Desmundo

O filme é ambientado em 1570, época em que foi estabelecido a colonização efetiva no Brasil e época em que os portugueses enviavam órfãs para que casassem com os bandeirantes. Isso era feito como uma forma de amenizar o nascimento de filhos com indígenas, a fim de evitar a miscigenação entre as raças e evitar o pecado que era visto ter relações com esse povo.

Logo na primeira cena mostra-se o drama vivido pelas órfãs, ao serem ensinadas como deveriam agir frente à nova função como esposa, oferecendo aos seus maridos obediência acima de tudo. Aparece então Oribela, uma jovem altamente devota à religião, que roga que lhe mandem de volta ao convento e demonstra tamanho repudio quando lhe é apresentado o seu marido. Entretanto, de nada adianta, e ela e as outras meninas se casam.

O homem que faz o casamento, um padre que lá estava, pronuncia palavras que fortalecem a eugenia existente naquela época, através da frase: "Não sejam como os índios, os negros da terra, os brasis que vivem como animais (...) e façam seus filhos abençoados pelo ALVOR da pele."

Oribela, que agora é apresentada como a personagem principal da estória, presencia o trabalho árduo dos escravos na casa da mãe do marido, Francisco, ao ir morar com eles, típico do Antigo Regime.

A noite, após ser violentada por Francisco, ela decide fugir para sua terra natal. Entretanto não consegue concluir o feito e é levada de volta pelo marido. Por fim é mantida presa e acorrentada para que não voltasse a fugir.

Finalmente, depois do que parecem ser dias, ela é solta e Francisco diz que ela dera sorte, pois se fosse homem ruim a açoitaria. Isso caracteriza muito bem essa época, onde a mulher era vista como um objeto cuja função era apenas procriar e cuidar das necessidades do marido. Após esse episódio, ela tenta se esforçar para melhorar a relação íntima e a sua comunicação com o marido, demonstrando gestos mais afáveis de afeto.

Um padre jesuíta aparece na casa do casal, acompanhado de jovens índios recém-catequizados. Ele então prega sobre a importância da catequese, e diz “ensinamos os pequenos que depois ensinam os pais.”. Dessa forma, ele revela suas reais intenções, que são levar consigo alguns de seus índios para que fossem educados perante a religião católica. Mas Francisco não concorda e, aos gritos, diz que eles lhe pertencem e que já são aptos ao trabalho. O Padre, então diz, de forma austera, que avareza é pecado e que ele pagará caro por isso.

Dias se passam, e então, na calada da noite, Oribela foge de novo. Refutando toda a ideia de que ela enfim tinha se acostumado com a vida no Brasil. Ela entra em uma “vila” e encontra Ximeno Dias, um comerciante de escravos, e tenta comprar com ele uma passagem no navio para voltar para casa. E é então que o clímax da história acontece: Com marido dela chegando nessa vila a procura dela, ela implora a ajuda de Ximeno. Por fim, ele decide ajudar.

Oribela fica escondida na casa de Ximeno. Enquanto isso Francisco vai atrás de Dona Maria, mulher que trouxe as órfãs para o Brasil e que manteve boas relações com Oribela. E então ele diz, aos prantos, demonstrando tamanha tristeza, que Oribela fugiu.

Mas se para ele eram reservadas lágrimas, para ela era ao contrário. Oribela nunca esteve tão feliz em todo seu tempo no Brasil, ao manter relações íntimas com Ximeno. O que demonstra que ela começara a deixar de lado seus costumes anteriores, sua devoção infindável a religião, uma vez que mantem relações com um homem se não o seu marido.

Ximeno então leva Oribela até a cidade dos Castelhanos, e de repente aparece Francisco. O homem que acompanhava Oribela então aponta a arma para Francisco, porém ele hesita, talvez por falta de coragem. ”Vem para casa” ele diz. “Não vou te matar, nem a ele. Eu prometo”. Mas ela grita, e diz que não vai. “Como confiar no homem que me disse que se eu fugisse novamente me mataria?“ deve ter pensado ela.

Há, então, disparos simultâneos mas Francisco não se machuca. E, deduz-se, que Ximeno morre nessa cena. Passam-se meses, e Oribela tem um filho após voltar a morar com Francisco, finalizando a estória.

Bruna Maia
Enviado por Bruna Maia em 26/06/2014
Reeditado em 31/08/2014
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