Freira  Morta 
                                       
(Desterro)

Muda, espectral, entrando as arcarias
Da cripta onde ela jaz eternamente
No austero claustro silencioso -- a gente
Desce com as impressões das cinzas frias...
 
Pelas negras abóbadas sombrias
Donde pende uma lâmpada fulgente,
Por entre a frouxa luz triste e dormente
Sobem do claustro as sacras sinfonias.
 
Uma paz de sepulcro após se estende...
E no luar da lâmpada que pende
Brilham clarões de amores condenados...
 
Como que vem do túmulo da morta
Um gemido de dor que os ares corta,
Atravessando os mármores sagrados!

                                     (de “O Livro Derradeiro”)
 
 
Créditos:
www.biblio.com.br/
www.bibvirt.futuro.usp.br   
www.dominiopublico.gov.br



João da Cruz e Sousa (Brasil)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 18/12/2011
Código do texto: T3394664