A Clockwork Orange (Laranja Mecânica) - Crítica

Em 1971, após grandes sucessos anteriores aclamados pela crítica, tais como Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964) e 2001 - A Space Odyssey, o cineasta Stanley Kubrick presenteou o público e fez história com sua considerada obra prima, o filme A Clockwork Orange.

Enredo: Alex (Malcolm McDowell) é um jovem delinquente juvenil que se diverte cometendo crimes com o uso da ultra-violência perturbando a paz da sociedade de uma Londres distópica controlada por um governo fascista, junto aos seus "drugies" (companheiros). Eis que um dia é traído e acaba sendo preso. Na prisão Alex aceita se submeter ao tratamento de choque "Ludovico", cujo objetivo é reinserir criminosos na sociedade.

A Clockwork Orange é baseado no famoso livro homônimo escrito por Anthony Burgess que retrata em sua obra uma distopia com cultura, linguagem e moda própria, dentro disso tudo várias críticas sociais e políticas. Lógico que nenhum diretor seria melhor na tarefa de adaptar essa excelente obra para o cinema, além do cineasta Stanley Kubrick que soube criar equilíbrio no foco das três partes em que se divide o filme e o livro, mas sempre reforçando os comentários sociais. Mas peca quando se trata de personagens. O protagonista em si está perfeito. Porém há personagens secundários que são "esquecíveis", há outros que no livro são muito bem aproveitados, porém no filme sempre são colocados a sombra do protagonista. Logo não é por qualquer motivo. O ator Malcolm McDowell dá um verdadeiro show de interpretação na pele do principal Alex. Ele cria uma naturalidade ao encarar suas cenas, mesmo as mais difíceis e convence o espectador do psicológico de seu personagem. Além de que sabe improvisar em cena, principalmente na famosa sequência da invasão que envolve um casal, uma sala, Alex,seus "druguies" e a música "Singin' in the Rain". Também compondo o elenco o ator Patrick Magee tem uma primeira cena que não lhe exige muito esforço mas no terceiro ato do filme ele ganha bem mais presença, inclusive há um trecho em particular em que ele rouba a cena com uma excelente performance contida. Destaque também para os atores Aubrey Morris e Anthony Sharp. O único problema de performance no elenco é o ator Warren Clarke que destoa completamente do tom do filme dando uma performance cômica puxando o ridículo. O resto do elenco é composto por personagens que não tem muita importância, tanto no livro como no filme mas que estão relativamente bem em seus devidos papéis, tais como: Philip Stone, Sheila Raynor, David Prowse, entre outros. O direção de Stanley Kubrick é simplesmente irretocável, um jogo de câmera suave, típico de grandes diretores, excelentes ângulos que criam enquadramentos artisticamente expressivos, também é muito usado o recurso da câmera lenta fazendo que muitas cenas, até mesmo violentas sejam charmosas. A cinematografia do filme também é excelente, há um constante uso da cor branca em diversas cenas, mesmo que com alguns tons diferentes, alguns de roxo, outros de vermelho (cor preferida do diretor), preto e até amarelo, porém o branco predomina. A trilha sonora é composta por várias músicas de Ludwig Van Beethoven, a 9º Sinfonia inclusive tem um papel importante na trama. A direção de arte reforça a estética artística do mundo que nos é apresentado, assim como os figurinos.

A Clockwork Orange é um verdadeiro clássico do cinema, atual em diversos aspectos até hoje. Bastante relevante para se refletir sobre a sociedade. Nota: 9,7. Obrigado.

Gabriel Craveiro
Enviado por Gabriel Craveiro em 28/11/2015
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