Letras negras sobre fundo branco

Budapeste - Chico Buarque

Há livros aos quais continuamos voltando ao longo do tempo sem que jamais deixemos de absorver novas nuances, detalhes preciosos e alguma beleza que deixamos de perceber em leituras anteriores. Budapeste é desse tipo de livro.

Chico une trechos de pura poesia e escrita impecável, fluída e extremamente rica a personagens, cenários e toda uma história com profundidade e riqueza de detalhes que surpreendem, principalmente ao se considerar o tamanho do livro e o tom despretensioso com que a narrativa se revela.

De minha parte, sou do tipo que reserva especial valor a grandes finais para as coisas em geral. Acho que um bom fim é capaz de dar sentido a toda uma existência por exemplo, ou livrar da mediocridade uma obra de arte qualquer. Bons finais são obras de arte por si só.

Budapeste é um ótimo livro que ainda se encerra de maneira brilhante, de modo que não há espaço para aquelas preferências de leitores que esperavam um final desse ou daquele modo. A despeito de inusitado (na falta de uma palavra melhor), seu fim sepulta qualquer outro desfecho que se poderia imaginar para as personagens ou para a história de modo geral, e isso se deve à genialidade de sua construção.

Confesso que não sei como anda o mercado literário brasileiro, mas se Budapeste não for algo absolutamente acima do que se tem produzido no país, então afirmo convicto que estamos muito bem, obrigado.

O artífice genial exposto em algumas das mais belas músicas brasileiras se revela agora, em letras negras sobre fundo branco.

Leiam Budapeste

Giuliano Cesare
Enviado por Giuliano Cesare em 25/07/2014
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