SONETO CINZA

Então, matizei de cinza os meus passos

na secura do cerrado, todo empoeirado

me enroupei de gesto insano e calado

para dar cor aos sonhos tão escassos

No céu cinza, ressecado, me vi sentado

na rua silenciosa era só rotina e cansaços

num claustro cinza, tão cheios de traços

e todos irregulares, opaco e acinzentado

Tentei colorir a saudade, já sem espaços

aí, então em mim, o cinza ficou afogado

como se pudesse, eu haver mais regaços

Sumido neste cinza, estava o meu brado

e vi que nascia em mim, vários pedaços

do tempo, que carecia ser, então, colado

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 01/10/2016
Reeditado em 07/11/2019
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