LIBERAL COM ORGULHO

LIBERAL COM ORGULHO

Autor Rodrigo Constantino

Editora: Lacre

Páginas: 322

Ano de Publicação: 2013

Tema: Filosofia/Politca

Discussões políticas são sempre deixadas de lado no Brasil, em geral ela apenas é lembrada em época de eleições, ou infelizmente quando algum caso de corrupção vem à tona, não existe a cultura do debate de idéias que interferem diretamente em nosso cotidiano, porém mais, acredito eu, por falta de interesse do que por falta de conhecimento, e o livro “Liberal com Orgulho” traz vários temas políticos para a nossa realidade que ajudam a direcionar o pensamento e aguça o senso critico ao questionar o politicamente correto, as idéias liberais ainda são muito pouco conhecidas no Brasil e apresenta-se como uma alternativa ao progressismo de esquerda que hoje impera na cultura e nos debates.

apesar da multiplicidade de assuntos desde Israel até Che Guevara, Constantino procura sempre ressaltar a liberdade individual frente à ingerência estatal e ao coletisivmo, o suposto “fim social” e interesse geral.

Liberdade é um conceito que todos pensamos conhecer a fundo, porém sem que percebamos cada vez mais o Estado interfere em nossas escolhas, com a nossa mais absoluta submissão, diz ele:

“O senso comum migrou para uma visão ingênua de que clarividentes,iluminados, e bem intencionados burocratas irão sempre lutar pelos interesses coletivos, seja lá o que se entende por algo tão abstrato e subjetivo. E a prática dessa tolice é a concentração de poderes nas mãos de poucos políticos, asfixiando a liberdade alheia e tratando cirdadãos como meros escravos”

Essa visão de políticos bem intencionados que agem em favor do povo ignora a natureza humana que sempre busca os próprios interesses ou de seu grupo, e que por isso mesmo o governo deve ser limitado com pouquíssimas atribuições, que o individuo não possa fazer por si mesmo, como detentor do monopólio da força cabe ao estado apenas e tão somente a segurança publica interna e externa. Um exemplo dessa ingerência estatal é dado por Rodrigo com relação à leis que proíbam o fumo em locais públicos, segundo sua visão essa tentativa louvável de preocupação com a saúde do indivíduo , esconde uma tentativa de controle que se não percebida e combatida levará ao autoritarismo:

“Fumar faz mal à saúde, assim como comer gordura demais, não praticar exercícios, beber muito álcool, etc. Tudo isso pode causar seqüelas, mas não seria o individuo quem deveria decidir? Não é ele o mais interessado no seu bem estar? (...) quem sou eu, quem é você e quem é o governo para proibir tais hábitos individuais que não tolhe a liberdade alheia?”

Confesso que jamais pensei em liberdade individual nestes termos e que mesmo simples e óbvio acabamos nos sujeitando passivamente para “as boas intenções do estado”

O livre arbítrio bem como a responsabilidade de cada pelos seus atos é um conceito que vai se atrofiando cada vez mais na mente das pessoas, enquanto o estado vai crescendo seus tentáculos em esferas que não são de sua competência. Em toda a obra, Rodrigo chama sempre a atenção que a maior minoria de todas, o individuo com seus pensamentos, vontades, desejos, erros e acertos, vai cedendo cada vez mais espaço para o coletivismo que enfatiza apenas a cor, sexo,e raça, sendo que todos deveriam ser levados em conta pelo que fazem ou deixam de fazer e não pela sua posição social e cultural perante a sociedade, cotas raciais, lei anti-homofobia, lei da palmada, são formas de separar as pessoas ao invés de uni-las e devemos sempre estar atentos a isso. O estado para o Liberal não passa de um mal necessário, sendo assim deve fazer menos para fazer melhor, porém temos uma cultura de esperar que o Estado resolva nossos problemas e cuide de nos como se fossemos bebês que precisássemos de proteção, quando o correto seria termos mais autonomia para administrarmos nossa vida da forma como achamos melhor.

O autor procura desmistificar a visão do empresário frio, insesível que só pensa no lucro e em escravizar seus funcionários, segundo ele, essa visão foi o grande impedimento para que o Liberalismo tivesse espaço no Brasil, pois prevaleceu a visão de que o estado deveria ser a locomotiva do progresso, porém fica demonstrado ao longo da obra que a iniciativa privada quando dispõem de leis que garantam o cumprimento dos contratos, em um ambiente onde as leis trabalhistas e tributárias sejam mais flexíveis com incentivo à competição saudável é a grande produtora de riqueza o que leva ao crescimento econômico de uma nação. A desconfiança com o setor privado não se sustenta em uma análise fria, isenta de ideologia e focada apenas nos resultados.

Claro que abusos e riscos como o monopólio são uma realidade, porém nesse ponto a presença do estado é necessária para coibir lesão aos consumidores, caberia ao estado garantir um ambiente onde houvesse estimulo à competição, deixando a melhor escolha com o consumidor; além disso em um modelo onde a iniciativa privada tivesse mais espaço, a presença de agencias reguladoras é imprescindível, pois há que se verificar a qualidade e os riscos que a produção podem oferecer, esses dois papeis é que seriam de atribuição do estado, e apenas esses, sem qualquer ingerência em outra área, inclusive quanto ao preço.

Outro tema que me chamou muito atenção na obra foi a abordagem do ódio a Israel, segundo o auto, tal sentimento disseminado nos demais paises do oriente médio se deve à inveja do progresso que aquela nação experimenta ao longo do tempo, apesar de praticamente viver em guerra desde sempre,é uma visão pratica porem muito racional e talvez seja esse mesmo o motivo e não tanto questões religiosas que seriam apenas uma desculpa, afinal, como estamos cansados de saber “O sucesso alheio incomoda a mediocridade” .

Não escapou da análise o mito Che Guevara que há gerações encanta os socialistas que o tem como um exemplo a ser seguido, será mesmo? Trabalhos forçados para homossexuais, fuzilamentos de quem discordava do regime comunista, roubos de propriedades, são algumas atitudes que Che cometeu para que o ideal marxista fosse implantado em Cuba e atualmente vemos o resultado disso na ilha presídio que é comandada pelo parceiro dele, será mesmo que seria diferente com Che no poder? Todas as doutrinas precisam de uma inspiração e o ser humano precisa sempre de um referencial para que possa se desenvolver, porém devemos separar o mito do homem, jamais esquecendo que este ultimo é passível de erros e acertos como todos nós, os exemplos dados devem falar mais do que discursos inflamados.

Por fim, Constantino comenta sobre o movimento Liberal no Brasil, defendendo que este jamais foi implantado de fato por aqui, porém ele dá a mão a palmatória reconhecendo que a época onde mais nos aproximamos no Liberalismo foi durante o segundo Império, e aqui lamento muito Constantino não ser um Monarquista como eu,porque de fato, a época onde tivemos maior pujança foi durante o segundo Reinado, reconheço que para um republicano convicto que tem especial admiração pelos pais fundadores dos Estados Unidos, uma republica sólida, defender a monarquia seja um tanto quanto difícil. Porém no meu entender, após a leitura dessa obra não me resta a menor duvida de que monarquia e liberalismo se completam, já que infelizmente em uma republica presidencialista tendo a achar que o liberalismo será cada vez mais distante.