Soneto do poeta

Nas amarelas páginas de um caderno mofado,

O autor escreve um verso com a mão trêmula.

Para ele, verso é o lirismo em palavra transformado

E na folha escrito. É poesia que sua história recapitula.

Ele não se achava poeta, mas apenas abstraído.

Pois a poesia encontra quem vagamente perambula

Pelas estradas sinuosas da vida. E ele fora flechado

Pelo arqueiro divino que andava decidido

A encontrar quem ouve a voz da estrela.

A caneta treme a cada traço grafado

E, no silêncio da madrugada, a mácula

Deixada pelo lápis no papel amarelado

Cria um ruído que comove e estimula

Aquele que com ele escreve, comovido.

*Texto selecionado para integrar a 31ª Revista Gente de Palavra, de Porto Alegre-RS.

Ronaldo Junior
Enviado por Ronaldo Junior em 16/04/2015
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