Auto da Compadecida

Ariano Suassuna, escreveu o livro "Auto da Compadecida", em 1955, o livro possui 204 páginas e foi publicado pela editora Agir.

A obra é inspirada nos autos, textos dramáticos curtos com intensão moralizadora ou satírica, especialmente de Gil Vicente, representante português do gênero dramático, bem como os costumes e crenças nordestinas.

Resumo

A história se passa em dois espaços em Taperoá, no interior da Paraíba. E em um espaço psicológico no Tribunal Celeste. Os personagens principais são João Crilo e Chico. João Crilo, é retratado como um anti-herói, pobre, oprimido, que não tem a "excelência" dos heróis da mitologia, mas que utiliza a esperteza para driblar a fome. Chico é covarde, amigo e inventivo para não dizer mentiroso. João Crilo usa sua malandragem para enganar os membros da igreja, com a própria ganancia dos mesmos, faz com que eles realizem o enterro do cachorro do padeiro, em troca da herança deixada pelo cão. Depois, vende um" gato da moedas de ouro" para a mulher do padeiro, no entanto, não havia moeda alguma, até que Severino, o cangaceiro, e seu Jagunço chegaram e mataram o padre, o sacristão, o bispo, o padeiro e a mulher do padeiro. Quando chegou a hora de João, ele enganou os bandidos e os matou, porem acabou morto, também. Até então apenas Chico e o Frade sobreviveram.

No momento em que João Crilo morre, a história começa a ser contada no Tribunal Celeste, que funciona como uma triagem, que define se os mortos vão para o inferno, purgatório ou céu. Como promotores Diabo e o encorado, o juiz seria Manuel, de acordo com a trindade católica Jesus, Deus e Espírito Santo. São feitas as acusações e certamente todos vão para o inferno, entretanto, João pede a ajuda da Compadecida que intercede por eles, logo o Jagunço e o cangaceiro vão direto para o céu, devido a sua infância difícil, os outros cinco bispo, padre, padeiro, mulher do padeiro e sacristão são mandados para o purgatório, enquanto João Crilo com sua esperteza responde a uma pergunta que o manda de volta para a Terra. Tendo esquecido de tudo, assusta Chicó e descobre que terá de doar todo seu dinheiro a Santa devido à promessa que Chico havia feito.

Resenha

A peça é muito divertida, mas também reveladora. Demonstra a diferença dos tratamentos dados aqueles que possuem mais dinheiro, mostrando até que ponto chega a ganância do homem, praticamente todos os membros da igreja são corruptos. Ao chegarem no Tribunal as pessoas são julgadas da mesma forma, não importa o que elas havia tido, apenas o que havia feito de certo e de errado. O Deus, apresenta a raça negra, o que surpreende a todos, evidenciando o preconceito. Para se defender as personagens usaram o medo, pois todos têm medo, vieram de um lugar onde não tem água, não tem recursos. Assim, notamos que são assuntos pesados, no entanto, são tratados de forma muito leve e descontraída. As personagens são extremamente definidas, agradáveis e todos cômicas . As fala de Chico depois de suas histórias "Não sei, só sei que foi assim", é uma marca, difícil de esquecer.

O livro é muito bom para aqueles que querem refletir um pouco sobre assuntos sociais de forma leve, além de que é pintado um quadro do funcionamento da cultura nordestina, mostrando todas as camadas a elite, o clero, a burguesia, a bandidagem e os pobres diabos, João e Chicó. O livro é baseado em uma peça, logo são apenas diálogos, se você gosta leia, pois é muito interessante.

Autor

Ariano Suassuna foi um dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor brasileiro. Grande defensor da cultura nordestina. Nasceu no Palácio da Redenção em João Pessoa, porque seu pai era governador, no ano de 1927. Em 1930, seu pai morreu e sua família se mudou para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Essa cidade foi onde Suassuna viu sua primeira peça, bem como serviu de inspiração para a sua peça "Auto da Compadecida". Suassuna fez muito sucesso escreveu muitas coisas e teve uma vida longa, bonita e produtiva, nos deixou no ano de 2014.