SONETO NA CONTRAMÃO

O badalo bate, o sino da igreja soa

Qual navalha o som corta a solidão

Chiando no silêncio pesar e aflição

E no relógio a hora a ligeireza ecoa

Num labirinto de saudade e emoção

A lembrança de asas no tempo voa

Desgovernando o sentimento a toa

Num vácuo de suspiros no coração

Então, o seu ganido invade a proa

Da alma, que se sente sem razão

E cansada de tantos ruídos, arpoa

Nesta quimera de dor e de paixão

Os olhos são cerrados pela garoa

Pingada das lágrimas na contramão

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Dezembro, 2016 - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 12/12/2016
Reeditado em 08/11/2019
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