SONETO AMEDRONTADO

O medo amedrontado está em mim

Poetando sombras de uma tristura

É um vazio cheio duma vil amargura

Num silêncio: mudo, surdo, sem fim

E neste vácuo sem a essencial figura

Entrajam faltos ornados de serafim

Dum temor com seu satírico festim

Assestando o poetar na ossatura

Então, do medo se alimenta, assim,

Cada vez mais tétrico fica, e procura

Um tal arrimo, sem doçura, carmim

E a ousadia onde fica? E a ternura?

Se o medo no medo, é trampolim!

E o fado sem medo, é vã ventura...

© Luciano Spagnol

poeta do cerrado

Fevereiro de 2017

Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 21/02/2017
Reeditado em 29/10/2019
Código do texto: T5919317
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