A GRADAÇÃO

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Figuras de Linguagem

 

A gradação consiste em dispor as ideias em ordem crescente ou decrescente. Quando o encadeamento das ideias se faz na ordem crescente temos o "clímax", ou seja, o encadeamento caminha em direção ao "clímax"; quando em ordem decrescente, ao "anticlímax". A técnica pode ser aplicada em diversas situações:

Na construção de um poema:

"Ó não guardes, que a madura idade

te converta essa flor, essa beleza,

em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada." (G. de Matos)

Na construção de uma narrativa, quando as sequências narrativas evoluem até um clímax ou caminham, retrospectivamente, para um anticlímax. No início do romance Quincas Borba, de Machado de Assis, o autor trabalha a gradação crescente para passar a ideia da meteórica ascensão de Rubião:

[...]. Cotejava o passado com o presente. Quem era há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Tunis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, [...].

Num texto argumentativo, quando é necessário ir aumentando a carga emotiva ou a força dos argumentos, como o faz António Vieira nos seus sermões, para conduzir a atenção dos seus ouvintes até um ponto alto e decisivo das suas conjecturas:

"Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba." (Vieira)

"O trigo... nasceu, cresceu, espinhou, amadureceu, colheu-se, mediu-se." (Vieira)

O discurso político, tentando convencer a totalidade dos ouvintes, frequentemente lança mão do recurso da gradação.

No aforismo:

"O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário." (Olavo Bilac)

"Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não saiba, que eu não veja, que eu não conheça a fundo." (Cícero)

Na música Mar e Lua, Chico Buarque de Holanda, faz uso de uma gradação decrescente:

[...] / Carregando flores / E a se desmanchar / E forma virando peixes,

Virando conchas / Virando seixos /Virando areia / [...] ®Sérgio.

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Para maiores informações sobre o assunto ver: Seixas Guimarães, Ana Cecília Lessa - Figuras de Linguagem – Atual Editora. / Assis Brasil – Vocabulário Técnico de Literatura - Edições de Ouro.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 28/08/2009
Reeditado em 19/05/2013
Código do texto: T1780471
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