GOT VI - 6ª TEMPORADA - 2016

COM SAM, SEM JON

 
Começar esta resenha foi uma síntese muito dúbia. Houve tantos desdobramentos entre esses dois últimos episódios, novos personagens, velhos novos que voltaram e relações familiares até então desconhecidas.
Vamos aos renascidos primeiro. Quando Bran Stark estva próximo de ser capturado por fantasmas dantescos, surge um cavaleiro sombrio não se sabe de onde, nem para onde munido de uma bola de fogo em uma de suas mãos, manejando-a com firmeza e destreza, apoiada fixamente a uma corrente vertical que se estendia de cima a baixo à altura de sua cintura indo até seus pés fazendo "doudas espirais" (Castro Alves) e repelindo a cada golpe tais danações. O cavaleiro os salva e some na escuridão. Ninguém descobre a sua identidade.
Game of Thrones se tornou gigantesca por muitos detalhes, maneirismos, características e qualificações, originalidade, mas por um fator muito interessante, por ser uma série vasta, dispensa espaços para todos os seus personagens se protagonizarem ou não. Por exemplo, neste episódio Jon Snow não apareceu em nenhuma cena, o episódio foi fantástico, quase ninguém percebeu, e ele não fez falta. Por outro lado, um coadjuvante toma boa parte do episódio, que é crucial, Sam, ele chega em sua casa com sua amada, Gilly, e seu filho. A família de Sam é muito rica, mas ele tem uma relação complicada com o seu pai. Será observada a típica demonstração do sentimento mais vil e latente que prevê e persevera na Natureza Humana. Aos poucos, num jantar íntimo, o pai de Sam vai observando e num determinado ponto, bem inconveniente, ele faz a sua primeira reprimenda ao seu filho, mas essa ainda não é a questão. O que começa ali é uma grande demonstração de uma carnificina de ódio e preconceito. Ele começa chamando-o de gordo, desqualifica-o quanto a sua honra como homem, chama-o de mole, desmerece o conhecimento didático, pois, conforme diz, a leitura seria proveito apenas para se rebaixar ante a conquista de homens melhores e não para obter a sabedoria que estes homens deixaram como herança para os seus contemporâneos. Ele, muito pequeno e sem nenhuma alto-estima fica calado, mas a corajosa Gilly, a selvagem, não tem medo daquele homem e o defende, ela fala que Sam matou um Theen e um Caminhante Branco, eles riem, mas ela cuspiu na cara deles que Sam é e será um cavaleiro melhor do que todos ali jamais serão. Mas quando toma tamanha ousadia, ela se expõe, o pai de Sam descobre que ela é uma selvagem - a raça que ele mais odeia na vida - o homem se levanta tomado pelo ódio vociferando sobre honra e glória, negando a seu filho o direito que tem ao trono, preparando o terreno para, com todas as sílabas existentes, chama-la de "Puta Selvagem". Ele completa sua verborragia se referindo a ela com o pronome demonstrativo "isso", não mais com um nome ou pronome pessoal, desta forma ele entende que ela não é gente, nem animal, ou alguma forma de vida, o "isso" substitui um nome real à significação de "lixo" ou qualquer coisa parecida. Envolve a questão da eugenia, referindo-se à criança quanto a mistura de raças. Por fim, num "gran finale", diz a Sam não ser digno da mãe que tem. Podemos, mal comparando, analisar esse ódio por uma raça, transportando a fantasia para a realidade - ódio e preconceito a judeus e negros. Sam decide ir embora com Gilly e não avisa a ninguém, mas antes de sair ele rouba a espada valiriana, tesouro mais precioso de seu pai. Este é o protagonismo de Sam. Não é heroico, mas a hora dele ainda esta sendo escrita.
O episódio progride tomando como epicentro a pseudo condenação da princesa Margaery Tyrell, Jaime chega para interceder, mas o Grande Pardal, em sua grande maleficência, já havia conspirado e tramado a desanatematização da princesa para apresentar o rei numa aliança entre fé e poder, onde ele estaria protegido contra os seus inimigos, pois, a partir daquela conjuração passara a ser a ideia para a voz do jovem rei.
Jaime e Cersei conspiram com relação a expulsão de Jaime às terras fluviais. Ela, como uma rainha, pede para que parta, derrote o inimigo, conquiste o castelinho e mostre quem são os Lannister. Eles, incestuosamente, na luxúria da paixão proibida do amor fatal se beijam, como se beijaram Cleópatra e seus irmãos, antes de mata-los.
Aqui, a história se volta novamente para Bran e seu salvador, eles estão a salvo, Bran pede para que ele se revele, num terceto de suspense ele lentamente pega seu vel do rosto e se descobre, com uma face cor de gelo, parecida aos moribundos, não parecia vivo, apenas falava, Bran logo o identificou era seu tio Benjen, que desapareceu ainda na primeira temporada. Ele foi atacado por um Caminhante Branco e deixado para morrer, mas as crianças o salvaram.
Para agraciar este belo episódio, ele sai do gelo e vai para o deserto de Daenerys, com seus asseclas e sua jornada distante para Westeros. Cansados, eles se confundem em palavras, ela, guerreira astuta, corpo de mulher, mas espírito de dragão. Sai sozinha, demora, um dos seus comandados tenta ir a sua procura, mas, numa sombra de lua eclipsada, as asas de um de seus dragões rasga o céu do deserto conduzido por ela.
Com seu discurso revolucionário, bem diferente dos discursos pragmáticos dos reis de salões luxuosos e palacianos, discursos entediantes para nobres parasitas aduladores da vida ociosa.
Ela grita em belas metáforas: Todo khal tinha três cavalos de sangue (puro sangue - raça) para guerrear, eu escolho vocês;
Montarão os cavalos de madeira (navios) através do mar negro de sal(oceano);
Matarão meus inimigos em suas roupas de ferro (armaduras) e suas casas de pedra (castelos).
Khal Drogo me prometeu a Montanha.(Westeros?)
...O que estará fazendo a neve?!...
Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 18/01/2017
Reeditado em 18/01/2017
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