- RIO, O FILME
 
 Hoje, depois de um longo tempo, fui ao cinema. E escolhi um filme especial para ver: Rio. 

 Escolher um filme de animação para ver deve ser sintomático: estou deixando aflorar em meu coração uma infância distante, mas não esquecida. Rio faz renascer em mim a magia esquecida dos tempos em que ir ao cinema era a melhor coisa que poderia me acontecer.

 Descobri o cinema no Colégio Interno, quando todas as segundas feiras nos reuniam no Auditório para assistir filmes. Depois que mudei para Lavras a paixão foi avassaladora. Eu ia ao cinema todas as noites e, por ironia do destino, só nas segundas feiras isso não acontecia. Era o dia em que o filme se repetia. Cheguei a ter um caderno onde anotava tudo sobre o filme, mas o caderno se perdeu.Depois, nossos três cinemas foram fechados e se transformaram em lojas – se eu quisesse ver um filme tinha que ir até Belo Horizonte e fiz muito isso.  Há pouco tempo duas salas foram abertas por aqui, quando o Shopping foi construído, mas aos poucos fui me afastando das exibições na Tela Grande e até na telinha. Hoje, bem cedo, quando lia um dos jornais da cidade vi a programação e decidi: vou ao cinema. Fiz isso na sessão das 18.30 horas. Fui sozinha, que é outra coisa que gosto de fazer – ir sozinha ao cinema, comprar um saco bem grande de pipocas e uma lata de guaraná. Mas hoje dispensei os acompanhamentos.
 
A sessão foi bem animada, muitos jovens bem jovens e crianças acompanhadas dos pais. Mas encontrei uma amiga que tinha ido sozinha como eu e ela optou por sentar-se junto a mim. Foi bom.

 O filme é deslumbrante. Carlos Saldanha, o grande responsável pelo filme, é brasileiro, carioca. O filme, um Hino de Amor à Cidade Maravilhosa. Pena que para contar uma boa história sobre o Rio seja quase impossível deixar de falar de suas mazelas sociais. Mas e daí? O que fica mesmo é a beleza, a alegria, a música, o amor.A exuberância.
 
 A história é simples: por acaso, Blu, uma ararinha azul, contrabandeada, vai parar em Minnesota, onde é criada no cativeiro por Linda, uma jovem linda. Um ornitólogo carioca, Túlio, consegue localizá-la e vai a sua procura para cruzá-la com Jade. São as duas últimas aves da espécie, o macho que não sabia voar, a fêmea que conhecia o valor da liberdade. E então o amor acontece – Blu e Jade, Túlio e Linda. Mas até o final feliz muita aventura, muita música, muita cor. Vale ver o filme. Não é só para criança, mas para qualquer pessoa sensível.