O Navio Negreiro de Castro Alves

O Navio Negreiro é um poema (autoria de Castro Alves) de alto valor significativo no romantismo brasileiro. Pois, o autor toma de forma nada estética o negro como herói de sua obra, diferentemente do que faziam outros poetas, tais como Gonçalves Dias que tomava o índio como herói. Sua abordagem difere-se totalmente do que era recorrente no período do Ultra-Romantismo, também conhecido como “Mal do Século”; ele faz uma denúncia social acerca da escravidão e luta pela abolição dos negros, isso tudo em poemas que emitem pessimismo e angústia.

Resumo do livro

O livro se inicia com o eu lírico cantando a beleza do alto mar, ele descreve o ato do vento que bate nas velas do barco, a mistura do céu e do mar, o brilho que possui a lua e os astros e a música que se cria com a brisa. O eu lírico também comenta sobre o navio que seguia e não deixava rastros, também atenta felicidade que estampava na face daqueles que estavam a contemplar todo esse conjunto de extraordinárias cenas.

Mais a diante, fala sobre a braveza que os marinheiros possuíam, onde cantavam com glória à sua pátria. Contudo, todo o romantismo com o qual o eu lírico expressava suas visões daquele momento é quebrado ao descobrir o que havia no interior daquele navio. Deparou-se com uma frustrante realidade, e a partir daí começou a cantá-la. Seu cântico narrava as cenas horrorosas que via de homens, mulheres e crianças negras dançando de acordo com o que determinava o chicote do capitão.

O eu-lírico assim descrevia mais detalhadamente as pessoas daquela triste cena: mulheres nuas de seios suspensos com ar de espanto; crianças magrinhas que imploravam por comida; homens e velhos doloridos atendendo o que ordenava o chicote de seu senhor; e os marinheiros, que eram capazes de estar em meio à risos enquanto estendiam aquela cruel evento.

Após isso, o eu lírico então passou a questionar o porquê de Deus, não interferir naquilo que acabara de testemunhar ou por que os astros e o belíssimo mar não eram capazes de extinguir aquela lamentável imagem. Também se pergunta sobre quem são aqueles homens, crianças e mulheres. Tratava-se então de homens antes livres e bravos que costumavam viver nus e desafiando tigres ferozes que agora viviam na mais pura miséria; crianças adoráveis onde as meninas evoluiriam para belas virgens, que, no entanto tinham aquela realidade desgraçada.

Segue assim a proferir tal mudança que se passava na vida dessas determinadas pessoas. E continua a custar acreditar no que se passava, indagando desta vez se o que havia ali no interior do navio se tratava de algo verídico ou se não estaria ele simplesmente delirando. Ao final conclui sua indignação questionando o país responsável por aquela barbaridade e como os heróis ligados a conquista do Novo Mundo deveriam se manifestar e impedir todo aquele horror.

Síntese

O Navio Negreiro é narrado por um eu-lírico não identificado, o qual relata sobre as experiências em uma embarcação de escravos desde a beleza dos mares e céus até a dor e sofrimentos dos negros.

Inicialmente temos o eu lírico cantando a beleza do alto mar, descrevendo os ventos nas velas, a fusão do céu e do mar, o brilho da lua e dos astros, as ondas do mar e a música que a brisa cria. Fala ainda de como o navio caminha sem deixar rastros e de como eram felizes aqueles que puderam contemplar toda a majestade dessas cenas.

Depois, fala da bravura dos marinheiros que cantam glorificando suas pátrias ou os versos de Homero ou ainda canções do passado, que desvendam os mares, no qual Ulisses velejou e de como se tornam apenas filhos do mar.

Então o eu lírico descobre o que há no interior do navio. E então ele passa a cantar a horrível cena que vê de homens, mulheres e até crianças, “negras como a noite”, que dançavam como ordenava o chicote do capitão, provocando um horrível barulho.

O eu lírico, então, passa a descrever os tripulantes: mulheres nuas, espantadas e com os seios suspensos; as crianças magras, com as bocas pretas suplicando por comida; os homens que dançam conforme o chicote e os velhos que se arquejam também com a mesma dor. E diante dessa cena os marinheiros e o próprio capitão ficam rindo e continuam com o horror.

Depois de ver tal cena, o eu lírico se questiona por que Deus não interfere, por que os astros e o mar, o imenso mar, não apagam aquelas cenas. E ainda se questiona de quem são esses homens negros. A resposta é que são homens antes livres, bravos, que viviam em tribos andando nus, combatiam tigres e eram guerreiros gloriosos, mas agora eram míseros escravos. E os outros eram lindas crianças que depois mais lindas virgens se tornavam e agora eram mulheres desgraçadas, sedentas, abatidas e enfraquecidas, que carreavam no colo seus filhos que viam leite se transformar em choro junto às algemas que os prendiam a todos.

O eu lírico canta depois a mudança da vida destas pessoas. Fala como deram adeus aos amores, ao sono sem compromisso, às guerras que travavam pelo seu povo, às caças aos animais e à liberdade; e agora, sendo escravos, estavam em um porão apertado, sujo e infectado de doenças, sendo sempre acordados pelo barulho de um corpo sendo lançado ao mar, sentindo fome, sede e cansaço.

Então, mais uma vez, o eu lírico se pergunta se toda aquela cena era verdade ou se ele não estaria delirando. Pergunta a Deus por que não impede aquilo tudo ou por que o mar não interrompe aquelas atrocidades ou por que os astros não somem para que as cenas sejam apagadas

Concluindo, o eu lírico se questiona sobre o país responsável por tal crime e ainda sobre como os heróis que lutaram pela conquista do Novo Mundo deviam se levantar e impedir que coisa tão horrorosa acontecesse em suas terras que já se aproximavam.