Resenha impressionista para "Esplendores e Misérias das Cortesãs", de Balzac

Gostei muito deste "Esplendores e Misérias das Cortesãs", da Comédia Humana de Balzac.

A obra mescla história de amor, paixão, crime, estelionato, prática jurídica, tráfico de influência social, e mais toda a hipocrisia da sociedade francesa daquela época - o que a torna marcantemente atual!

Fiquei comovida com os sacrifícios da pobre Torpedo, identificada com a dedicação do Barão, enojada com a pilantragem do Luciano, solidarizada com a correção do Juiz, abobada com a agilidade da Condessa. Tudo se une nesta saga em quatro atos, cada qual descortinando um universo inteiro de personagens detalhadamente descritos por seus sentimentos e atitudes em situações difíceis.

Mas, mais do que tudo, gostaria de ressaltar que fiquei absolutamente encantada com a genialidade criminosa de Engana-a-Morte. Me fez lembrar o professor Moriarty, personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle décadas depois, como o arquiinimigo do meu personagem favorito, Sherlock Holmes. Bah! O Padre Herrera é incrível! Admirável! E até verossímil do jeito que Balzac conta! hehehe Ele consegue se disfarçar quando precisa, consegue manter o sangue-frio para representar seu papel até nas circunstâncias mais exigentes, consegue mirabolar uma nova desculpa completamente bem fundamentada para defender qualquer posição falsa em que se encontre, consegue influenciar a bandidagem com um poder que o eleva à "aristocracia" desse meio, e consegue manipular as pessoas em suas fraquezas objetivas e em suas condições psicológicas sempre que lhe convêm. Odeio ele, mas é um baita personagem!

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MALANOVICZ, Aline Vieira. "Esplendores e Misérias das Cortesãs, de Balzac: resenha". Porto Alegre, 14 jul. 2014. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/4881793