RESUMO DA OBRA PRECONCEITO LINGUÍSTICO Do autor Marco Bagno

RESUMO DA OBRA PRECONCEITO LINGUÍTICO

Do autor Marco Bagno

Maria Gerusa Gomes Santos

PRIMEIRAS PALAVRAS

Existe uma regra de ouro na Linguística que diz: “ só existe língua se houver seres humanos que as falem”. De fato não tem como haver uma língua se não há quem fale só os seres os humanos falam. Mas o velho Aristóteles nos ensina que o ser humano “é um animal politico.” Com esse “presente” dado por Aristóteles, chegamos a conclusão de que trata de um tema politico. O preconceito linguístico este, ligado,embora parte medida, é uma confusão que foi criada no curso da história entre língua e a gramatica normativa. E a tarefa mais urgente é desfazer essa confusão, esse mal entendido. A ex: o fato de termos uma receita de bolo não implica necessariamente que temos um bolo pronto, assim como o Mapa Mundi não é o mundo em si e também gramatica não é língua.

Enquanto a língua é um enorme icebrg flutuando no mar do tempo, a gramatica normativa é a tentativa de descrever uma parcela visível dele, a nossa chamada norma-padrão. O que não ser aplicada ao restante da língua, afinal, a ponta do iceber que está emerge é apenas um quinto do seu volume total, dai a ideia de que norma-padrão é aplicada a toda parte da língua. A aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia geradora acaba gerando o famoso preconceito linguístico. Tomemos como exemplo a palavra Igapó que numa região do Amazonas é um trecho inundado, uma grande poça de águas margens de um rio, parece uma boa imagem para a chamada gramatica normativa já para a língua é um rio caudaloso, longo e largo, que, nunca se detém, ( a gramatica normativa é apena um Igapó uma poça de agua parada, a margem da língua nesse sentido fica assim explicado: enquanto a água do rio\ língua por estar em movimento, se renova a água do Igapó\ Igapó gramática normativa envelhece e só renovará quando vier a próxima cheia, ou seja, a língua é como o rio está sempre em movimento.

MITOLOGIA DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO.

Vivemos nos dias em que parece haver cada vez mais uma forte tendência a lutar contra os mais variados tipos de preconceito, mostrando que ele não tem nenhum fundamento racional, e que é apenas o resultado da ignorância, da intolerância ou manipulação ideológica. Mais infelizmente deixa de fora o combate ao tipo de preconceito bastante comum na sociedade brasileira, “preconceito linguístico” o que vemos na verdade não é um combate a esse preconceito, mais sim, ele ser alimentado diariamente, por meio do rádio, da televisão, jornais, revistas sites etc.. e até mesmo em livros e manuais que traz como lema ensinar o que é “certo” ou “errado” isso presente até nos livros didáticos disponíveis no mercado livre contribuindo assim para o crescimento do preconceito linguístico.

O preconceito linguístico é tanto mais poderoso porque em grande medida, ele, é “invisível”, ou seja, quase ninguém se percebe dele, quase ninguém toca no assunto com exceção dos raros cientistas sociais que se dedicam a estuda-lo. São poucas as pessoas que reconhece a existência do preconceito linguístico o que dirá a gravidade como sério problema social. E sabemos que s e não reconhecermos o problema não tem como resolvê-lo. No âmbito do Estado brasileiro há frequentemente politicas publicas voltada para o combate ao racismo, direito de igualdade para as mulheres, inclusão social, mas, nada absolutamente nada voltado para uma politica linguística oficial, planejada, explicada, teoricamente bem fundamentada que se preocupa com os direitos linguísticos dos falantes das línguas minoritárias no Brasil eles defendem as diversidades linguísticas do português brasileiro mas só isso.

O espaço social deixado vago pela inexistência de uma politica linguística oficial, de âmbito nacional, acaba sendo ocupada infelizmente, por uma politica linguística difusa, confusa e retrograda justamente aquela praticada de modo repressor, persecutório e cientificamente desinformado pelas diversas instâncias. É a falta de uma politica linguística bem traçada que permite o surgimento é a reprodução dos “ comandos gramaticais”, que será analisado posteriormente. O preconceito linguístico fica bastante claro numa série de afirmações que na verdade já faz parte da imagem (negativa) que o brasileiro tem si mesmo e da língua falada por aqui. Será analisado aqui algumas das afirmações falaciosas e ver em que medida elas são, na verdade muito fantasiosas que qualquer analisa mais rigorosa não demora a derrubar.

MITO NÚMERO 1 “O PORTUGUÊS DO BRASIL APRESENTA UMA UNIDADE SURPREENDENTE”

Esse é o maior e o mais dos mitos que compõem a mitologia do preconceito linguístico no Brasil. Na verdade está tão arraigado em nossa cultura que até mesmo os intelectuais de renome, se deixam enganar por ele. Existe também toda uma longa tradição de estudos filosóficos e gramaticais que se baseou, durante muito tempo, nesse conceito irreal da” unidade linguística do Brasil.” Esse mito é prejudicial á educação porque ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, na verdade as escolas tentam impor sua norma linguística como se ela fosse de fato, comum a todos as quase 190 milhões de brasileiros, a escola esquece de monstras a questão social linguística, esquece de explicar a situação de cada falante como: grau de escolaridade, idade, origem geográfica, e até a questão socioeconômica e negando tudo isso nega também o caráter multilíngue do nosso pais onde são faladas mais de 200 línguas diferentes entre línguas, indígenas, asiáticas, línguas trazidas pelos imigrantes de varias partes do mundo , falantes das zonas de fronteiras com outros países vizinhos, falantes renascentes etc.

O fato é que, como ciência linguística moderna já provou e comprovou, não existe nenhuma língua no mundo que seja uma uniforme e homogênea, na verdade as línguas são heterogêneas, múltiplas, e apresentas e sempre apresentará variações em todos níveis e estruturas. É verdade que no Brasil a língua mais falada é o português brasileiro, esse mesmo português está cheio de diversidade e não só, por questões territoriais, mas, também e principalmente por uma questão social da trágica injustiça que faz do Brasil, em 2006, o oitavo país com o pior índice de distribuição de renda em todo o mundo. São essa graves diferenças de status socioeconômicos que explicam a existência em nosso país de um verdadeiro abismo linguístico entre os falantes das variedades estigmatizadas do português brasileiro, moradores da zona rural ou das periferias das grandes cidades, miseráveis ou pobres analfabetos ou semianalfabetos e que na verdade são a maioria da nossa população jamais falarão como os falantes com acesso a todos benefícios que é diretos do ser humano enquanto cidadão. Como a educação de qualidade ainda é privilegio de muito pouco gente em nosso país, uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece á margem do domínio das formas prestigiadas de uso da língua.

Existem milhões de pessoas neste país que não tem acesso a essa “língua” que é empregada pelas instituições oficiais, pelos órgãos do poder são os chamados sem língua. Mas, é claro que eles têm uma língua, também falam o português brasileiro, só que falam variedades linguísticas estigmatizadas, que são desprestigiadas, ridicularizadas, que não são reconhecidas como validas que são desprestigiadas, ridicularizadas, alvo de chacota e de escárnio por partes de falantes urbanas mais “letradas”. Diante desse abismo social, não surpreende que muitos estudados empreendidos por diversas pesquisadores venham mostrando que os falantes das variedades linguísticas estigmatizadas têm serias dificuldades em compreende as mensagens enviadas a eles pelo poder publico, ou seja, essas pessoas acabam perdendo direitos e benefícios por não conseguirem entender certas mensagens, isso implica em saber e não confundir o Brasil é um país metalingue.

É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas para a educação e cultura abandonem esse mito da “unidade” do português brasileiro e passe a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país, para assim poder melhorar planejarem suas politicas de ação junto a população amplamente marginalizada das variedades sem prestígios social. Muitas vezes o rótulo inadequado de “dificuldades de aprendizagem” é aplicado com muita facilidade a determinados alunos como se eles sofressem alguma deficiência mental, como se tivesse alguma deficiência cognitiva, quando na verdade eles não conseguem simplesmente entender a linguagem utilizada pelos professores, ainda mais quando parte do pressuposto, absolutamente falso de que todo mundo fala português a deficiência esta na verdade no modo como se ensina a língua.

A função da escola é, em todo e qualquer campo de conhecimento, levar a pessoas a conhecer e dominar coisas que ela não sabe e, no caso especifico da língua, conhecer e dominar antes de tudo, a leitura e a escrita e, junto com elas, outras formas de falar e d e escrever, outras variedades de língua, outros registros. Queremos que todo e qualquer brasileiro, seja qual for sua origem social, possam ler os melhores escritores, entender o que diz o telejornal, tirar todo proveito das modernas tecnologias, escrever o que lhe der na telha, ter acesso a línguas estrangeiras e por ai vai.

MITO NÚMERO DOIS “ BRASILEIRO NÃO SABE PORTUGUÊS SÓ EM PORTUGAL SE FALA EM PORTUGÊS.

Essas duas opiniões são habituais, corriqueiras, comuns e que na realidade são duas faces de uma mesma moeda enferrujada, refletem o complexo de inferioridade, o sentimento de sermos até hoje uma colônia de um país mais antigo e mais “civilizado”. Sérgio Nogueira no seu livro língua vivo cita: sempre me perguntaram onde se fala melhor o português, só pode em Portugal. Já viajei muito pelo Brasil e já estive em todas as regiões, sinceramente, não sei onde se fala melhor, cada região tem suas qualidades e seus vícios d e linguagem. Por isso como diz Marcos Bagno não consigo concordar com o titulo do livro, que está longe d e analisar a verdadeira língua viva usada em nosso país.

É a mesma concepção torpe segunda a qual o Brasil é um pais subdesenvolvido porque sua população não é uma raça “pura” mas sim o resultado d e uma mistura negativas d e raças, das quais duas delas, a negra e indígena, são “inferiores” a do branco europeu, por isso nosso “povinho” só pode ser o que é. Assim uma raça que não é “pura” não poderia falar uma língua “pura”. Não é difícil encontrar intelectuais renomados que lamentem a “corrupção” do português falado no Brasil, língua de “matutos” de “caipiras infelizes”, onde o medo da língua de Camões. E essa enorme bobagem de dizer que “brasileiro não sabe português” e que “ só em Portugal se fala bem português” é uma piada de muito mau gosto, infelizmente transmitida d e geração a geração pelo ensino tradicional da gramatica na escola.

O brasileiro sabe português sim, o que acontece é que nosso português falado é diferente em Portugal. Quando dizemos que no Brasil se fala português usamos esse nome simplesmente por comodidade e por uma razão histórica justamente a de termos sido colônia de Portugal. Por isso, as linguísticas preferem usar o termo português brasileiro, por ser mais preciso e marcar bem essa diferença. Na língua falada, as diferenças entre o português de Portugal e o português brasileiro são tão grandes que muitas vezes surgem dificuldades de compreensão. Ex: os pronomes a\o, de construções como “ eu o vi” e “eu a conheço” estão praticamente extintos no português falado no Brasil ao passo que em Portugal continuam bem firmes.

Nossas crianças usam sem problemas me e te “ ela me bateu” e “ eu vou te pegar” mas, o\a jamais, que são substituídas por ela\ele “ eu vou pegá-la” essas nem pensar então. O único nível em que ainda é possível uma compreensão quase total entre brasileiros e portugueses é o da língua escrita mais monitorada, porque a ortografia é praticamente a mesma, com poucas diferenças. No que diz respeito ao ensino do português no Brasil, o grande problema é que esse ensino até hoje, depois de mais de cento e setenta anos de independência politica, continua com os olhos voltados para a mesma norma linguística de Portugal a ex: o uso do gerúndio empobrece o texto. Lembre que não existe gerúndio no português falado em Portugal. Ora, se são dicas para brasileiros que querem escrever bem, por que motivos eles têm de lembrar do que existe ou não no português d e Portugal? A dica é além d e deixar á mostra sua inspiração neocolonialista, também afirmam uma inverdade linguística,

No português de Portugal existe, sim, o gerúndio. O que não existe no português de Portugal é a construção do tipo estou comendo, ao contrário em Portugal é de uso contrário é usado numa posição invertida. Por causa desse preconceito é que somos obrigados assim a aprender que o “certo” é dizer e escrever dê-me um beijo e não dizer escrever me dá um beijo, e que é “errado” dizer e escrever assisti o filme. Está presente nesse mito a ideia, sem nenhum fundamento, de que os portugueses todos falam da mesma maneira, como se não existisse variação. O português europeu, obviamente não é nem nunca será um a língua homogênea.

Existe, ainda embutida nesse mito, a ilusão de que os portugueses falam e escrevem “tudo certo” e que seguem rigorosamente as regras da gramatica ensinada na escola. Está na hora de acabarmos com isso mito em relação ao português de Portugal em relação ao português brasileiro.

MITO TRÊS “ PORTUGUÊS É MUITO DIFICIL”

Essa afirmação preconceituosa é prima-irmã da ideia que acabamos de derrubar, a de que “brasileiro não sabe português” como o nosso ensino de língua sempre se baseou na norma gramatical literária de Portugal, as regras que aprendemos na escola em boa parte não correspondem a língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil. Por isso achamos que “português é uma língua difícil”. Porque temos que decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós. No dia em que nosso ensino de português concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa no Brasil é bem provável que ninguém mais continue a repetir essa bobagem. Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua. Está provado e comprovado que crianças de 5-6 anos de idade já domina perfeitamente as regras gramaticais de sua língua, o que ela não conhece são sutilezas, sofisticações e irregularidades no uso dessas regras que só a leitura e o estudo podem lhe dar.

Mas nenhuma criança vai dizer, por exemplo: uma meninos chegou aqui amanhã, mas já um estrangeiro que está aprendendo a falar poderá com certeza fazer essa confusão. E se tanta gente continua a repetir que” português é difícil” é porque o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. O linguística Sírio Possenti, em seu excelente livro porque (não) ensinar gramatica na escola, classifica o “assistir” como um arcaísmo, uma forma sintática que já caiu em desuso, mas que continua sendo cobrado pelo ensino tradicionalista, que se recusa admitir a extinção desse e de muitos outros dinossauros linguísticos. Por isso, tantas pessoas terminam seus estudos em onze anos de ensino fundamental e médio, sentindo-se incompetentes para redigir o que quer que seja.

E se tantas pessoas inteligentes e cultas continuam achando que “ não sabem português” ou que “ português é muito difícil” é porque o uso da língua foi transformado numa ciência esotérica numa” doutrina cabalista” que somente alguns “iluminados” sumos sacerdotes da gramatica normativa. No fundo, a ideia de que “ português é muito difícil” serve mais como um instrumento de manutenção do status das classes sociais privilegiadas, esse mito de que “ português é muito difícil” tem sua origem também na confusão, gerada no ambiente escolar, entre língua propriamente dita e a codificação tradicional da língua, isto é, a gramatica normativa. É lamentável, para dizer o mínimo, que a imagem da língua tenha sido empobrecida desse jeito, reduzida a uma nomenclatura profusa e confusa.

MITO QUATRO “ AS PESSOAS SEM INSTRUÇÃO FALAM TUDO ERRADO”

O preconceito linguístico se baseia na ideia de que só existe uma língua digna deste nome e que seria ensinada nas escolas, explicadas nas gramaticas e catalogadas nos dicionários. E que qualquer manifestação que escape desse triangulo escola-gramatica-dicionário é considerada pela ótica de preconceito linguístico, erada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente, e não é raro a gente ouvir que “ isso não é português”. Na visão preconceituosa dos fenômenos da língua, a transformação de L em R nos encontros consonantais como em Craúdia, chicrete,praça etc é tremendamente estigmatizada e as vezes é considerada até como um sinal do “ atraso mental” das pessoas que falam assim . ora estudando cientificamente a questão, é fácil descobrir que não estamos diante de um traço de “ atraso mental” dos falantes “ ignorantes” do português mas simplesmente de um fenômeno fonético que contribui para a formação da própria norma-padrão da língua portuguesa.

Existem, evidentemente, falantes das variedades urbanas de prestigio, pessoas letradas, que têm problemas para pronunciar os encontros consonantais com \l\ nesses casos, sim, trata-se realmente de uma dificuldade física que pode ser resolvida com algum tipo de assistência médica especializada. Se dizer Craúdia , pranta é considerado “ errado”, e, por outro lado, dizer frouxo, escravo, praga é considerado “ certo”, isso se deve simplesmente a uma questão que não é linguística, mas social e politica. Assim como existe preconceitos contra a fala de determinadas classes sociais, também existe o preconceito contra afala que na maioria das vezes é características de certas regiões. A exemplo temos o falar dos nordestinos que são mostrados nas novelas principalmente as da Rede Globo onde coloca personagens nordestino como caricatura de tipo grotesco, rustico, atrasado, criado somente para causar riso e deboche enquanto atores de outra origem se expressam “perfeitamente”.

MITO NÚMERO CINCO “ O LUGAR ONDE S E FALA MELHOR PORTUGUÊS NO BRASIL É NO MARANHÃO”

Não sei quem foi que foi a primeira pessoa que proferiu essa grande bobagem, mas a realidade é que até hoje ela continua sendo repetida por muitos por ai, inclusive gente culta que não sabe que é isso é apenas um mito sem nenhuma fundamentação cientifica. Na verdade esse mito nasceu da velha posição de sobrevivência em relação a Portugal. Mas se fossemos considerar essa afirmação como verdade teríamos não só o Maranhão mas, também o Pará e outras regiões do norte onde se usa o pronome tu. Aqueles que defendem esse mito não se dão conta que ao utilizarem o critério prescritivista de correção para sustentá-lo se esquece de que o mesmo maranhense que diz tu és dizem esse é um bom livro para ti ler em vez de da forma “ correta” esse é um bom livro para tu leres, ou seja, eles atribuem ao pronome ti a mesma função que amplas as regiões do Brasil.

Nada na língua é por acaso: toda e qualquer forma linguística amplamente defendida dentro de uma comunidade de falantes tem sua razão de ser e poder ser, se bem explicada. Desde que a pessoa tenha no mínimo interesse em recorrer as ferramentas de analise da ciência linguística contemporânea, achar que a gramatica normativa é o único instrumento valido para analisar os fenômenos da língua é de uma estreiteza intelectual a toda prova.

Se levarmos para a questão sociolinguística, através de pesquisas, coletas de dados gravação de vozes, podemos ver que as pessoas de classes mais letradas de qualquer lugar dominam melhor as formas prestigiadas do que a s pessoas das classes menos letradas, e isso valem para toda e qualquer região e continuarmos a lembrar da língua não é homogênea.

MITO SEIS “ O CERTO É FALAR ASSIM PORQUE SE ESCREVE ASSIM”

Outro mito já imaginou algum de nós escrevendo exatamente como falamos? Vejamos: escrever teatro como lê um nordestino iria ficar mais ou menos assim tê-atru, já o carioca tchi-atru isso é que pode ser chamado de variação linguística, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares nem as pessoa falam a língua de modo idêntico o tempo todo. É fato que é preciso ensinar a escrever de acordo com a ortografia oficial, mas no entanto não s e pode fazer tentando criar uma língua falada “ artificial” e reprovada como “ errada”, não há problemas em explicar para um aluno que el pode falar bulacha em vez de bolacha, mas, que só pode escrever bolacha porque é necessário uma única ortografia para alingua e assim todos podem ler e compreender o que está escrito.

Durante mais de dois mil anos os estudos gramaticais se dedicaram exclusivamente a língua escrita literária, foi somente no começo do século XX, com o nascimento da ciência linguística, que a língua falada passou a ser considerada como verdadeiro objeto de estudo cientifico. A língua escrita por seu lado é totalmente artificial, exige treinamento, memorização, exercício, e obedece a regras fixar de tendência conservadora, além ser uma representação não exaustiva da língua falada,.

A importância da língua falada para o estudo cientifico sta principalmente no fato de ser nessa língua falada que ocorrem as mudanças e as variações que incessante vão transformando a língua. Do ponto de vista da historia de cada individuo, o aprendizado da língua falada sempre precede a aprendizado da língua escrita. Basta citar os milhões de pessoas que nascem, crescem, vivem e morrem sem jamais aprender a ler e escrever e olha que a espécie humana tem pelo menos um milhão de anos enquanto, a escrita tem apenas nove anos. Quando o estudo da gramatica surgiu, no entanto, na antiguidade clássica grega, seu objetivo declarado era investigar as regras da língua escrita para poder preservar as formas consideradas “corretas” e “ elegantes” da língua. Há certos cientistas que se dedicam especificamente a estudar as diferenças, semelhanças, Inter relações que existe entre as duas modalidades.

MITO SETE” É PRECISO SABER GRAMÁTICA PARA FAR E SCREVER BEM”

É difícil encontrar alguém que não concorde com essa declaração. Isso porque ela vive na ponta da língua de muito professores de língua portuguesa e está formulada em muitos compêndios gramaticais, como a já citada gramatica. Há quem diga que a gramatica é instrumento do padra culto da língua. É comum pais de alunos cobrarem dos professores que ensine seus filho a escrever bem e principalmente a aprender a chamada norma culta, mas por que essa declaração é um mito? Porque, como diz Mário Perini em sofrendo a gramatica,” não existe em grande evidência em favor disso toda evidência disponível é contrário”. Afinal se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores, e bons especialistas em gramatica.

Carlos Drummond de Andrade precisou de adjetivos para qualifica-lo no poema “aula de português” e também se sentiu confuso ao deparar com os mistérios das figuras. E o que dizer de Machado de Assis, que, ao abrir a gramatica de seu sobrinho, se espantou com sua própria “ ignorância” por não ter entendido tudo. Sírio Possenti, já citado, nos lembra de que as primeiras gramaticas do ocidente, as gregas, só foram elaboradas no século II a.c. mas, que, antes disso já existia na Grécia uma literatura amplas e diversificada, que exerce influencia até em toda a cultura ocidental. O que aconteceu ao longo do tempo foi uma inversão da realidade histórica. As gramaticas foram escritas precisamente para descrever e fixar regras e padrões. Todo esse processo histórico de inversão dos fatos pode criar uma ilusão de que primeiro alguém escreveu uma gramatica para depois as pessoas a falar a língua. por que confundir um todo como a parte, todo esse processo gramatical vem de estudos e muda através do tempo, como o estudo do latim também mudou e por fim acabou sendo chamada de língua morta.

Já imaginou alguém sem medo algum proferir que não é para ensina r gramatica na escola, a maioria dos professores ao ouvir ou ler essa afirmação cairiam em pânico e s e perguntariam o que vou fazer com as minhas aulas como vou dar as minhas aulas, calma professor tem muita, muita, muita coisa que poder ser feita. A grande tarefa da educação linguística contemporânea é permitir, incentivar, e desenvolver métodos novos ao ensino de do português a esses alunos. ( todo ser humano nasce pronto para falar uma língua e realizar operações numéricas agora para aprender historia, geografia, ciências, física, química etc é preciso ter domínio poderoso da leitura e da escrita.

MITO NÚMERO OITO” O DOMINÍO DA NORMA-PADRÃO É UM INSTRUMENTO DE ASCENSÃO SOCIAL”

Esse mito fecha o ciclo mitológico e tem muito a ver com o primeiro mito da unidade linguística do Brasil. Ora se o domínio da norma-padrão fosse realmente um instrumento de ascensão social na sociedade., professores de português ocupariam o topo da pirâmide social, e o que sabemos é que estamos longe disso acontecer. Na verdae é que o domínio da norma-padrão de nada vai adiantar a uma pessoa que não tem moradia, saúde, dentes na boca, achar que basta ensinar a norma-padrão a uma criança vai fazê-la mudar de vida em um instante, se pensar assim aumentar o numero de policiais nas ruas, e, as vagas na penitencia resolveria o problema da violência. O mero domínio da norma-padrão não é uma formula magica, que de um momento para outro vai resolver todos so problemas dos indivíduos falantes da língua portuguesa. e como já foi citado no inicio do livro falar d elingua é falar de politica, em nenhum momento esta reflexão politica pode estar ausente de nossas posturas teóricas e de nossa atuação concerta como cidadão.

O CÍRCULO VICIOSO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Os três elementos que são quatro:

Os mitos que acabaram de ser examinados, são transmitidos e perpetuados em nossa sociedade, cada um dele com maior ou menor grau por um mecanismo que podemos chamar de circulo vicioso do preconceito linguístico. E esse circulo se forma de três elementos são: a gramatica tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. Como é que se forma esse circulo assim: a gramatica tradicional inspira a pratica de ensino, que por sua vez provoca o surgimento de indústria do livro didático, cujo autores fechando circulo recorre a gramatica tradicional como fonte de concepções e teorias sobre a língua. E como já vimos a mais alta instancia do pais O Ministério da Educação tem feito esforços louváveis para provocar uma reflexão sobre os temas relativos a ética e a cidadania plena do individuo, estimulando uma postura menos dogmática e mais flexível por parte das escolas publicas. De fato já podemos encontras novas coisas, novos assuntos nos livros didáticos, tal como uma abordagem a sociolinguística. E a gramatica como sabemos é o poço que jorra, há mais de dois mil anos o conjunto d emitos que configuram a ideologia do preconceito linguístico. É que os preconceito como sabemos impregnam de tal maneira na mentalidade das pessoas que as atitudes preconceituosas se tornam parte integrante do nosso próprio modo de ser e d e estar no mundo.

Do mesmo modo, muitos acreditam que “ que não sabem português” , que “ português é muito difícil” ou que a língua aqui falada é “ toda errada”, mas afinal, o que quarto elemento é esse? É aquele que resolvi chamar de comando paragramáticais, que vem a ser todo esse arsenal de livros, manuais de redações de empresas, programas de rádios, textos jornalísticos etc. oq eu os comando paragramaticais poderiam representar de utilidade na hora de falar, ou escrever acaba se perdendo por trás da espessa neblina de preconceito que envolve essas manifestações da mídia. É uma pena que seja assim. Todo esse formidável poder de influencia dos meios de comunicação.

SOB O IMPÉRIO DE NAPOLEÃO.

O mais respeitado e propagador do preconceito linguístico por meio de comandos paragramticais no Brasil, foi, durante longas décadas o professor Napoleão Mendes de Almeida, nunca escondeu sua intolerância e seu autoritarismo em suas colunas no jornal. Para Napoleão a literatura brasileira morreu em 1908, junto com Machado de Assis e declara toda essa produção moderna e dos períodos seguintes é merecedor ado mais profundo desprezo. Em outro ponto Napoleão diz que, estudar linguística é fixar ideias inúteis, pretenciosas e ridículas, com essa declaração note-se que ele não frequentou uma boa universidade depois que o ensino de linguística foi instituído no curson de letras no Brasil.

Esse seu total desconhecimento da linguística é o que permite fazer essa conjecturas, sem nenhum fundamento cientifico ou qualquer outro natureza. No caso de Napoleão, a linguística não é mais um caso da espessa neblina a que foi referida é uma verdadeira muralha de rocha impenetrável e instransponível que impede o acesso a qualquer eventual utilidade que suas explicações possam ter.

UM FESTIVAL DE ASNEIRAS

Na mesma conduta preconceituosa o livro não erre mais, de Luiz Antônio Sacconi. Trata na verdade de um prato cheio a pretensão de todos os preconceitos que foram analisados na primeira parte do livro. Serão examinadas aqui apenas algumas questões. “os jornalistas são o alvo preferido das tiradas preconceituosas do autor do livro não erre mais” declara: alguns jornais e jornalistas se tornaram um problema a mais para todos os professores de português. Até quando?( pág 46) declara: os jornalistas usam: o aumento da gasolina, o aumento da carne. É o mais puro aumento da incompetência.(pá 68). Não basta esse ataque aos jornalistas, Sacconi não hesita em ofender preconceituosamente outros segmentos sociais. Seu ideário politico também fica manifesto nas declarações do tipo “ hoje em dia existem pessoas que fazem curso superior em greves, formam-se no assunto e mostram-se tão competentes no ofício, que decidem em nome de toda a classe que representam.

Há declarações preconceituosas para quase todos os segmentos da sociedade. Sacconi aceita a crença primitiva e ingênua de que a palavra e o objeto se refere a mesma coisa e o objeto não existe. A língua portuguesa é “difícil” e cheia de “ mistérios inexplicáveis” como reza a mitologia preconceituosa em relação ao preconceito linguístico e aqui já foram estudadas anteriormente. Até hoje gramáticos atribuem algumas variações regionais a influências de outras línguas e por assim pensarem e dizerem sem fundamentação alguma caba gerando cada vez mais o preconceito linguístico já existe e bastante ativo no Brasil. É sabido que no período da colonização a única língua falada aqui era u tupi mas nossa língua sofrerem sim mudanças variações e ela devem ser aceitas assim como aceitamos o português de Portugal e transformamos em português brasileiro.

A FALTA DE ESTÍLO DE JOSUÉ

O personagem bíblico Josué, para provar a seus inimigos que Deus estava do seu lado, mandou o sol interromper o seu curso pelo céu. E o sol obedece. Nos dias de hoje, aqui no Brasil também existe um Josué que sonha em poder interromper o curso da língua, petrificando a forma da norma-padrão tanto quanto Sacconi se não mais. O memso critica autores como: Aluízio Azevedo, Joaquim Manuel de Macedo, Gonçalves Dias e até mesmo Machado de Assis, além de se referir as mulheres como fêmea , confundindo “sexo” com “ orientação sexual” e por ai vai.

BEETHOVEN NÃO É DAÇANDO!

Uma visita a Portugal em 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que todos os brasileiros eram caipiras. Declaração infeliz e desastrosa. Analisando o texto “ português ou caipirês” o preconceito já se manifesta no titulo a parti dai, é como milho pipoca em óleo quente pulam as palavras de conteúdo semântico fortemente preconceituosa são palavras como: “ mundão”, “jecas-tatus”, “caipiras”, “e mais “caipiras”, e por ai vai, essas palavras são um texto onde pode ser notado o preconceito veemente o que a gramatica normativa insiste em interpretar como objeto direto frases como Beethoven para dançar, mas, Beethoven não se dança que tal mudar para Beethoven não é dançando. Pode soar estranho mas, é sabido por muitos que a troca de posição dos elementos podem mudar o sentido da frase.

Na frase “ ferra-se cavalos” , o histérico gramatico tentou explicar ao ferreiro que o verbo deveria estar no plural porque o “sujeito” da frase era “cavalos” e foi obrigado a receber essa aula de sintaxe brasileira v.sa. me perdoe, mas o sujeito que ferra os cavalos sou eu não sou plural

A DESCONSTRUÇÃO DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO.

Uma coisa não podemos deixar de reconhecer; existe atualmente uma crise no ensino da língua portuguesa. muitos professores já alertados já começaram a mudar sua formas de ensino da língua portuguesa, mas, ainda se sentem muito perdidos. Não é difícil perceber que o acesso as forma prestigiadas de falar por diversas razoes de ordem politica, econômica,, social e cultural é algo reservado a poucas pessoas no brasil. A maioria dos brasileiros entre 15 e 64 anos que estudaram ate a quarta série atingem no máximo o grau rudimentar de alfabetismo, ou seja, localizam somente informações explicitas em testos curtos e efetuam operações matemáticas simples, mas não compreendem textos mais longos e nem operações numéricas mais complexas.

E como já foi visto as formas prestigiadas de uso da língua estão muito vinculadas a escrita literária e por ai temos os nossos chamados analfabetos funcionais, todo um contraste social e politico contribui para essa questão, embora digam que o Brasil está quase todo alfabetizado, há ai uma questão a ser vista com clareza, alfabetizar não é só aprender a ler e escrever, o que temos muito são pessoas com algum grau de letramento e grau de instrução que servem para se manter como ser social. E além disso nossa população mais privilegiada mais letrada por assim dizer não tem o habito da leitura, comprar livros não é mais um habito do brasileiro esse é o segundo ponto abordado.

Já o terceiro dilema aqui é relativo a norma-padrão que continua se prendendo a forma enganosa e imprecisa de “ norma culta” como já vimos na primeira parte do livro toda essa admiração não é de hoje , mais sim, de uma longa tradição cultuada ao português de Portugal, esse apego a gramatica tradicional gera cada vez mais o preconceito linguístico, sendo que já passou da hora de desapegar a esse protótipo de falar “certo” ou erado” e todo esse preconceito vem dos comandos paragramaticais a gramatica pode sim e deve alcançar os avanços da linguagem e aceitar a língua como algo vivo e em constante movimentação. E para que isso aconteça se fará necessário uma separação do ideal para o real , é necessário empreender a identificação e a descrição da verdadeira língua falada e escrita pelas classes sociais privilegiadas do Brasil.

MUDANÇA DE ATITUDE

Enquanto essas gramaticas não chega, temos que combater o preconceito linguístico com as armas que dispomos. E a primeira campanha a ser feita por toda a sociedade é a favor da mudança de atitude. Chega de dizerem que português é difícil, que não sabemos português, está mais do que na hora de desapegarmos a esses mitos preconceituosos” certo” é quem mora nas zonas urbanas ou que somente pessoas alfabetizadas sabem falar. Ao afirmar isso não quer dizer que não se deva ensinar gramatica, mas sim que ela pode ser ensinada dentro de um texto ao invés de ensinar de forma separadas fixando regras que muitas vezes só servem para confundir os nossos alunos.

O QUE É ENSINAR PORTUGUÊS?

Para romper o circulo vicioso do preconceito linguístico no ponto em que temos mais poder para ataca-la a pratica de ensino precisamos rever toda uma série de “ velhas opiniões formadas” que ainda dominam nossa maneira de ver nosso próprio trabalho. A resposta está dada ensinar português antes de mais nada é ensinar a ler e escrever. No entanto os métodos tradicionais de ensino da língua no Brasil visam, por incrível que parece a formação do professor de língua portuguesa. já imaginou alguém se matriculando numa auto escola e o instrutor levantando a tampo do carro te explicando cada parafuso do motor e para que erve cada um deles seria no máximo algo muito cansativo e sem proveito. Nós como professores temos que conhecer profundamente a língua e nosso alunos precisam aprender esse direcionamento da língua.

O QUE É ERRO?

Outro modo interessante de romper com o circulo vicioso do preconceito linguístico é revelar a noção de erro. A noção tradicional de erro é que permite que pessoas como Sacconi, Josué Machado, e outros escrevem livros absurdos e vendem milhares de exemplares. Ora em cartazes e em placas não aparecem “ erros de português”, e sim ”erros” de ortografia , o fato de em uma placa esta escrito loginha de artesanato ao invés de escrever lojinha de artesanato não significa que esteja errado e também não implica na mensagem que está sendo passada.

A ortografia oficial é fruto de um gesto politico, é determinada por decreto, é resultado de negociações pressões de toda ordem geopolíticas, econômicas e ideológicas. Ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna, assim como ninguém comente erros ao andar, respirar. Só se erra naquilo que é aprendido, naquilo que constitui um saber secundário, obtido por meio de um treinamento, pratica e memorização.

ENTÃO VALE TUDO?

Alguma pessoas me dizem que a eliminação da noção de erro dará a entender que, em termos de língua vale tudo. Não é bem assim. Na verdade, em termos de língua tudo vale alguma coisa, mas esse valor vai depender de uma série de fatores, falar gíria vale? Claro que vale: no lugar certo, no contexto adequado, com as pessoas certas, e mesmo no lugar errado, no contexto errado, e com as pessoas erradas, se a intenção do falante for precisamente se contrapor a ordem estabelecida, as normas sociais convencionais. Usar a língua, tanto na modalidade oral como escrita, é encontrar o ponto de equilíbrio entre dois eixos: da adequação e da aceitabilidade.

A PARANÓIA ORTOGRÁFICA

A atitude tradicional do professor de português, ao receber um texto produzido por um aluno é procurar imediatamente os “ erros” ortográficos sem nem sequer se importar com o conteúdo que ali está dando importância mais a ortografia, e é isso que chamamos de paranoia ortográfica. Saber ortografia não tem nada a ver com saber língua. São dois diferentes tipos de conhecimento. A ortografia não faz parte da gramatica da língua, isto é, das regras de funcionamento da língua. Como vimos no mito seis, muitas pessoas nascem, crescem, vivem e morrem sem jamais aprender a ler e a escrever, sendo, no entanto, conhecedores perfeitos da gramatica de sua língua.

Outra ideia ingênua dos autores é achar “ inadmissível” o numero de erros de ortografia cometidos “ pelo Brasil afora” já que nosso alfabeto tem apenas 23 letras. Ora, o alfabeto tem 23 letras, sim, mas elas podem se juntar em centenas de combinações diferentes, criando a riqueza inumerável das palavras da língua portuguesa.

SUBVERTENDO O PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Por mais que isso nos entristeça, nos irrita, é preciso reconhecer que o preconceito linguístico está ai firme e forte. Não podemos a ter a ilusão de acabar com ela de uma hora para outra, porque isso só será possível quando houver uma transformação radical do tipo de sociedade em que estamos inseridos, que é uma sociedade que para existir precisa da discriminação de tudo que é diferente, da exclusão da maioria em beneficio de uma pequena minoria, da existência de mecanismos de controle, dominação e marginalização. Primeiro, formando-nos e informando-nos Segundo, fazendo critica ativa da nossa pratica diária em sala de aula. Terceiro, diante das cobranças de pais, diretores ou donos de escola, mostrar que as ciências evoluem, e que a ciência da língua também evolui.

DEZ CISÕES

1. Conscientizar-se de que todo falante nativo de uma língua é um usuário competente dessa língua, por isso ele sabe essa língua.

2. Aceitar a ideia de que não existe erro no português.

3. Não confundir erro de ortografia.

4. Reconhecer que tudo que é Gramática Tradicional chama de erro é na verdade um fenômeno que tem uma explicação cientificamente demonstrável.

5. Conscientizar-se de que toda língua muda e varia.

6. Dar-se conta de que a língua portuguesa não vai nem bem, nem mal.

7. Respeitar a variedade linguística de toda e qualquer pessoa, pois isso equivale a respeitar a integridade física e espiritual dessa pessoa como ser humano.

8. A língua permeia tudo, ela nos constitui enquanto seres humanos.

9. Uma vez que a língua está em tudo e tudo está na língua, o professor de português é professor de tudo.

10. Ensinar bem é ensinar para o bem.

O PRECONCEITO CONTRA A LINGUÍSTICA E OS LINGUÍSTAS

Uma “religião” mais velha que o cristianismo.

O ensino de língua na escola é a única disciplina em que existe uma disputa entre duas perspectiva distintas, dois modos diferentes de encarar o fenômeno da linguagem: a doutrina gramatical tradicional, surgida no mundo helenístico no século II a.c, e a linguista moderna, que s e firmou como ciência autônoma no final do século XIX e inicio do XX.

A doutrina agramatical, mais velha que a religião crista, passou incólume pela grande revolução cientifica que abalou os fundamentos do conhecimento e do pensamento ocidental. A gramatica tradicional permanece viva e forte porque, ao longo da historia, ela deixou de ser apenas uma tentativa de explicação filosófica para os fenômenos da linguagem humana e foi transformada em mais um dos muitos elementos de dominação de uma parcela da sociedade sobre as demais.

Querer cobrar, hoje em dia, a observâncias dos mesmos padrões linguísticos do passado é querer preservar, ao mesmo tempo, ideias, mentalidades e estruturas sociais do passado. Ora, o novo assusta, o novo subverte as certezas, compromete as estruturas de poder de dominação há muito vigentes.

O grande problema está na confusão que reina na mentalidade das pessoas que atribuem uma “crise” a língua, quando, de fato, a crise existe é na escola, é no sistema educacional brasileiro.

PORTUGUÊS ORTODOXO? QUE LÍNGUA É ESSA?

É fácil monstra de que modo essa oposição a ciência linguística está viva e ativa no Brasil nos dia de hoje. Napoleão Mendes de Almeida. Tudo que ele escreveu constitui um material suculento e abundante para diversos tipos de investigação sobre ideias não cientificas. Napoleão gotejam preconceitos sociais, raciais, linguísticos, entre outros e ao mesmo tempo, pululam neles as afirmações mais estapafúrdias possíveis sobre a língua, gramatica e ensino.

DEVANEIOS DE IDIOTAS E OCIOSOS

Pasquale Cipro Neto? Não é muito difícil descobrir, o mesmo usa a fala de um politico referindo-se dessa forma “ foi um dos que levantou bandeira” e aproveita para criticar os linguísticas mais uma vez ao dizer que alguns dele perdem tempo precioso em devaneios ao tentar explicar porque o falante brasileiro prefere o singular nesses casos. Pasquale sempre procurou citar a linguística de forma depreciativa chegando a chamar linguistas de deslumbrados.

A QUEM INTERESSA CALAR OS LINGUÍSTAS?

Como sempre “Napoleão Mendes” o deputado Aldo Rebelo em de seus discursos afirma que a Academia Brasileira de Letras continuará sendo o centro de pesquisa da língua mas, nem de longe a Academia Brasileira de Letras nem longe pode ser chamada de “ centro maior de cultivo da língua portuguesa no Brasil” afinal por que atribuir essa qualidade a um reduzido grupo de 40 indivíduos quando o português é falado por mais de 190 milhões de pessoas.

Fechamos assim mais um ciclo preconceituoso que começa com Napoleão, com seus ataques contra a linguística, passa por Pasquale, que elogia Napoleão e segue suas concepções obscurantistas sobre a ciência da linguagem e termina com Aldo Rebelo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta com certeza, é uma obra que merece ser lida e relida por varias vezes, analisada com afinco e com riquezas de detalhes, é uma boa obra para ser trabalhada em palestras, reuniões escolares e tudo que tem a haver com a educação. Está mais do que na hora das escola trabalharem a língua com ela é viva, heterogênea e múltipla.

Geusahenrico
Enviado por Geusahenrico em 29/08/2015
Reeditado em 06/12/2015
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