A UM EFEBO

Já não és mais imberbe, velho efebo!

Cresceram enfim teus pêlos, teus músculos

E, afogado nos teus alvos crepúsculos,

Contemplo tuas novas formas, Febo!

Muda teu rosto, olhar em que percebo

Que me rejeitas; ó teus vis escrúpulos,

Adolescente, afundam-me em minúsculos

Locais, pois eu virei pobre mancebo.

Fez-te mais belo ainda a Mãe Beleza

E a mim a infância deu com forte horror!

Não te iludas jamais co’a tal nobreza

Pois a beleza não mostrará cor,

Na marcha do mau tempo só vileza:

Sombras e luzes sobre ruga e dor.

Escrito em 2009, revisado em 2012

Encaminhado para a Antologia de Sonetos Raízes