Soneto da vida mórbida

Horas depois do efeito do veneno,

O corpo do suicida estava estirado

Sobre a calçada imunda

Daquela rua deserta.

Poucos carros passavam,

E simplesmente não havia testemunhas

Para assistir àquela cena dramática.

Apenas os micro-organismos agiam,

Cumprindo seu papel na cadeia alimentar

E desfalecendo a carne ainda quente

Daquele que desprezava a vida por medo de sofrer.

Certamente a vida irradiava

Daqueles seres imundos

Mais que do homem que fugia do sofrimento.

*Texto integrante da antologia Inverno Sombrio, publicada em ebook pela Três Macacos Publicações.

Ronaldo Junior
Enviado por Ronaldo Junior em 19/07/2015
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