Filologia românica

Por João Paulo Orrico

Galvão, José Raimundo. G182f Filologia Românica / José Raimundo Galvão – São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009. Origem e formação das línguas românicas - Romanização: fatores da romanização - O contato linguístico na România antiga: as línguas préromanas, germânicas e o árabe - Latim vulgar e protoromance.

José Raimundo Galvão Possui Graduação em Teologia; Filosofia; Pedagogia; graduação em Curso Superior de Estudos Franceses; Especialização em Educação de Adultos; Especialização em Língua e Literatura Francesas; Mestrado em Educação; Doutorado em Letras e Linguística - Universidade Federal da Bahia (2002); e Pós-Doutorado em Letras - Universidade Federal de Pernambuco (2006). Atualmente é professor adjunto quatro efetivo da Universidade Federal de Sergipe. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Histórica, atuando principalmente nos seguintes temas: gramática, léxico, língua latina, filologia românica, história da língua portuguesa e história da literatura clássica.

Resenha

De acordo com as aulas 5, 6 e 7 do módulo de Filologia Românica, o estudo da formação das diferentes línguas, derivadas do latim ou não, pode fazer refletir sobre a função das mesmas e chegar à conclusão que, apesar das diferenças na estrutura linguística, todas têm uma mesma função, a comunicação entre as pessoas. A “fala”, enquanto uma forma de comunicação é resultado de uma condição essencial, não só dos serem humanos, mas dos animais de uma maneira geral, a necessidade de interação no grupo, e no caso dos humanos a necessidade de interação social, e essa interação requer qualquer forma de comunicação.

Ao pensar de uma maneira mais simplista, a língua, a fala, nada mais é que a emissão de sons que tornam a comunicação mais precisa; essa emissão

de sons é característica comum entre os animais de diferentes espécies, afinal sabe-se hoje que os chamados animais irracionais também se comunicam através da emissão de diferentes sons, assim a diferença reside na complexidade da emissão de sons dos seres humanos proporcionada pela sua condição racional. Segundo esse raciocínio pode-se dizer que a língua é um conjunto de sons organizados para facilitar a comunicação entre as pessoas.

É importante deixar claro que o processo de formação das línguas aconteceu ao longo de milhares e milhares de anos, e, aliás, ainda não terminou, a língua é dinâmica e seguirá em constante transformação, e foi tratada de maneira bastante simplificada nessa introdução a fim de refletir sobre a “fala” humana. Sendo a língua dinâmica, pode-se até concluir que o Português falado hoje pode até servir de base para outro idioma que será falado num futuro distante, assim como o latim foi para as línguas latinas atuais.

O fato é que, provavelmente originado de outras línguas mais antigas ainda, surge o Latim, a matriz das diferentes línguas latinas que conhecemos hoje. O que torna os idiomas latinos atuais tão diferentes uns dos outros? A resposta está nos contatos que tiveram e nos territórios por onde passaram. O Latim, como todas as outras línguas se disseminou pela necessidade de expansão territorial e “dominação” dos povos das novas terras ocupadas, bem verdade que a disseminação da língua não era o principal objetivo das buscas por novos territórios, mas a necessidade de comunicação entre os povos tornava essa disseminação inevitável, um acontecimento natural da vida. Esse processo de assimilação progressiva da língua e também da cultura latinas nos diversos lugares dominados pelo poderio de Roma referem-se à latinização e romanização, mesmo com a tolerância em alguns aspectos, os romanos, subjugaram e até aniquilaram valores desses povos dominados. Foi o contato do Latim com as línguas faladas nos novos territórios ocupados que deu origem aos diferentes idiomas baseados no latim que conhecemos hoje. A influência desses contatos pode ser evidenciada até mesmo quando analisamos, por exemplo, o Português que se fala no Brasil atualmente e percebem-se palavras originadas, majoritariamente do latim, mas também do grego, línguas indígenas, dialetos africanos, línguas anglo-saxônicas e

certamente de muitas outras línguas com as quais o Latim original teve contato nesses milhares de anos.

Enfim, os próprios textos que serviram de base para esta reflexão explicam muito bem as transformações que qualquer língua passa ao dizer que “as próprias circunstâncias da vida vão favorecendo o uso da linguagem e o contato com outros “falares”, o que leva, muitas vezes, a transformações e adaptações de toda ordem refletidas no domínio fonético, morfológico sintático e semântico. Foi assim com o Latim e o fenômeno se repete na atualidade quando as línguas se relacionam entre si por forças das necessidades comunicativas.” Assim podemos dizer que essas transformações são inevitáveis e fazem parte de um processo muito mais forte que a insistência de muito gramáticos em conservar uma linguagem clássica e formal e repudiar as transformações modernas e as diferentes formas de falar. Esse estudo demonstra que não é possível dominar a língua no sentido de impedir que ela se transforme, pois parece que essa é mesmo a sua essência, transformar-se.

REFERÊNCIAS

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jrico
Enviado por jrico em 05/04/2014
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