SOBRE O FILME "MONTANHA DOS GORILAS"

"Quando você percebe o valor de toda a vida, você viverá menos no que é passado e se concentrará mais na preservação do futuro."

SINÓPSE

O presente filme trata-se do registro cinematográfico das atividades desenvolvidas pela pesquisadora e especialista em primatas, Dian Fossey, interpretada pela atriz Sigourney Weaver. O contexto inicia-se na segunda metade década culturalmente efervescente dos anos sessenta, onde, a cientista é contratada pelo pesquisador Louis Leakey para realizar o censo e estudos comportamentais dos gorilas existentes na África, especificamente na região de Ruanda, na conhecida Montanha dos Gorilas. Em princípio quase em descrédito e descaso pelo seu contratante Louis devido à sua inexperiência, é deixada em Ruanda para realizar sozinha a pesquisa, desafio que aceita, mesmo pega de surpresa, pois não dominava os costumes, a língua do povo do lugar e nem mesmo conhecia o local que realizaria a pesquisa.

O desenvolvimento de sua pesquisa fora tomando forma e conteúdo através de seus experimentos e do prazer vivencial no cotidiano e em cada descoberta e surpresas que a montanha lhe presenteava, tanto as agradáveis quanto as nem tanto; tal fator teceu ainda mais no caráter da pesquisadora o desejo de defender o objeto de sua pesquisa daqueles que até então impunemente eram responsáveis pelo quase extermino dos gorilas existentes na floresta, haja vista os mesmos estarem em fase de extinção devido também à ganância, parcerias espúrias e imorais, bem como a utilização indevida de parte dos corpos mutilados dos símios enquanto troféus e ou utensílios de decoração.

Dian em nome da defesa salvaguarda e preservação dos primatas que aprendeu a amar enfrentou por diversos momentos a ira da polícia, de guerrilheiros, tribos corruptas, crenças locais, traficantes de animais, políticos desonestos. Por se tornar defensora de seus amigos gorilas, pagou com sua própria vida, pois teve uma morte trágica que não fora esclarecida até os dias de hoje.

O nome, pesquisa e as ações da primatologista Dian Fossey tornaram-se mundialmente conhecidos quando obteve apoio midiático e a divulgação de suas pesquisas, bem como denúncia da realidade político ambientalista que enfrentava. A revista National Geográphic tornou-se ainda mais conhecida no setor científico através de filmagens, reportagens e fotografias, trazendo à tona as condições que se encontravam os gorilas, enfatizando a urgente necessidade de ações que visassem a preservação da espécie e criação/expansão de reservas ambientais, que deveriam sistemática e constantemente supervisionadas, mantidas, vigiadas e salvaguardadas para que os animais possam ter chances de sobrevivência e continuidade da espécie. O mundo se conscientizou e se sensibilizou com a causa que Dian defendeu, e muitas organizações internacionais se aliaram a ela.

Pioneira em suas ações e metodologias, tornou-se referencia internacional na pesquisa de campo, demonstrando também que o cientista/pesquisador deve sim ter postura de distanciamento, mas quando necessário deve,por questões de ética e de moral intervir para que o objeto de sua pesquisa possa ser preservado. Outra questão observada é a aparente necessidade que ela desenvolveu de inserir-se diretamente no contexto para que pudesse obter aproximação devida e aceitação do grupo que ela estudava.

BIOGRAFIA DE DIAN FOSSEY

Nascida em San Francisco - Califórnia em mil novecentos e trinta e dois, terminou seus dias nas Montanhas de Virunga-Ruanda no ano de mil novecentos e oitenta e cinco um dia após o natal e junto de seus amados amigos gorilas fora sepultada aos cincoenta e cinco anos.

Zoologista com especialização em primatas estudou por oito anos consecutivos grupo de gorilas que habitavam as florestas das montanhas de Ruanda, suas ações preservacionistas comparam-se às de Jane Goodall[3] que desenvolveu similares pesquisas com chimpanzés.

Inicialmente trabalhou com terapia ocupacional com crianças portadoras de síndrome de down, interessou-se pela África, especificamente por estudos com gorilas que habitavam as montanhas de Ruanda entrando em contato com as pesquisas do dr. Louis Leakey[4] e sua esposa, e ao entrar em contato com o pesquisador devido à sua perspicácia e insistência ele a convidou para desenvolver a pesquisa que a tornou futuramente em especialista nos referidos primatas. O referido casal fora responsável inicialmente fundos e reservas de sustentação financeira das pesquisas por ela realizadas.

Através de ações de salvaguarda dos gorilas, Dian funda o Centro de Pesquisa Karisoke que conseguiu ainda mais apoio e auxilio quando houve a divulgação de suas pesquisas em publicações e fotografias na National Geographic, em entrevista à fotógrafo free lance Bob Campbell[5], que a retratou em sua relação saudável, mas muitas vezes beirando à irracionalidade com grupos de gorilas. Sua interrrelação natural e respeitosa para com os animais, a floresta e o ser humano, fora retratada de forma a abrir os olhares da comunidade científica para que considerasse sua pesquisa de campo como algo a ser considerado.

Fossey suportou heroicamente às negativas investidas de grupos que desejavam lucrar com a venda das mãos e cabeças de seus amigos gorilas, muitas vezes tendo que tomar atitudes que a tornara “persona non grata” de políticos, polícia, tribos aborígines hostis, traficantes ecológicos, políticos que desejavam lucars com a implantação de pólos turísticos na África, sem o devido respeito à floresta e seus habitantes naturais; ara eles era forte rival e verdadeira guardiã daquilo que queriam usurpar.

Um ação que a tornara ainda mais combativa na preservação dos gorilas da África foi sua total repulsa aos sistemas zoológicos implantados por países estrangeiros que traficavam animais e não davam nesse processo todo nenhuma demonstração de bons tratos para com os animais, que eram chacinados em sua caça, com sua prisão, no transporte e na falta de adaptação e comodidade nos zoológicos que eram submetidos; o que diminuía a taxa de sobrevivência animal. Dian fora responsável pelo novo repensar da comunidade internacional que convertera o aumento do espaços naturais destinados aos animais em uma legislação um pouco mais justa e digna,mas Dian sabia que havia muito ainda por fazer.

A primatologista foi brutalmente assassinada em seu quarto enquanto dormia, muitos acreditam que ela fora morta devido à sua intervenção contrária à exploração turística e financeira dos gorilas; bem como pelas suas ações de denúncia do envolvimento das autoridades de Ruanda nesse processo. Após sua morte toda sua equipe fora feita prisioneira e a posteriori solta, exceto seu assistente de confiança e guia Rwelekna fora encontrado morto em sua cela, supostamente fora relatado pela polícia que ele cometera suicídio.

Muitas das organizações se opuseram à Fossey, incluindo o escritório de Turismo de Ruanda, atravessadores escravagistas, pois tinham em sua meta a continuidade de utilização do tráfico enquanto fonte de renda e lucro.

As semanas que antecederam a morte de Dian, houve a recusa da renovação de seu visto de permanência na África para que continuasse suas ações e pesquisas. Graças à boa parceria de Fossey que aliou-se à um secretário geral governamental que era simpatizante de suas ações e contrário ao que ocorria em Ruanda, conseguira secretamente seu visto de permanencia. Tal situação fora determinante para sua morte precoce e criminosa, pois assim sendo daria continuidade às suas ações.

A pesquisadora fora enterrada no local por ela destinado para o sepultamento dos gorilas que foram assassinados (retiravam-lhe apenas as mãos e a cabeça e os corpos eram deixado na mata). Ficara ao lado daqueles que aprendeu a amar e defendeu com sua própria vida, pois acreditava que “todos os seres teem o mesmo direito e que necessitam ser tratados com o mesmo respeito que os seres humanos (...)”[6]

Uma de suas amigas pessoais, Shirley McGreal, continua a trabalhar na proteção dos primatas dando continuidade ao trabalho de Fossey na Liga internacional da proteção do primata (IPPL). Nota: Uma das poucas organizações dos animais selvagens que de acordo com Fossey promovem moral, ética e eficazmente “o conservation ativo”.

Após a morte de Fossey, o Centro de Pesquisa Karisoke fora saqueado e o que restou do local fora dirigido por pesquisadores que estiveram com ela. Hoje existe somente os restos remanescem de sua cabine que foi convertida em um museu para turistas. Durante a guerra civil os parques de Virunga foram invadidos por refugiados e áreas de preservações foram destruídas de forma ilegal.

A FILOSOFIA E DIAN FOSSEY

DIAN E A VIOLÊNCIA

A guerra e a caça desenfreadas na Àfrica é responsável por milhares de mortes e entre eles a dos gorilas pesquisados por Dian Fossey, que foram dizimados de forma brutal e beirando à crueldade a ponto de estar na lista de animais em extinção, segundo o Fundo Internacional Dian Fossey para os Grilas- DFGFI (sigla em inglês) nos ultimos dez anos: “(...) Encontramos duas importantes populações dos gorilas de Grauer que estavam gravemente subestimadas, negligenciadas ou cuja existência se desconhecia, disse Patrick Mehlman, vice-presidente do DFGFI para a África”

Dian estabeleceu uma batalha declarada contra uma legião de inimigos formados por caçadores, agricultores que devastavam o habitat dos gorilas, políticos corruptos e corruptores, entidades internacionais exploradoras da situação político social da África, traficantes mercenários de animais, entre outros que se aliaram e desestruturaram sua luta em defesa dos primatas e a vitimaram violentamente, na tentativa de calar sua voz.

Até onde pode a pesquisadora usou de todos os subterfúgios que estiveram ao seu alcance e tornou-se dessa forma um perigo constante e poderoso aos que eram contrários às suas ações. Hoje sabemos que esse processo destrutivo continua no Congo e os autores dessas imposturas fazem até uso do nome de Dian e arrecadam suntuosas verbas para manter organizações que não tem interesse em manter vivos os gorilas e sua montanha, mas somente angariar valores para seu uso particular.

Dessa forma caracteriza-se outra forma de violência para com a pesquisadora, eis mais uma forma de violência para com a pesquisadora, mas as ações são travestidas enquanto boas ações. Mas jamais assumirão tais imposturas. Segundo Jean Marie Muller[7], “O homem violento se defende sempre com ataque. É sempre o outro que começou. No conflito entre israelenses e palestinos, cada lado usa a violência para se defender da violência do outro. Os dois justificam seus assassinatos pelos seus mortos. É verdade que é preciso se defender. A questão é encontrar as estratégias não violentas eficazes para isso. No nível pessoal, as artes marciais são métodos não violentos de autodefesa(...).É necessária uma mediação internacional. Seria preciso que centenas, milhares de voluntários internacionais formados na resistência não violenta de conflitos se dirijam para lá e usem os métodos de mediação no interior sociedade civil”.[8]

Nesse processo a violência deixou de ser conceitual para assumir questões físico criminosas, não somente no plano humano, mas relativo também à uma sociedade abastecida pela ignorância a fim de não se estabelecer critérios de escolhas e opiniões próprias, pensar por si e para si, violência para com o meio ambiente, que sofre pela ganância e desinteresse em sua defesa e manutenção, violência para com os animais que elencam-se na lista de animais em fase de extinção, violência para com a comunidade científico acadêmica que fora desrespeitada e impedida de dar prosseguimento às suas pesquisas, violência para com seres humanos que defendiam valores diferenciados daqueles que dominavam a África.

DIAN E O PODER

Dian também se deparou com a questão do poder, quando retrata em seu diário de campo os enfrentamentos com diversos segmentos da sociedade africana em geral: a ignorancia dos nativos africanos, as autoridades local que fechavam seus olhos ao que ocorri em troca de propina, dos políticos em vigência que visavam mais lucro próprio do que o bem estar do cidadão e salvaguarda

Fossey também demonstrou poder quando usou da midia a fim de despertar a sensibilidade à nivel internacional das nações que poderiam intervir no que ocorria com os gorilas, quando viesse a tona a co-participação de cidadãos de seus países, e subsequentemente o envolvimento do país seria motória a necessidade de uma intervençaõ para cessar tal intervenção negativa. Gerou dessa forma uma inter relação de poderes.

A pesquisadora faz uso dos costumes do povo do lugar para que possa se estabelecer enquanto poder local, através de um estigma de bruxa fazendo se valer do temor dos aborígenes ao seu cabelo longo e avermelhado, que não era comum naquele lugar, pois a grande maioria eram de tez de etnia negra e sua alvura causava estranhamento e por isso a considerava uma feiticeira. Mas verifica-se que a utilização desse artifício utilizado por Fossey direcionava à sua intensionalidade de salvaguarda do habitat e dos grupos de gorias queestavam em extinção.

Questão: Qual é o padrão conceitual de moralidade nestes dois lados opostos; por um lado Dian Fossey e sua equipe que estabelece criterios de salvaguarda do meio ambiente e dos animais que pesquisara. Do outro lado o interesse no comercio desregrado de utilização do meio ambiente e comercializaçao dos animais.

Estabelece dessa forma, uma relação com a filosofia e esse impace acima descrito, tal nuance nos remete à questões pertinentes à conceitos de definição da Ética, ou então da Ciência da Moral que éparte da filosofia que trata de costumes, deveres do homem, ou o discernimento das variáveis do significado do que são os bons costumes, e como variam de acordo com os valores impingidos na sociedade que os aplica. s bons costumes e valores éticos, até que ponto Dian isentou-se de seus dogmas e superstições pessoais a fim de que pudesse realizar suas pesquisas e aões de salvaguarda tão aparentemente notavel pelos seus atos?

Se poder significa ter através da força, independente da forma utilizada para tal, podemos provocar a intercambialidade e unificação aparente desses valores, mesmo que aparentemente seja impossível devido ao seu lado oposto. Há ações de poderes intrinsecos em ambas as partes e nelas, mesmo que em lados opostos ocorre enquanto substancia, ora enquanto forma. Tanto Fossey, quando seus opositores, poderão ser ato, ou de potencia; dessa forma poder e etica há de se tornarem parceiros e independente do direcionamento dado socialmente ou por determinado grupo social.

Filosoficamente desperto o questionar de o que vem a ser ética quando ela é utilizada parase estabelecer poderes?

Verifica-se que Ética e Poder, são dois conceitos que abarcam conceitos complexos de significados, e juntos tais conceitos poderão representar elementos que distinguirão indivíduos e todo contexto socio econômico que são inseridos,normalmente estão dissociadas em seus valores e significados, mas o que leva a essa dissociação. Segundo Focault[9], “(...) o que quero dizer quando falo de relações de poder é que estamos, uns em relação aos outros, em uma situação estratégica. Por sermos homossexuais, por exemplo, estamos em luta com o governo e o governo em luta conosco. Quando temos negócios com o governo a luta, é claro, não é simétrica, a situação de poder não é a mesma, mas participamos ao mesmo tempo dessa luta. Basta que qualquer um de nós se eleve sobre o outro, e o prolongamento dessa situação pode determinar a conduta a seguir, influenciar a conduta ou a não-conduta de outro.

Não somos presos, então. Acontece que estamos sempre de acordo com a situação. O que quero dizer é que temos a possibilidade de mudar a situação, que esta possibilidade existe sempre. Não podemos nos colocar fora da situação, em nenhum lugar estamos livres de toda relação de poder. Eu não quis dizer que somos sempre presos, pelo contrário, que somos sempre livres. Enfim, em poucas palavras, há sempre a possibilidade de mudar as coisas.”

DIAN E A (BIO)ÉTICA

Os respectivos valores preservados pela pesquisadora, tornaram-na também em uma especialista atuante em questões pertinentes à bioética, tão em voga na atualidade, onde especificamente por suas atividades e intervenções sócio culturais que modificaram concepções, legislações e inseriram no contexto o cidadão a nível mundial na ciência dos fatos de ações destruTIvas do meio ambiente e de um grupo de simios que estavam a beira da extinção, pois ousou abandonar a sedução casuística e sentimentalóide de uma teoria rOmancesca e ou munida de concepções equivocadas em relação à comunidade de gorilas existente na África, tão bem “mal” difundida em filmes e na multi mÍdia em geral, colocando-os comoferas destrutivas e os seres humanos como seres vitimados e desprovidos de proteção.

O filme A Montanha dos Gorilas, traz à tona as inverdades e imposturas cometidas e difundidas por aqueles que usurparam o direitoà vida de seres que mantinham-se em harmonia com omeioambiente que viviam, porque simplesente eramparte integrante do mesmo.

Neste caso os invasores e destruidores foram desvelados à comunidade científica e ao cidadãoleigo qe tiveram acesso ao documentários, fotos e denúncias dessa primatologista que graças ao seu incançácvel processo de resistência perseverou e chamou atenção como a National Geographic e a BBC de Londres. Como todas as conquistas da humanidade, a trajetória de defesa da ética na pesquisa, e sempre está relacionada com o que ocorre no entorno que o objeto de pesquisa, e tudo o que está inserido neste contexto, e assim é tratada como uma conquista no campo dos direitos humanos - é percorrida por inúmeras situações de desrespeito e violação dos direitos dos sujeitos envolvidos na pesquisa.

DIAN E A PESQUISA

Pesquisa de campo, barreira a ser definida enquanto superação e redescobertas que muitas vezes podem mudar conceitos ou até mesmo o direcionamento a ser dado inicialmente enquAnto projeto de pesquisa. Há algo que sai do controle laboratoriais ou dos gabinetes daqueles que teorizam e muitas vezes estabelecem critérios e metodologias que jamais se deveria ser cOntestadas.Dian o fez... contestou, modificou, subverteu a teoria academicamente estabelecida abrindo novos caminhos e novas possibilidades para aquilo que ela não só chamou de pesquisa de campo, mas vivenciou, interagiu e interviu socialmente.Não se deteve ao se deparar com questões éticas estabelecidas numa nova sociedade e cultura que teve contato, apreendeu muito dessa cultura e a fez presente em suas pesquisas numa miscigenação da tradição com o cientificismo que lhe era usual e com essa interação do mítico com a ciência prevalece o objeto a ser pesquisado e tão somente através desse processo inovador ocorre a possibilidade de se estabelecer possibilidades de aproximação, coletas de dados para que pudesse abastecer a comunidade acadêmica de novos materiais de pesquisa a serem realizado nos gabinetes assÉptico e herméticamente acoplado em alguma universidade.

A ciência se abastece daqueles saberes que se originam nos incultos para que possa fazer surgir a possibilidade de novos conceitos e difundi-lo para o mundo que aguarda...Na filosofia também deveria ser dessa forma, jamais esquecermos daqueles que desbravaram os conceitos e nos enriqueceram com novos padrões e linhas de pensamentos que muitas vezes ainda é vigente e utilizados até os dias de hoje. Ou entÃo somos influenciados sem mesmo percebemos, pois tais conceitos há muito estruturados são muitas vezes incorporados ao sistema social e elencado ao senso comum enquanto verdade usual e cotidiana e nem mesmo temos consciência de sua origem.

O desafio é estabelecer critérios para que o processo de uma pesquisa de campo torne-se também referencial de proximidade e exatidão de uma metodologia adequada e cientificamente estruturada. Ocorre por vezes de uma metodologia não ser ainda não usual e ou reconhecida enquanto tal, por se tratar o objeto de pesquisa algo que ainda não se estabeleceu enquanto interesse ou foco utilizavel para a composição de um projeto especifico devido ao seu perfil ou peculiaridades que o compõe. Percebe-se dessa forma que um dos maiores embates junto à comunidade acadêmica reside também nessa reinvenção, considerando tal portura ou prática academicamete inaceitável.

QUESTÃO: Como desenvolver a imparcialidade e distanciamento necessários na produção científica se todo o contexto envolve o vivencial, o real e a realidade que bate à porta e exige posturas praticas, emergenciais e tangíveis?

Seria uma impostura dessa cientista pesquisadora tal envolvimento, sendo que devido a essa ação ocorrera a legalização em caráter mundial de normas e condutas de defesa e preservação?

Lembrando: todo trabalho seu ganhou notoriedade e aceitação incontinente da comunidade científica, sua inexperiência e metodologia própria fora base de seu trabalho e apropriada por muitos outros que seguem caminhos paralelos e ou similares ao dela. No ponto de vista metodológico tomamos que o juízo por ela optado tende à impossibilidade de padrões comarativos, mas sim valores similares em outras pesquisas feitas com grupos de chimpanzés, que se diferencam enquanto espécie, padrão comportamental e principalmente regiaõ abarcada de haitat de cada grupo, como afirma Helvetius[10]: "Uma nova idéia surge da comparação de duas coisas que se não haviam comparado" .

Fica a questão: Até que ponto o pesquisador poderá interferir no seu objeto de pesquisa, ou mesmo modificar o curso de seu processo fenomenológico?

Qual a ética abordada nesta questão?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ato de uma pesquisa requer atos de coragem e de refinamento da ótica daquele que observa. Muitas vezes ocorre a necessidade de se ultrapassar as mais diferentes e dificultosas barreiras, tanto em nível da pesquisa quanto em linhas de valores muitas vezes adquiridos e pessoais de cada indivíduo que desenvolve a pesquisa.

Muito do produto final do objeto de pesquisa é decorrente da dedicação diferenciada e do empenho engendrado nas ações daquele pesquisa. São horas, são detalhes, são entalhes conceituais, repetições, são recomeços; estendidos na temporariedade que se prende o pesquisar. Nesse processo não se carece de ausências na família, nem se teme o distanciamento de amigos ou se prende na inexistência das tão necessárias horas de lazer.

Esse filme tende nosso pensamento à urgência emergencial de se estabelecer critérios que tenham sua sustentabilidade estrutural no reino da ética e dos padrões de uma mora lapidada em conceitos de respeitabilbidade para com o todo e a parte.

Não são poucos os desafios, a quantificação só é comparável pela grandiosidade da consciência da necessidade de salvaguardar o bem mais precioso que é a natureza e tudo aquilo que lhe é parte. Dian sabia disso, ou melhor vivenciava dioturnamente essa questão, não só pelo seu compromisso para com a pesquisa, mas principalmente pelo seu comprometimento para com os seres que deixaram de ser objeto de pesquisa para serem seres com necessidades de respeito pela sua diferença e de cuidados para que possam ter continuidade na existência em seu ciclo natural e biológico.

Ao deparar-se em uma sociedade totalmente desestruturada moral e eticamente diante os padrões de conduta em que a pesquisadora Fossey fora esculpida, todos os enfrentamentos contrários às suas linhas de ações foram desafios a serem vencidos gradativamente, mas a vontade de parte dessa sociedade falou mais alto; a parte que dominava, e que detinha poder, parcerias escusas e interesses particularizados e caracterizados pelo lucro próprio.

O desafio fez-se presente até mesmo quando se predispôs realizar a pesquisa inicial, pois fora considerada pelos respeitáveis doutores dos saberes da ciência, inexperiente e até mesmo incipiente na temática nesta linha de pesquisa, aproveitou-se do espanto causado por sua determinação e engendrou-seno mundo dos pesquisadores muitas vezes já catedráticos na área de pesquisa,mas inexperientes em pesquisa de campo.

Outros fatores atenuantes que para muitos seria motivo de inviabilização de uma pesquisa mas que para Fossey foram apenas questões a mais a serem transpostas: a convivência com uma nova cultura por demais diferenciada da sua; condições primitivas de vida que teria que se submeter; falta de dados anteriores sobre o tema pesquisado para servir de base inicial; ser responsável por conseguir financiamentos para dar suporte financeiro para a pesquisa; e a total falta de apoio governamental que por interesses escusos era fonte incessante desestímulo da continuidade de suas pesquisas.

O que remete um ser humano a se tornar um referencial pelo seu trabalho de pesquisa, sua metodologia inventiva e inusitada, muitas vezes jamais mensurada pelos profissionais da ciência?

O que perpetua conceitos e idéias e os torna um continuum gerando elementos que transladam livremente pelas suas peculiaridade sem espaço, nem tempo definido, como fora ressaltado no filme: “os grilas não respeitam fronteiras, pois não são seus o conceito de territórios ?

O legado de Fossey fora seu envolvimento assistemático, ou melhor, sua sistematização diferenciada pela genialidade que lhe era peculiar também pelo seu pioneirismo na defesa do meio ambiente num ambiente hostil à sua causa. Mas tomou para si sua reputação de feiticeira dos cabelos vermelhos e fez da reputação gerada pela ignorância de um povo desprovido dos saberes nela contido da tribo africana existente, utilizando essa fama em favor à sua causa; sim sua pesquisa tornara-se sua causa, e a defendera com seus saberes abastecido pelo mito gerado pela sua postura e atuação.

Numa disparidade de informações que realizam os animais em extinção muitas vezes como perigo aparente, neste caso os símios também são vitimados pela má fama da violência, quando na verdade há de se considerar sua realidade instintiva e primal, que os fazem únicos e que devem ser preservados enquanto tal, fato que Dian percebeu à primeira vista e fez dessa percepção ponto principal ára por ao alcance mundial os saberes que ela conseguira apreender com cada espécie que estudou.

AFINAL QUEM É O VERDADEIRO SER PENSANTE?

E ENTÃO ?

“Uma luta amarga pela sobrevivência - Texto de Dian Fossey

Chamava-se Digit e tinha-nos deixado. O corpo mutilado, de cabeça e patas decepadas como troféus macabros, jazia no mato, sem vida, como um saco ensanguentado. Ian Redmond e um batedor nativo sofreram o choque inicial, tropeçando no corpo perfurado e estropiado por uma lança, no final de uma série de armadilhas para antílopes montadas por caçadores furtivos.

Aturdido, Ian recompôs-se e veio à minha procura, noutra zona da floresta. Extraordinário aluno assistente, Ian partilhava comigo a intenção de associar equilibradamente a investigação ao objetivo de salvar os gorilas de montanha em risco, por mim estudados a partir do acampamento-base nas montanhas ruandesas de Virunga, na África Central.

Senti esta morte como provavelmente o mais triste dos acontecimentos ocorridos durante todos os anos em que partilhei as vidas quotidianas dos gorilas de montanha, atualmente reduzidos a uns escassos 220 indivíduos – número que baixou para metade, em apenas 20 anos.

A verdade é que não tinha qualquer vergonha em chamar-lhe “o meu adorado Digit”.

E agora a mágoa fazia crescer em nós a ira-raiva contra os caçadores furtivos que tinham cometido a carnificina.

Mas a caça furtiva é apenas um entre muitos fatores de pressão que levaram o gorila de montanha à beira da extinção.

Entre as ameaças contam-se o alargamento da presença humana, a desflorestação, a recolecção ilegal e a atividade turística.

O triste fim de Digit em 1977 foi uma tragédia, mas, ao longo da minha investigação, acontecimentos devastadores como este foram equilibrados pela recompensa de muitos progressos no nosso conhecimento sobre estes primatas extraordinários.”

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SINGER, P. Ética Prática, Martins Fontes, São Paulo, 1993.

DINIZ, Débora, e ou, O Que É Bioética, Coleção Primeiros Passos, Brasiliense, São Paulo, 2002.

MILLER, Jean-Marie, Princípio da Não Violência, Uma Trajetória Filosófica, Palas Athena, São Paulo, 2007.

FOUCAULT, Michel, Sex, Power and the Politics of Identity; entrevista com B. Gallagher e A. Wilson, Toronto, junho de 1982; The Advocate, n. 400, 7 de agosto de 1984,. Esta entrevista estava destinada à revista canadense Body Politic. Tradução de wanderson flor do

FOUCAULT, Michel, Em Defesa da Sociedade, São Paulo, Martins Fontes, 1999.

REFERÊNCIAS EM FILMOGRAFIAS

WYATT, Rupert, Planeta dos Macacos, filme, EUA, Fox Film, 2011, 106 minutos, DVD, colorido, sonorizado.

GUILLIAN, Terry, Twelve Mokey, ficção científica, EUA, Universal Pictures/Atlas Entertainment, 1995, 129 minutos, DVD, sonorizado.

JACKSON, Peter, King Kong, EUA, Universal Pictures / WingNut Films / Big Primate Pictures aventura, 2005, 187 minutos, DVD, colorido, sonorizado.

MARSHALL, Frank, Congo, EUA, Paramount Pictures, aventura, DVD, 109 minutos, 1995, colorido, sonorizado.

APTED, Michael, A Montanha dos Gorilas, EUA, drama, DVD, 130 minutos, 1998, colorido, sonorizado.

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

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PAULI, Evaldo, O Que Todos Devem Saber da Filosofia - Pequena Metodologia Científica, disponível em :

http://www.simpozio.ufsc.br/Port/1-enc/y-micro/SaberFil/MetodCientif/2211y217.html, 01 de dezembro de 2011

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LEWIS, David, Gorilas raros do Congo sobrevivem a guerra e caça, diz grupo, disponível em http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI687589-EI299,00.html, acesso em 02 de dezembro de 2011;

RAPCHAN, Eliane Sebeika, Chimpanzés possuem cultura? Questões para a antropologia sobre um tema bom de pensar, Revista de Antropologia, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012005000100006&script=sci_arttext, acesso em 02 de dezembro de 2011;

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[1] Última anotação feita por Dian Fossey em seu diário antes de ser assassinada;

[2] Misto dos estudos realizados em diversos segmentos e endereços eletrônicos;

[3] Primatologista, etóloga, antropóloga britânica. Estudou a vida social e familiar dos chimpanzés (Pan troglodytes) em Gombe, Tanzânia, ao longo de quarenta anos. Os seus estudos contribuíram para o avanço dos conhecimentos sobre a aprendizagem social, o raciocínio e a cultura dos chimpanzés selvagens;

[4] Paleontologo, antropólogo e arqueólogo britânicos de origem queniana.Seus pais eram missionários na tribo Kikuyu. Em 1922 iniciou seus estudos como um companheiro no Colégio John, Cambridge, onde estudou francos medievais e modernas, arqueologia antropologia.Após seu doutorado, ele mudou-se para a Tanzânia, e está tudo coleta de fósseis para o Museu Britânico;

[5] Fotógrafo da vida natural e realizador das imagens que projetaram Dian e os gorilas da montanha para a notoriedade internacional. Campbell foi contratado pela National Geographic para filmar o trabalho de Dian e, entre 1968 e 1972, rodou mais de 20.000 metros de película. A National Geographic revelou este extraordinário olhar fotográfico através do mundo dos gorilas da montanha e da relação única que Dian mantinha com eles;

[6] Fragmentos das anotações que realizada em seus diários de campo;

[7] Filósofo francês, pesquisador da teoria da não-violência, "a agressividade é como o fogo, pode fazer o bem ou o mal, pode construir ou destruir".

[8] Em entrevista ao Jornal o Estado de São Paulo

[9] Sex, Power and the Politics of Identity; entrevista à B. Gallagher e A. Wilson;

[10] Claude Adrien Helvétius:Filósofo e literato francês. Hesitou muito tempo antes de encontrar o gênero literário que lhe convinha, até apresentar sua obra filosófica Do espírito.Devido sobretudo ao seu anticlericalismo, o livro foi condenado por uma carta apostólica do papa Clemente XIII, em 1759. Com isso, Helvétius resolveu nada mais publicar.

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 05/12/2014
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