Como um pe de jabuticaba

Contei meus anos e descobri...

que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,

cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalômanos.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis

para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias

que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas

que, apesar da idade cronológica, são imaturas.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo

de coordenador, ou qualquer liderança.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou:

'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana;

que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos,

não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,

defende a dignidade dos marginalizados, cultivam sua espiritualidade,

e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,

desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes,

nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena !

Basta o essencial!

Cleurys
Enviado por Cleurys em 25/09/2012
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