A menina que amava os pinguins

A MENINA QUE AMAVA OS PINGUINS
Miguel Carqueija




Resenha do desenho animado de longa-metragem “O mundo encantado da Gigi” (Japão, 2009 – título original: “Yona Yona Penguin”).
Produção: Denis Friedman. Direção: Rintoro (pseudônimo de Shigeyki Hayashi). Duração: 87 minutos. Vozes: Akiyoshi Kawashima, Dandt Sakano, El Morisako, Hikan Ôta, Hiroshi, Rica Matsumoto, Satoshi Kanada, Yoshio Kojima, Yoji Tanaka.


Fantasia realmente infantil, mas capaz de encantar os adultos de tão bem feita e significativa, “Yona Yona Penguin” gira em torno de uma menina encantadora que pela maturidade deve ter uns dez ou onze anos, apesar do traço mais infantil; e seu nome é Coco e não Gigi como na versão brasileira. Coco é órfã de pai e vive com a mãe numa pequena cidade. O pai, aviador, contara-lhe ter voado em companhia de pinguins. Desde então, fascinada pelos pinguins e crendo que eles podiam voar, Coco passou a andar com uma fantasia de pinguim e até a imitar os seus grasnidos.
Um belo dia, porém, um gato encantado, que ela montou das peças de uma embalagem tipo kinder-ovo, levou-a a passear num lugar mágico, a “Loja de Pinguins”, que vendia tudo o que era tipo de pinguim (menos o de carne e osso). De lá ela vai parar no Vale dos Goblins, criaturas bondosas cujo mundo está ameaçado por um terrível vilão, o “Bukka-boo”, Imperador do Reino da Escuridão — um tipo pra lá de feio, com nariz adunco e um olho esquerdo vermelho.
O principal motivo da história é o relacionamento entre Coco e certo Lord Zammie, na verdade um garoto na aparência, mas arogante e fátuo, e que se considera o braço direito do Bukka-boo, comandando seus diabinhos que volitam em pequenas nuvens e que são, por sinal, uns demônios muito “mixurucas”. Coco, cheia de pundonor apesar da pouca idade, defronta a arrogância de Zammie com palavras que o abalam e irritam: “Pessoas grosseiras são iguais em toda parte”.
Mas ela enxerga que Zammie, ainda que detestado pelos goblins, não é realmente uma pessoa má, mas manipulada. Quando a verdade se revela – que Zammie é um anjo aprendiz que caiu do Céu e perdeu uma de suas asas (que a menina achou), Coco decide ajudá-lo a retornar – mas terá de enfrentar a oposição de Bukka-boo, que extrai energia do garoto-anjo.
Concepções infantis levadas com inteligência, resultando num desenho de arte e carregado de bons sentimentos centralizados na carismática figura da menina-pinguim.
Uma bela e divertida fábula moderna.

Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2014.