar que a linguística não emula suficientemente

uma ciência dura para ser considerada uma ciência, o compromisso empírico e investigativo da linguística a caracterizam como ciência.

A linguística serve, em primeiro lugar, para o que serve todo saber com a abrangência e a pretensão que a história dos estudos da linguagem autoriza. Estudamos a linguagem para saber sobre a linguagem. A linguística nos permite entender melhor o fenômeno da educação, como um domínio de práticas letradas, na medida que ela oferece informações sobre a linguagem. Logo, há uma série de investigações que se beneficiam da linguística, através do que sejam os seres humanos como usuários da linguagem.

Margarida afirma que a linguística tem sim um compromisso com a educação brasileira. Segundo suas convicções, a reflexão que se faz sobre a linguagem , sobre a cognição do ponto de vista da linguagem, sobre a interação humana , sobre as cenas comunicativas, elas são imprescindíveis para que se possa pensar na educação de uma forma criativa e transformadora.

O grande desafio teórico é obter uma teoria de campus, quer dizer, é você ter princípios unificadores,que guiem realmente a análise do micro/macro e acho que isso só será possível no interior das ciências cognitivas como um todo.

Resenha com base no texto “Conversas com linguistas: virtudes e controvérsias da linguística” de Margarida Salomão.

Monique Sampaio
Enviado por Monique Sampaio em 24/10/2014
Reeditado em 24/10/2014
Código do texto: T5009957
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