Os Magos - Lev Grossman

Resenha Crítica: Os Magos - Lev Grossman

Título: Os Magos

Autor: Lev Grossman

Editora: Amarilys

Páginas: 455

Sinopse: Conheça Quentin Coldwater: um gênio precoce às vésperas de entrar na faculdade. Como a maioria das pessoas, Quentin acreditava que a magia não era algo real. Acreditava. Tudo muda quando ele é surpreendentemente admitido em uma universidade – muito antiga, muito secreta, muito exclusiva – de estudos mágicos, ao norte de Nova York. Após se esgueirar por um terreno baldio do Brooklyn na tarde de inverno em que deveria ter feito sua entrevista para entrar em Princeton, Quentin se vê, em pleno verão, no idílico campus da misteriosa Brakebills. Ali – não antes de um difícil e cansativo exame de admissão –, ele dá início a uma extensa e rigorosa iniciação ao universo acadêmico da feitiçaria moderna; ao mesmo tempo, descobre também os princípios boêmios da vida universitária: amizades, amores, sexo e álcool. Um vislumbre da vida adulta? Os anos de estudo passam rápido, mas algo não se encaixa. Mesmo aprendendo a praticar feitiços, transformar-se em animais e ganhar poderes que jamais imaginou existir, a magia não preenche o vazio que, no fundo, Quentin sempre sentiu. Após a formatura, ele e seus amigos passam a dividir um apartamento no coração de Manhattan. Dinheiro não é problema, e eles embarcam num estilo de vida hedonista e sem propósito, pontuado por crises existenciais. Uma incrível descoberta, no entanto, lança-os num projeto ambicioso, uma jornada mágica que pode ser a resposta aos anseios de Quentin. Mas essa expedição acaba tornando-se muito mais sombria e perigosa do que qualquer um poderia imaginar. O sonho de infância revela-se um pesadelo que esconde uma terrível verdade. Engraçado, irônico e deliciosamente inventivo, Os Magos, além de um verdadeiro romance de formação, é um épico de magia e exploração de outros mundos que expande os limites da ficção fantástica feita até aqui.

Resenha:

Bem, devo admitir que eu não estava muito animado quando comecei a ler esse livro.

Ingenuamente achei que seria apenas mais um épico de fantasia baseado nas obras consagradas de todos os outros grandes escritores fantásticos, e que, portanto, não teria nada de muito original. É engraçado pensar assim. Porque a gente no fundo sempre acha, ao pegar um livro de fantasia, que ele não vai diferir muito dos outros, ou que, se o fizer, não será muito bom. Afinal, pensamos, tudo o que é genial, já foi feito! Escolas de bruxaria, portais mágicos, mundos malucos e extraordinários... Não há mais o que inventar, certo?

Errado.

Apesar de Lev Grossman juntar todos esses elementos que poderiam ser considerados "clichês" da literatura fantástica, ele o faz de forma tão inesperada que consegue fazer de uma mistureba só, uma coisa totalmente nova! Você já ouviu falar de reciclagem? É mais ou menos isso. Lev Grossman recicla as melhores características de Harry Potter, Nárnia, Senhor dos Anéis, Alice no País das Maravilhas... põe tudo num transformador e tira de lá "Os Magos", o livro que fez George R.R. Martin, autor de uma das maiores séries épicas da atualidade (A Guerra dos Tronos), comentar exatamente as seguintes palavras: "Os Magos está para Harry Potter como uma dose de uísque puro malte está para uma xícara de chá." Dá pra duvidar da genialidade do livro depois dessa crítica metafórica igualmente genial?

Logo na primeira página, conhecemos o personagem principal, Quentin Coldwater, que é um rapaz superdotado e... Bem, só isso. Quentin é um daqueles personagens principais que não têm nada especial (além do fato de ser um estranho de QI alto, e de, eventualmente, ser um mago). Ele não é o mais forte, não é o mais corajoso, nem o mais talentoso em magia. Nem mesmo é o mais inteligente do “elenco”, porque ao longo do livro, esclarece-se que a universidade Brakebills só aceita os maiores gênios do mundo, então ele acabava se tornando apenas mais um entre vários outros alunos superdotados da trama. Porém, o mais interessante de se observar nele é uma característica muito difícil de encontrar nos personagens principais por aí: Quentin é total e irrevogavelmente... Miserável.

Sério. Não importa quantas coisas fantásticas aconteçam em sua vida: descobrir uma universidade mágica, participar de um duelo de magia, transformar-se num animal ou ser ameaçado de morte, Quentin parece nunca estar satisfeito, nunca estar completamente feliz, ou, que seja, no mínimo, realizado. Mas essa sua característica é proposital e é o que leva o livro, em determinadas partes, numa direção completamente diferente do esperado, a uma reflexão filosófica digna de Milan Kundera (A Insustentável Leveza do Ser) sobre o que é a tristeza, o que é ser digno, o que é a plena realização profissional e existencial. É possível aprender muito sobre o significado da vida com Os Magos, e é por isso que esse não é considerado um livro para qualquer pessoa ler. É preciso certo grau de maturidade para entender certas minuciosidades da narrativa.

Outra coisa que me encantou no livro, quando o li, foi a forma como ele termina. Porque não é aquele final bombástico que todos esperam de um grande livro épico. Mas é um final simples, singelo e hermético, que fecha todas as pontas soltas que porventura teriam sido deixadas escapar ao longo da história. O fato de ter uma continuação, intitulada Os Reis Magos, não desmerece o fato de que o Os Magos pode muito bem ser lido sozinho e ainda assim ser perfeito.É isso o que o torna surpreendente e encantador: é um livro muito bem escrito. A narrativa, apesar de trazer questões profundas, tem uma escrita leve e rápida.

Nenhuma parte de Os Magos é entediante. Sabe aquele tipo de história que você não consegue parar de ler e, não importa onde você esteja, te faz cometer a gafe de soltar exclamações, risos e lágrimas em público enquanto vira as páginas, sem nem mesmo se importar com isso? Pois é, Os Magos é uma dessas histórias pelas quais vale a pena se emocionar.

Ingrid Flores
Enviado por Ingrid Flores em 01/12/2014
Reeditado em 01/12/2014
Código do texto: T5055423
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