Cartas de Ruy Barbosa

CARTAS DE RUY BARBOSA
Miguel Carqueija


Resenha do livro “Mocidade e exílio”, correspondências de Ruy Barbosa. Companhia Editora Nacional, São Paulo-SP. 1934. Biblioteca Pedagógica Brasileira, série V – Brasiliana, volume XXXVIII (38). Prefácio e notas: Américo Jacobina Lacombe.

“Nada como um dia depois do outro.”
(dito popular)

Como qualquer livro composto pela compilação de cartas pessoais, não temos aqui grande qualidade literária. Nem acredito que ao orador, político e advogado Ruy Barbosa, que ficou conhecido como a “Águia de Haia” (por sua brilhante atuação representando o Brasil no exterior), interessasse ver um dia sua correspondência editada. Tenho dúvidas se vale a pena esse tipo de publicação.
As cartas aqui coligidas foram endereçadas ao Conselheiro Albino José Barbosa de Oliveira e ao Dr. Antônio D’Araújo Ferreira Jacobina, ambos primos de Ruy. Também foram incluídas algumas missivas de João Barbosa, pai de Ruy. E há textos de Ruy para a esposa Maria Augusta.
Na verdade o volume é uma curiosidade histórica. Vemos nele como o ser humano pode ser volúvel em suas grandes decisões. Quando Floriano Peixoto se tornou ditador, rebentou uma revolta na Marinha. Acusado de envolvimento, Ruy fugiu para a Argentina e depois conseguiu levar a família para a Inglaterra. Por essa ocasião escreveu nas suas cartas que não queria mais saber de política.
Para Maria Augusta (Cota) ele escreve a 12/9/1893: “Politicamente, meu anjo, tenho feito o meu testamento. Não há mais seduções, que me façam voltar a essa vida.” Não é a única vez, nessas cartas, que Ruy anuncia ter abandonado a vida política. Não obstante, no futuro, quando Floriano era página virada, Ruy chegou a se candidatar para presidente da República. Para ver como as coisas mudam...

Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2017.