Falsificação do Dom de Línguas: fogo falso

Acabei de ler o livro “Falsificação do Dom de Línguas: fogo falso”, de Alexandre Rattray Hay, publicado pela União Missionária Neo Testamentária, Campo Grande, MS, 2009.

A primeira conclusão subtraída é a de que o livro não é completamente compreendido apenas em uma primeira leitura. Trata-se de um texto minucioso. Desce ao nível dos detalhes, requerendo disponibilidade de tempo e de vontade para diversas leituras, a fim de que possa ser efetivamente compreendido. Isso se deve ao fato de que um dos seus principais objetivos é combater, pelo esclarecimento, às manifestações falsas, normalmente atribuídas ao Espírito Santo, dentre as quais o moderno ato de falar em língua desconhecida.

O Espírito Santo é o cumprimento de uma promessa feita pelo Senhor Jesus antes de sua morte. Fora dito pelo Mestre aos primeiros discípulos que eles não deveriam tentar cumprir a grande missão de ir pelo mundo afora, pregando o evangelho a toda a criatura e fazendo discípulos de todas as nações, enquanto o Espírito Santo não se manifestasse. Eles deveriam ficar em Jerusalém aguardando esses acontecimentos. Aí, sim, no poder do Espírito poderiam testemunhar tanto ali, como na Judéia, Samaria e até os confins da terra.

O Espírito Santo veio no dia de Pentecostes, quando judeus de todas as partes do mundo estavam em Jerusalém. Então, como um sinal para estes, Ele fez Sua manifestação concedendo aos discípulos o dom de idiomas, permitindo que eles falassem nas línguas nativas daqueles judeus que os ouviam. Esse sinal deveria servir para que aqueles homens atentassem à mensagem, reconhecessem o seu Estado e entregassem suas vidas a Jesus. Não foi um sinal para os discípulos, mas para os incrédulos. Não foram os discípulos que escolheram essa forma de manifestação. O próprio Esopírito decidiu se manifestar assim. É Ele que decide como vai agir na vida de cada crente. E sempre faz isso com a finalidade de cumprir a missão designada por Jesus. Jamais para atender aos anseios pessoais de cada crente. Ele não está a serviço do crente. Pelo contrário. Ele se manifesta na vida daquele crente que está a seu serviço, à sua disposição para ser utilizado como instrumento de realização da obra de Jesus.

Além disso, é de ver que o Espírito começa a agir em nossa vida, antes de nossa conversão. É Ele que nos convence de nosso pecado, da justiça e do juízo de Deus. É Ele que nos faz entregar a nossa vida a Jesus e reconhecê-lo como nosso Senhor e como o Único capaz de salvar as nossas almas da condenação eterna. Assim, após aceitá-lo como nosso Senhor e Salvador, somos batizados com o Espírito Santo. Somos selados com Ele, que passa a morar em nós, como uma garantia, um penhor de que o Senhor Jesus voltará para nos levar, para estar onde Ele estiver. E estando em nós, o Espírito nos usa como instrumentos de sua ação no mundo. Ele fala por nosso intermédio, ele influencia, ele ensina. Tudo isso, porém, é feito de conformidade com a Palavra de Deus. Desse modo, uma das formas que temos para identificar se a manifestação é do Espírito ou não é observar se ela está de acordo com a Palavra de Deus. Os enganos que se verificam decorrem dessa inobservância. Nós damos lugar para manifestações em nossa vida, sem observarmos se elas estão ou não de acordo com a Palavra de Deus. Não provamos a manifestação espiritual. Não procuramos conhecer as Escrituras para saber como os espíritos agem e como o Espírito Santo age. Simplesmente aceitamos tudo como sendo proveniente de Deus. E muitas vezes cometemos erros, porque a manifestação não provém dEle. Erramos porque não conhecemos as Escrituras e nem o poder de Deus, como faziam os saduceus.

O livro de Alexandre Ray é uma luz bem forte a respeito do Espírito e dos espíritos, esclarecendo, à luz da Palavra de Deus, como age Aquele e estes. Deve ser lido várias vezes, com racionalidade, entendimento, oração e com o coração aberto para a Palavra de Deus. Nem o que autor diz, nem o que os espíritos manifestam podem estar em contradição com o texto sagrado. Se estiver é porque tal dizer não é de Deus, mesmo que tenha aparência de verdade.

As leis de Deus são imutáveis, são regras eternas, escritas na Bíblia e reveladas na Criação. Ao buscar compreender os livros que os homens escrevem sob “inspiração”, devemos provar se a inspiração é de Deus ou simplesmente do homem. E uma das formas mais evidentes de prova é a sua identificação na Palavra e na Criação. Jamais Deus se contraditará. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente.

Que Deus, pelo Espírito Santo, nos ilumine na busca da verdade. Que Ele cresça e que nós possamos diminuir a cada dia. Que a verdade conhecida possa nos libertar do caminho sutil do engano e que a verdadeira Luz possa brilhar em nós como simples instrumentos de Deus.