Steve Heslin – Capítulo 34
 
Por: Beatriz Heslin.
 
   É frio em Lexington, Nebraska, eu sempre me sentia congelando no inverno, não que nas outras estações fosse mais quente, mas no inverno era terrivelmente gelado.
   Mamãe sempre trazia alguma coisa nova toda semana, comidas, roupas, sapatos. Vivíamos em uma pequena casa no interior da cidade e muitas vezes passávamos por apuros.
   Um dia tudo mudou, ela me disse que eu teria que passar alguns dias com meus avós, que ficaria tudo bem lá, que eu poderia estudar em uma boa escola e teria mais chances de entrar em uma universidade.
   Não entendi bem no começo, mas depois de alguns minutos começava a ver toda a verdade, minha mãe não tinha mais como me manter ali com ela, queria ajudar, mas não podia, com quinze anos quem iria contratar uma garota que não tinha experiência nenhuma em trabalhar.
   Duas semanas depois eu estava na casa dos meus avós, vovó Anne e vovô Ronny eram bem legais comigo, mas nada fazia me parar de pensar em minha mãe, Nicolle, como se eu tivesse sido sequestrada e nunca mais poderia vê-la, não era algo tão exagerado assim, mas o que eu sentia era do mesmo tamanho.
   Anne me contou sobre Steve, o irmão que minha mãe nunca contou que eu tinha. Fiquei um pouco chocada com a notícia, mas depois apenas fiquei curiosa, queria conhecê-lo, nem que fosse apenas para vê-lo.
   Fiquei com meus avós por mais três anos, quando completei quinze decidi enfim ir atrás dele, Steve, arrumei minhas coisas, fiz as malas e peguei o primeiro ônibus para Bagley.
   Bagley era pequena e muito quieta, parecia uma cidade fantasma, cheguei em uma quinta-feira pela manhã, já estava muito nervosa e com medo da reação de Steve depois que eu explicasse tudo, mas ainda conseguia ter coragem para ir em frente e então encontrei aquela casa.
   Anne também me contou sobre Thompson, o segundo filho que meus avós tiveram, ele descobriu que tinha câncer na adolescência, depois ganhou na loteria com alguns amigos. Quando comprou a casa se isolou de todos até que precisou de ajuda e chamou Steve.
 
Por: Steve
 
   Hallie não entende o que eu estou sentindo, não sabe o que é perder a confiança em alguém, Will pensa que pode me dar conselhos. Henry está próximo de Beatriz. Minha vida está uma bagunça total.
-Aonde você vai? – perguntei a Beatriz perto da noite.
-Henry me convidou para dar uma volta, algum problema Steve?
-Não, tudo bem. Ah, espere. Ele vai vir aqui te buscar?
-Sim, ele já está na varanda.
-Mande ele entrar.
-Por que? – ela perguntou nervosa.
-Só quero falar com ele por um minuto. Fique tranquila.
-Okay.
   Ela saiu e conversou com ele na varanda, não demorou muito para que ele entrasse dentro da casa, apenas sorri e o chamei para perto de mim.
-Pegue. – lhe apontei uma nota de cem dólares.
-Eu não preciso do seu dinheiro.
-Não é para você. Conhece o restaurante do Ronald?
-Leve Beatriz lá, jantem, bebam, aproveite e seja um cara legal. Pode ser?
-Claro, obrigado.
-Não me agradeça ainda. Espero por ela até a meia-noite.
-Tá bom, até mais tarde.
   Eu não queria passar aquela impressão de “pai”, afinal era apenas o irmão mais velho dela, mas queria ela segura, ela feliz. Henry é um bom garoto e  esse encontro seria bom para os dois.
   Perto das onze horas resolvi deixar o meu orgulho de lado por um tempo, peguei o celular sobre a mesa e liguei:
-Olá Hallie.
-Steve?
 

 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 12/10/2014
Reeditado em 12/10/2014
Código do texto: T4996500
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