"Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida" - Xiran

Impossível é a pessoa que ler Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida, Xiran, e não se emocionar. A cada capítulo, uma emoção tão grande e diferente, que muitas lágrimas rolaram pelo meu rosto. É como se eu tomasse as dores daquelas mães. Uma aflição, um sentimento de impotência. De ler as histórias daquelas mães e não poder fazer nada. Uma angústia! Eu tenho uma filha, e fiquei imaginando se fosse eu que tivesse que fazer algumas daquelas coisas que elas fizeram com suas filhas. É desesperador.

O livro traz os dolorosos relatos de mães chinesas, que devido ao problema que a China vem passando com o aumento populacional, controles rígido tiveram que ser adotados. O planejamento familiar é uma política fundamental. Poucos eram ricos. Famílias do interior tinham que escolher entre ficar com a menina, e não receber terreno. Apenas as crianças do sexo masculino tinha direito a esses terrenos.

O homem era aquele que seria responsável para levar adiante a linhagem familiar. Era obrigação ter um filho homem, nas famílias pobres. Quem não o tivesse não teria raiz nenhuma. As mulheres ficavam tentando até vir um menino. Sem contar a política do filho único. Nessas tentativas vinham meninas, mas seus destinos eram sofridos.

Uma sociedade aonde a mulher depois de casada, era como se fosse "propriedade", e só servia para obedecer ordens, e ter um filho homem. Isso tudo mudava quando ela tinha estudo e um bom trabalho. Assim, podia ter menina, pois conseguiria custear os seus gastos. A menina para família pobre era uma espécie de despesa.

As jovens não casadas, grávidas, consideradas uma mulher vulgar. Uma vergonha para a sociedade. Até mesmo, os seus pais viravam as costas para sua filha. Deixando-a pelo mundo. Alegando que havia tirado a honra a família. Nunca mais a via. Independente do sexo da criança. Crianças que evidentemente iam para orfanato. Meninos eram adotados rapidamente por um valor muito alto, meninas dificilmente saía no país, e quando saía, era por um preço bem baixo. Deixando de lado aquelas que abortavam.

Muitas menininhas pagaram por isso. Muitas não tiveram a chance de conhecer a vida. Outras, deixadas na rua, contando com a sorte de que alguma alma caridosa a pegasse, o que era impossível, se tratando de meninas. Outras eram pegas por famílias que já tinham um menino, como se fosse um cachorro perdido em um lixo, para e se tornar noiva-criança. Muitas iam para orfanatos, na esperança de serem adotadas. O que transformou em um grande comércio. No final de 2007, o número de crianças adotadas no mundo chegou a 120 mil, todas espalhadas por 27 países. Mães acreditavam que fora da China, suas filhas estariam melhores, teriam uma vida melhor que a dela.

Parece ser tudo tão desumano para nós ocidentais. Mas, então lembramos dessas mães. E como ficam essas mães? Será que ela, a geradora, que carregou consigo por nove meses a criança, seja tão desumana? E o coração de mãe sem aquela criaturinha? Como elas vivem com esse psicológico abalado? Muitas se suicidaram, mas e as que preferiram enfrentar a vida? Sempre na esperança de que a qualquer momento, a menina a sua frente, talvez possa ser a sua filha. Como ela estaria agora com 'tantos' anos? E o desejo de abraçá-la e saber como ela está? Quais são os seus gostos?

Dificilmente elas saberão aonde elas estão, muitas informações se perderam. Muitos orfanatos fechavam e abriam a toda hora. Não havia um registro dessas crianças. Documentos que sumiram.

Infelizmente, a crueldade e o preconceito, juntas, de mãos dadas, trouxeram estragos para a vida de muitas mães, que levarão consigo até o último dia de suas vidas. Uma dor, uma frustração, uma esperança.

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Luciana Furuzawa
Enviado por Luciana Furuzawa em 15/01/2012
Reeditado em 27/06/2012
Código do texto: T3442416
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