Ósculo
Nunca miramos, medimos a boca
Sempre se acerta, encaixa-se bem
E como as palavras nunca convém
Te invado como se fosses oca
A língua inquieta como se em jaula
Em luta harmoniosa de prazer
Sem nada a ganhar nem nada a perder
Apenas vê-se a ascensão da alma
Pares de olhos muito bem trancados
Sendo tão inúteis pra enxergar
O que aos corações são confinados
Pares de ouvidos em mar de quietude
Onde a razão jamais vai ancorar
Até o adeus dos lábios, amiúde