Vale das Sombras
"Quisera sonhar de novo,
E nesse instante morrer!"
(Maria Browne)
À meia-noite, em silêncio eternal,
Fitei, na Treva, um venusto jardim;
Corri, sôfrego, para vê-lo, e enfim,
Aproximei-me de um velho rosal.
O jardim era um vale magistral,
Mas as flores estavam em seu fim,
Parecendo chorar tão-só por mim,
Murchas e com perfume sepulcral.
Então, senti uma melancolia,
E afoguei-me em devaneios tristonhos,
Sem entender aquilo que sentia.
Logo vi, em segundos enfadonhos:
Meu coração era o vale que eu via
E as flores meus doces e antigos sonhos!