Suicidas

MONTES, Raphael. Suicidas. São Paulo: Benvirá, 2012.

Sexo, drogas e rock and roll poderia ser apenas mais um clichê para uma ficção de suspense, mas o thriller Suicidas é um roteiro original e que vai além de uma fórmula conhecida. O primeiro livro de Raphael Montes, lançado quando ele tinha apenas 22 anos, mostra um estilo autêntico, marcante e surpreendente.

Partes do livro deveriam vir com aquele aviso que jornalistas costumam fazer antes de mostrar imagens fortes em uma reportagem televisiva. Uma espécie de Jogos Mortais tupiniquim, as cenas narradas por Alessandro Parentoni – um pretenso escritor que acaba de sofrer a decepção de ter um livro rejeitado por uma editora – são extremamente violentas. No entanto, o bom-humor é o contraponto. Dá certa leveza à obra e torna a leitura prazerosa.

O melhor amigo dele é Zak, um playboy da zona sul que não tem qualquer tipo de problema. Ao contrário disso, consegue tudo o que deseja até o momento que sofre com uma tragédia familiar. A partir daí, junto com Alessandro, recrutam outros amigos a participar do “jogo” conhecido como roleta-russa. O que levaria um grupo de nove jovens a querer cometer suicídio?

As anotações e um hipotético livro do Alessandro servem para a investigação conduzida pela delegada Diana Guimarães. Ela convoca as mães dos jovens mortos para participar de uma reunião com o objetivo de esclarecer pontos ainda não elucidados da tragédia com base nos escritos do amigo de Zak. A trama se desenvolve entre essas três narrativas.

O romance policial é iniciado com a descrição da Cyrille’s House, casa de veraneio dos pais de Zak, onde os dois amigos passaram bons momentos na infância. O trajeto para o local que será palco das mortes mostra uma crônica estereotipada dos jovens mimados da classe média alta da zona sul carioca. Há corrupção policial, preconceito, bullying, traição, covardia e egoísmo.

É uma leitura instigante como os grandes autores de mistério estão acostumados a apresentar.