“A morte de Ivan Ilitch” - Liev Tolstói

Primeira parte:

Num intervalo do júri, juízes conversam entre si os mais variados assuntos. Alguém que está lendo o Jornal anuncia a morte de um dos colegas afastado por doença.

Imediatamente começam no íntimo de cada um, inconfessáveis ideias sobre vagas, remoções, conveniências...

Dois juízes vão ao velório, meio a contra gosto pensando em se livrar das formalidades o mais rápido possível para que, então possam ir ao lazer que mais apreciam: jogar uíste (jogo de cartas de duas duplas).

A viúva, porém detém um deles para se informar minuciosamente dos direitos que tem com a morte do marido, embora seja patente o quanto ela já sabe sobre o assunto.

Segunda parte:

A história do juiz falecido, Ivan Ilitch.

Rapaz estudioso forma-se em direito, investe em sua aparência e busca se juntar a elite, sonhando alcançar os mais altos escalões de sua profissão, o que pouco a pouco consegue e do qual muito se orgulha.

Em razão do cargo que ocupa, esmera-se em a manter as aparências, dignidade, e os bons costumes.

O seu casamento começa a cair na rotina, a profissão já não lhe rende o suficiente para manter o status e as brigas com a mulher começam.

Aborrecido, o juiz parte com a família para o interior em vista ao cunhado, e por lá a mulher, autoritária e fútil resolve permanecer por mais um tempo.

O juiz volta a sua atividade profissional tendo que viajar pra lá e pra cá.

Numa dessas viagens encontra antigo colega da faculdade que, agora é pessoa muito influente. Por intermédio dele consegue a promoção há muito pretendida.

Ao melhorar a sua situação financeira e profissional, o ânimo do juiz é restabelecido. Aluga uma boa casa e, se dedica a decorá-la sozinho, com todo esmero por satisfação pessoal, para impressionar a esposa e naturalmente os amigos.

Desejando perfeição de detalhes, algumas vezes, precisa cuidar ele mesmo de minúcias. E num desses trabalhos, cai da escada e bate a ilharga esquerda no peitoril da janela.

Terceira parte

Aí se iniciam as suas dores. A princípio sente alivio com remédios caseiros, aos poucos a dor começa a interferir em seu cotidiano. Procura um médico, depois outro e outro. Nenhum deles fecha o diagnóstico, apesar de inúmeros exames. Só parecem se ocupar de seu ceco e dos rins que, suspeitam não funciona bem... Mas nenhum deles olhou ou se preocupou em amenizar o seu sofrimento psicológico e físico do doente em agonia.

Os remédios são substituídos, os médicos se alternam, embora as dores sejam cada vez maiores e mais frequentes.

A esposa cuida de sua vida pessoal e dos filhos e, para se proteger dos constantes ataques de mau humor do marido, mantém-se a certa distancia, pois se ela demonstra piedade, ele se irrita, se está cheirosa, se irrita...

Na verdade o que o doente não aguenta é vê-la bem, enquanto ele...

Um dos criados é devotado, paciente e muito humano. Isso enternece o juiz que, sempre se sentiu acima da raça humana.

É com este rapaz forte e tranquilo que o doente se sente melhor. Aos poucos percebe que, o criado lhe relaxa. Em estado de serenidade as dores diminuem.

Com a esposa o juiz fica tenso, irado, sem saber por que ele na sua presença remói de si pra si mesmo as suas fraquezas e isso desencadeia dores cada vez maiores.

Final

O doente se questiona: porque eu que, estou auge profissional, que sei tudo de lei e posso colocar qualquer um na cadeia, porque eu tenho que penar assim sem ter quem possa me ajudar? Porque eu aos 45 anos sou cortejado pela morte sobre a qual ninguém sabe nada?

Doses de ópio (morfina) cada vez maiores e mais constantes são prescritas ao juiz que, percebe a morte chegando. Em suas alucinações ele a vê como um saco preto de boca estreita por onde ele deve deslizar para alcançar o nada. O doente luta, se debate em desespero, tentando se livrar dela. Até que, finalmente se entrega e, percebe que morrer não é tão ruim assim.

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 29/09/2014
Código do texto: T4981131
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