assombração
quando os olhos abro, quando os olhos fecho
há sempre um mal à beira de minha cama
uma nubente defunta que me puxa
os pés para um palácio de ossos podres
embaixo de um lençol branco me protejo
deste mal, desta alma, desta coisa branca
rondando em meu quarto deste quarta última
que a lua se fez esférica, redonda
eu, pobre, nunca soube o que é o mal
agora sei: amar alguém que se encontra
cá na vida quando nos separa a Morte
e do outro lado permanecer amando
sem esperança alguma, amar sonhando
isso não é Amor, isso sim é Morte.