Soneto de Confissão

Eu confesso que não passo de um mísero,

admito a maldade e o eu egoístico,

sou um errático consciente do abísmico

e sei deste horror que assola meu ímpeto.

Qual humano se escancara de hipócrita?

qual ser medíocre é que arranca sua máscara?

eu, que atinjo essa indiferença máxima

deixo sangrar minha inútil carótida.

Da humana raça me afirmo inimigo:

sobe-me à goela um reflúxico grito

e fervem-me ânsias nos brônquios do peito.

Há cuspe em todas as letras que digo

e mais vícios nos meus olhos malditos

do que erros por meu caminho mal-feito.

Alessandro Reiffer
Enviado por Alessandro Reiffer em 23/05/2015
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