EPIGRAMA

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Estudos Literários

 

A epigrama nasceu na Grécia (epi = sobre / gramma = inscrição, escrito) e designava toda a sorte de inscrição, em túmulos, monumentos, estátuas, medalhas, moedas, etc., em prosa ou verso, lembrando um acontecimento memorável ou um exemplo de vida.  Mais tarde, tornando-se breve e concisa, a epigrama passou a ser composta para circular por escrito, quando, então, cristalizou-se como forma literária e ampliou o raio de seus temas abrangendo o culto à liberdade, ao ódio, aos tiranos, a sátira, ao vinho e ao amor.

Com os romanos, o vinco satírico foi acentuado, como nesta epigrama de Valerius Martialis (Marcial), notável epigramista latino:

Thaida Quintus amat. (Quinto ama Taís.)

Quam Thaida? (Que Taís?)

Thaida luscam. (A caolha.)

Unum oculum Thais non habet, ille duos. (Ela é cega de um olho, ele dos dois.)

Essa epigrama de Marcial ilustra as principais características do gênero: dois versos, divididos em duas secções: nos dois primeiros versos o "nó", que visa a incitar a curiosidade do leitor, e nos dois últimos o "desenlace" que o satisfaz. Tem brevidade por norma, a sutileza sempre que possível e uma ponta de sarcasmo para arrematar os conceitos.

Entretanto, há epigramas que se compõem de várias estrofes, como este de Dionísio Catão, poeta latino (tradução de Bocage):

Se me lembro, Élia, tiveste

De belos dentes a posse:

Numa tosse dois te foram,

Foram-te dois noutra tosse.

Segura, noites e dias,

Podes tossir a fartar;

Podes, que tosse terceira

Já não tem que te levar.

Seja como for, a epigrama é formada de poucos versos da mesma, ou de diferentes medidas, na qual com precisão e agudeza se expressa um só pensamento principal e geralmente satírico.

Com Marcial, a epigrama atingiu seu ponto máximo. Deixou-nos as Epigrammatas em 14 volumes. Marcial veio a ser  modelo indiscutível para todos os que vieram depois e se puseram a elaborar versos epigramáticos.

Em Portugal, o mais famoso epigramista foi Bocage. No Barroco brasileiro interessou Gregório de Matos e outros, mas foi no Arcadismo que logrou maior audiência. Não obstante, até nossos dias é possível encontrar exemplos no gênero. ®Sérgio.

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Ajudou neste estudo: Massaud Moisés - A Criação Poética; Cultrix, S. Paulo, 1977.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me. Só irá enriquecer este trabalho.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 11/09/2009
Reeditado em 09/05/2012
Código do texto: T1805357