a flor

~~

a flor que ao meu lábio a roçar se atreve

deixa rastos de singular perfume,

que dá fúrias de mordiscar-lhe o lume

de um rubro, ora grave, ora leve.

sabe ao seu beijo, que não provei ainda,

e se provei, foi em sonhos molhados

pela chuva qu'entorna dos telhados

da vontade, tirana, que não finda.

seja lírio, dália, rosa ou açucena

toda a boca por ela se envenena,

toda a boca deve tributo à fome.

a flor, esse cálice de sangue louco

que, por muito que o sorva, sabe a pouco,

e, pouco a pouco, é ela que me consome!

~

Luís R Santos
Enviado por Luís R Santos em 15/05/2016
Código do texto: T5636319
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.