Steve Heslin - Capítulo 32
 
-Olá? – questionou a menina para mim.
-Oi, quem é você? – perguntei.
-Bom, eu ouvi o seu nome no rádio, minha mãe disse para te procurar, ela acabou de falecer, acho que foi o câncer que não a deixou mais aqui.
   A mãe daquela garota havia morrido de câncer? Como meu tio Thompson? Será que a mãe dela era minha mãe e tinha a mesma doença que meu tio? Eram tantas perguntas que eu não me contive.
-Qual o seu nome? – perguntei novamente.
-Beatriz Heslin, e o seu?
-Steve, Steve Heslin.
   Eu a convidei para entrar mas não conseguia mais falar nada, era como se o mundo tivesse caído sobre mim e inúmeras perguntas preenchiam a minha cabeça.
-Você é meu irmão Steve. Sei que não devia vir te procurar, mas os nossos avós me falaram que você estava aqui, que tinha vindo cuidar de Thompson.
-Por que ela escondeu isso de mim? Por que nunca me falaram nada sobre uma irmã?
-Eu não sei, eu também não sabia que você existia, sei que é difícil entender, sei que você pode não querer que eu fique aqui, mas pelo menos eu queria te conhecer antes de parar em algum orfanato.
-Não, tudo bem, eu só preciso processar melhor tudo isso, é muita coisa ao mesmo tempo. A propósito, quantos anos você tem Beatriz?
-Quinze, e você Steve?
-Vinte e três, quase vinte e quatro.
   Algo me fazia querer ajudar, querer lhe deixar ficar ali comigo, mas não sabia se realmente podia confiar em tudo que ela havia dito, mesmo assim eu me sentia no dever de ajudar de poder fazer o possível para que aquela menina ficasse bem.
   Não demorei muito à arrumar um colchão para que ela dormisse no “terceiro quarto” da casa, estava mais abarrotado de outras coisas do que com algum espaço livre, mas ela não se importou e agradeceu.
   No horário habitual, liguei para Hallie, sem saber por onde começar, ou o que dizer primeiro.
-Hallie! – falei.
-O que foi Steve? – ela perguntou.
-Beatriz! Beatriz Heslin!
-Quem é? Sua irmã? – ela perguntou enquanto ria.
-Como você sabia disso?
-A alguns meses os seus avós ligaram para Thompson, antes que fosse tivesse chegado, mas era um momento que ele estava muito doente, então eu que passei o recado, que o menino que iria cuidar dele tinha uma irmã. Beatriz.
-Por que você nunca me contou nada? Deixou eu me sentir um qualquer sozinho no mundo, eu não acredito nisso Hallie.
   Desliguei naquela hora, era como uma traição, algo que eu merecia saber não foi dito, não foi contado, foi escondido, guardado. Tudo isso fazia brotar um remorso, um ódio e uma solidão. Resolvi caminhar um pouco para tentar me tranquilizar.
   Enquanto passava pelas casas, pelas árvores, pelos portões e por alguns moradores em seus gramados eu percebi que precisava ajudar Beatriz, se ela era mesmo minha única parente viva, era minha obrigação fazer com que ela se sentisse em casa.
-Olá George – falei chegando próximo da igreja.
-Oi Steve, tudo bem? – ele perguntou.
-Sim, e com você?
-Estou bem.
-Que bom, George, vou precisar da sua ajuda, descobri que tenho uma irmã, por enquanto ela ira morar lá em casa, mas eu pensei que se pudesse fazer uma apresentação dela para todos, bom você sabe né, assim ninguém iria ficar olhando para ela como uma estranha.
-Bem, em primeiro lugar parabéns pela descoberta e em segundo, ótima ideia, isso ajudaria muito ela, eu me sentiria meio perdido em uma cidade onde eu não conhecesse ninguém, e poder me apresentar a maioria das pessoas seria muito bom.
-Obrigado. – falei, encerrando a conversa.
-De nada, nos vemos sábado no ensaio da banda.
-Com certeza.
 
 
 

 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 27/09/2014
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