O TROCADILHO OU CALEMBUR

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Figuras de Linguagem

 

Trocadilho ou Calembur (do francês calembour) é uma espécie de paranomásia - figura de linguagem que consiste na aproximação de palavras semelhantes pelos sons, mas de sentidos diferentes. O trocadilho difere da paranomásia, pelo "emprego pilhérico dessas palavras (parônimas) numa mesma frase, por vezes, uma delas elíptica". Portanto, é "um jogo de palavras cujo sentido é trocado resultando num gracejo".

Diz-se que o trocadilho já era usado no tempo de Homero (século VIII a. C.), não passou despercebido a Platão em seus Diálogos, a Eurípides em seus dramas, nem aos poetas líricos do Barroco (século XVII). Luís de Camões o utilizou abundantemente, extraindo belos efeitos como nesta passagem com a palavra pena: "Esta pena que te dou / Fará voar teus escritos".

Na maioria dos casos o trocadilho tem conotações humurísticas e, por isso, tem larga utilização em discursos humorísticos e publicitários. Os trocadilhos mais frequentes ocorrem na cacofonia que  pode ser intencional ou acidental. Os elípticos não deixam de ser um tipo de ambiguidade intencional.

Podemos apontar algumas modalidades de trocadilhos: fonéticos, sintáticos, semânticos e cacofônicos. Exemplos:

   Sem conserto do piano não há concerto. (Fonético: som semelhante)

   Quem casa, quer casa. (Fonético: som semelhante)

   O grande homem é um homem grande. (Semântico: signif. diferentes)

   Come para viver ou vive para comer? (Sintático: troca de posições)

Para exemplificar o trocadilho cacofônico, transcrevo abaixo, um poema trocadilho popular, extraído do portal "Sua Língua" do professor Cláudio Moreno:

No alto daquele cume

Plantei uma roseira

O vento no cume bate

A rosa no cume cheira 

Quando vem a chuva fina

Salpicos no cume caem

Formigas no cume entram

Abelhas do cume saem

Quando vem a chuva grossa

A água do cume desce

O barro do cume escorre

O mato no cume cresce

Então quando cessa a chuva

No cume volta a alegria

Pois torna a brilhar de novo

O sol que no cume ardia.

O trocadilho é uma arte, e como tal deve ser bem manipulado, sob pena de resultar em tiradas chulas. ®Sérgio.

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Para maiores informações sobre o assunto ver: Azevedo, Arnaldo Arsênio de. Aspectos de Nossa Língua. Rio Grande do Norte, CERN, 1983, pp. 41-43. / J. Dubois: Retórica Geral, Carlos Filipe Moisés (trad.), Cultrix, São Paulo, 1974.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 12/11/2010
Reeditado em 20/05/2013
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