POR UM(A) LEITOR(A) ATIVO (A) DE CANTIGA DE ESPONSAIS

BY A ACTIVE READER OF “CANTIGA DE ESPONSAIS”

J. J. B. P.

Mestre em Teoria Literária e Crítica da Cultura

Universidade Federal de São João Del-Rey

(jbosconato@hotmail.com)

Resumo:

Este artigo analisa a recepção do conto machadiano “Cantigas de esponsais”, de Histórias sem data (1884), a partir do conceito de leitor (pró)ativo. O objetivo fundamental é caracterizar esse leitor que aprofunda a ironia e a metáfora musical. Refletindo sobre Miguel-Pereira (1988), Eugênio Gomes (1958), Almeida Cara (2004), Wisnik (2005), Gandolfi (2005) e outros autores, constrói-se a atual contribuição, à luz da “mimeses” e da hermenêutica entre as estéticas de reprodução e da recepção, transpondo alguns critérios de leitura do conto para os nossos dias. O leitor se destaca ao perceber a intencionalidade e os possíveis usos e funções, contextos da narrativa. A recepção implica, em cada momento, a presença de Machado de Assis-leitor que interpela um leitor que não se contenta com a superficialidade e a reprodução de ideias. A produção e a recepção se complementam com a ativação de recursos hermenêuticos como deslocamento da intencionalidade para o universo do leitor, estrategicamente, à medida que a leitura se tornar instigante quando transcenda sua época. As entrelinhas e as inferências da narrativa são inesgotáveis. Assim, as narrativas podem ser percorridas pela interpretação entre o perspicaz escritor e assertivo leitor.

Palavras-chave: pró-atividade leitora; metáfora; recepção estética; hermenêutica

ABSTRACT

This article examines the reception of the tale Cantigas de esponsais, of Histórias sem data (1884), based on the concept of active reader. The fundamental objective is to characterize this reader that deepens the irony and musical metaphor. Reflecting on Miguel Pereira (1988), Eugene Gomes (1958), Almeida Face (2004), Wisnik (2005), Gandolfi (2005) and other authors, builds up the current contribution in the light of “mimesis” between hermeneutics and aesthetics reproduction and reception, transposing some criteria for reading aloud to our days. The reader stands to realize the intent and the possible uses and functions of narrative contexts. The reception means, at any time, the presence of Machado-reader that challenges a reader who is not satisfied with superficiality and reproduction of ideas. The production and reception are complementary to the activation of hermeneutical resources as displacement of intentionality to the universe of the reader, strategically, as reading becomes exciting when transcends its time. “Betweenlines”, and the inferences of the narrative are inexhaustible. Thus, narratives can be covered by the insightful interpretation between writer and reader assertive.

Keywords: proactive player; musical metaphor; aesthetic reception; hermeneutics

INTRODUÇÃO

O conto machadiano “Cantiga de esponsais” está inserido em Histórias sem data (1884) e nos instiga a um recorte da ironia e da metáfora musical para elucidar o discurso literário em sua recepção por um leitor ativo no sentido de sua criticidade de efeitos de sentido. Ora, para esse gênero textual e literário há um leitor específico e em processo de maturação a fim de se focar a profundidade da provocação machadiana. Esta provocação aparece conceituada, segundo João Hernesto Weber em Machado de Assis: uma apresentação, no conhecido ensaio “Instinto de nacionalidade”, de 1873, que já afirmava que o conto “É gênero difícil, a despeito de sua aparente facilidade, e creio que essa mesma aparência lhe faz mal, afastando-se dele os escritores, e não lhe dando, penso eu, o público toda a atenção de que ele é muitas vezes credor.” O sentido do texto não é mera ressonância de sons dos discursos sociais. Sua “imitatio” ou mímeses (AUERBACH, 2002) sistemática, hermenêutica, exegética, estilística, fonológica e musical/musicalizada implica mais uma apropriação com uma partitura-escritura em que a oratória e silogismos se afinam e se destoam da ideologia vigente do século XIX, época do Romantismo e do Naturalismo-realismo. Se o texto é uma tessitura de argumentos enviesados à escritura machadiana, há de se repensar no modo como Machado pretendeu como leitor de seu século provocar em seus leitores e nos folhetins de acesso às suas leitoras uma crítica à sociedade burguesa. Nesse viés, a musicalidade ou melodia que fecunda a narratologia machadiana se associa e interage à proposta de uma cantiga para o rito esponsal com o objetivo de destrinchar a oratória estéril burguesa emblematizada analogicameante à figura de mestre Romão, apequenado pela sua contínua reprodução de músicas sacras em liturgias latinas, católicas ao longo de sua vida com certo “status quo”. E, agora já idoso, de repente, no fim da sua vida: quando se vê em surpreendente desempenho e criatividade, morre, sem desejar! Esse regente frustrado e melancólico reproduz as cantigas da época sem conseguir alinhavar uma produção “sui generis”, ou seja, sem fazer a diferença entre os maestros e regentes de música sacra. Nesse sentido, Machado de Assis nos alerta como “status quaestionis” para a não reprodução de uma tradição em função de uma manutenção de um “status quo”, repensando o “status quaestionis” como as “ações do Estado” ou o aparato musical e litúrgico da Igreja. O paradoxo se instala: quando consegue seu tão esperado insight, a morte o surpreende inexoravelmente.

O contexto social ainda é a escravidão! Contra os que dizem ser Machado indiferente à temática escravocrata, esse conto faz uma exceção ou descortina tematicamente questões do mundo imperial à medida que se constitui um “mestre na margem do capitalismo” e um crítico da sua cultura pela mediação de códigos lingüísticos e elaborador de um conto articulado com a analogia à metaforização da música como construção ideológica de discursos da burguesia.

Para apreender esse recurso arquitetônico em que ressoa a melodia e a melancolia do mestre Romão, precisa-se de um leitor ou uma leitora, atentos às entrelinhas do discurso machadiano, porque “Desnudar contradições é optar por um caminho penoso”, segundo Selma Schons (1999). Para isso, precisamos de um leitor competente, segundo a percepção de Lúcia Miguel-Pereira (1988) em Machado de Assis: estudo crítico e biográfico. Para ela, Machado é instigante para quem não desanime de debruçar sobre seu labirinto estético, irônico e relativizador.

1. A METÁFORA DA PARTICURA COMO LUGAR DA LITERATURA NA RESSONÂNCIA DA CULTURA

Vamos ao fim do conto, talvez um dos hábitos do leitor apressado e contemporâneo dos novos dias da internet e do celular. “O mestre ouviu-a com tristeza, abanou a cabeça, e à noite expirou.” (ASSIS, 1997, pág. 78.)

Claro! Não basta ir apressado ao desfecho do conto para deduzir sua melhor intencionalidade hermenêutica e estética. Essa pode vir da leitura como reflexão (reflexão ou dobrar sobre si mesmo(a) ou aprender a partir do outro internalizado em si) e depois da analogia criteriosa com a vida e a sociedade do leitor proativo, ponderando valores e estratégias de leitura dialética dentro do conto e seu contexto e a experiência pessoal do leitor ou da leitora com os seus pares, as instituições em que estão inseridos texto e contexto do conto todo e do leitor como agenciador ou codialogante com o leitor-escritor Machado de Assis.

Para contextualizar essa frustração de mestre Romão. Agora faz sentido remetermo-nos às razões da narrativa e o sentido da melancolia que pulsa todo o tempo na pena machadiana.

Joaquim Maria Machado de Assis, nascido no Rio de Janeiro, em 1839, é um dos escritores mais bem sucedidos da literatura brasileira. Esmerou-se por copilar sua escritura em poema, crônica, dramaturgia, conto, em folhetins, artigos de jornal e elaborado crítica literária. Soube argutamente fecundar as suas leituras e ter acesso às cultuaras pelo seu bom casamento com a portuguesa esposa Carolina Xavier de Novaes que lhe possibilitara acesso ao melhor da literatura mundial e portuguesa do século XIX, sua obra ganhou qualidade e notoriedade em nove romances e várias peças teatrais, 200 contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos e mais de 600 crônicas. Ele faleceu em 1908, vivendo seus 79 anos. Como pôde alcançar degrau por degrau a envergadura de ótimo escritor? Uma das possíveis respostas está na sua capacidade de leitor e interprete perspicaz de seu mundo e crítico da cultura do século XIX. Isso lhe confere uma referencialidade estética e base para a posteridade ao lado dos grandes escritores de sua época, reconhecidos até a atualidade. Sabe-se que estudou a vida inteira, além de dedicar-se às línguas francesa, inglesa, italiana e morrer estudando o alemão. O fato de Machado de Assis ter sido pobre, negro, epilético, gago, não o impediu de se tornar o leitor dinâmico de sua época e de outros escritores como Shakespeare, Stern, Pirandello, Victor Hugo, Baudelaire, Camões, os iluministas franceses, dentre outros.

Uma delas está explicitada abaixo, com as palavras do próprio narrador machadiano.

Logo que ficou só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde 1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas arrancadas a custo, e não concluídas. E então teve uma idéia singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qualquer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma na terra.

— Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e se conte que um mestre Romão... (ASSIS, 1997, p. 78).

“Cantigas de esponsais” nos remete aos rituais do noivado, inclusive à cerimônia ou liturgia ou canticos da cerimônia do matrimônio. Antigamente, a Igreja Católica tinha cânticos próprios para a celebração com o “compromisso: ‘spondere’ (prometo), daí originando a denominação do instituto, ‘sponsalia’.” Por isso, esponsais que decorre da palavra latina “sponsalia” e do verbo correspondente “esponsare”, utilizadas na solenidade que selava esse compromisso entre os esposos desde a antiguidade.

Dentro desse contexto, Machado de Assis nos faz conjecturar a vida pacata e tediante de mestre Romão. A metáfora imperfeita da musicalidade sacra esponsal nos remete ao desejo de fama de mestre Romão. E há também sua audição do casal que canta próximo a sua residência. Mas, mestre Romão, embora se identificando ao engenho musical com o “insight” da vizinha que canta maravilhosamente, morre antes de conseguir completar sua partitura musical. O que signfica tal situação e como o leitor pode descortir no sentido da proposta machadiana no século XIX?

Há muitas maneiras de responder tal questão como sugerimos nesse artigo, dividido em três perspectivas.

Contudo, a proposta machadiana está centralizada na metáfora da musicalidade de Romão e da vizinha como dualidades perceptíveis e não redutiveis. Mestre Romão deseja plagiar a condição da vizinha que espontamentemente produz cantiga esponsal de qualidade. E ele que pretendia fazer a diferença nessa direção, vê-se incapaz e morre sem realizar seu sonho.

Para fazer uma leitura mais profunda do texto, há muitas possibilidades. Contudo, além de propostas fenomenológicas, estruturalistas, existencialistas, derridianas, foucaultianas, dentre tantas, Giselda Gandolfi (2005) propõe algumas condições estratégicamente cognitivas e abertas à neurociência para ajudar na formação leitora de aprendizagem cultural das funções da leitura e inferências pelo contexto do texto. Ou seja, pelo universo do leitor e seus saberes, fica-se aberto à perspectiva de ler e comprenender e saber ler. Toda leitura é processual, interativa e comunicativa social e culturalmente. As práticas de leitura significa ressignificar os saberes e refletir sobre transposições didáticas próximas ao contexto de cada leitor até que ele seja capaz de percorrer seu próprio caminho com crítica e estilo, prazer e ousadia, pelo conjunto de recursos apropriados ao longo do tempo, dentro e fora da escola. Na verdade, não é a escola a proprietária da formação de leitores e escritores eficientes e ativos. A construção de sentido pela leitura e escrita é por toda a vida social e implica a interação de textos e grupos social em diferentes e tensas situações. Lá onde o leitor lê pode ele, sem perceber ou não, a presença solitária e solidária de sua produção e leitura de mundo e de si: sua inserção de saberes, técnicas, crenças e experiências como sujeito de sua vida e um ser ou ente sujeitado ao mundo, no sentido schopenhaueriano: a vontade de ser se submerge diante da vontade de poder.

Essa tensão ambígua e ineludível forja o leitor nas práticas dialógicas e culturais de leitura como construção de sentidos como interação social entre pessoas e produção de texto com contextos e propósitos mais consistentes do que meramente uma satisfação para ter nota e passar na escola. O bom leitor não nasce pronto! A leitura compreensiva supõe idas e vindas ao texto e sua discussão em duplas e grupos pelos estudantes e amgios em dada situação, quer onde estiverem. Toda leitura supõe questionamento sobre o que e como ler, para que e para quem ser ler tal texto, que foi construído pela socieadade em tal motivo e tais condições e contextos. Cabe aos leitores percorrer as pistas e marcas de autoria, estilo, gênero, tipo de texto, dados explicitos ou não no texto, o contexto a que o texto nos remete, se o texto é coerente e coeso ou não, sua argumentação é ética ou autoritária, porque então ler tal texto e o que ele pode me provocar ou não... Há textos para os quais os alunos se sentem armados e desmotivados: por quê? Ou as atividades decorrentes deles são sem sentidos e ineficientes.

Segundo Grellet (1982, p.103, apud GANDOLFI, 2005, p. 16), os leitores percorrem diferentes leituras até a melhor possível e mais profunda conforme sua capacidade e bagagem cultural. As leituras variam de superficial, rápida, intensiva, extensiva de acordo com os desafios e textos motivados ao interesse das pessoas. Umberto Eco (2000, apud GANDOLFI, 2005, p. 17-18) reconhece que há um limite de interpretação para cada texto: cada texto tem um objetivo, uma proposta e uma posição ideológica. Ou seja, cada texto tem um contexto que o forjou e não deve ser tão aberto segundo a expectativa do leitor “ad infinito”. Para provocar o leitor quanto ao texto e seu título, há a técnica de pedir-lhe para expressar sua hipótese-expectativa; contudo, cabe ao mesmo leitor verificar se o texto atendeu ou não ao seu interesse inicial. E que caminho o texto se destrinçou provocando o leitor que pode ser aberto ao argumento e temática do texto-objeto de reflexão. Repensar esse jogo de expectativa, leituras e pós-leituras pode ser fecundo quando o leitor enriquece sua visão de mundo e pode se posicionar em algumas temáticas tradicionais e novas para sua vida. Aqui, Isabel Solé (1998, apud GANDOLFI, 2005, p. 20-21), situa os modelsos hierárquicos descendentes de interação a partir de hipóteses e antecipações prévias do texto em verificação e discussão.

A discussão aciona outros conhecimentos prévios, não centrados nem no leitor e nem no texto, provocando modelos de aprendizagem e interação ascendentes (quando o leitor compreende o texto todo como processo de decodificação) e descendentes (a partir das hipoteses e antecipações do texto verificado) e modelos interativos (os conhecimentos prévios do saber interferem na interpretação do texto na vida das pessoas). Para Mercedes Rueda (1995, apud GANDOLFI, 2005, p. 20 - 21), para isso, cabe ao ensino proporcionar modelos discretos de leituras para o leitor aprendiz (reconehcendo letras, palavras, frases e até a compreensão do texto) e modelos contínuos (compreensão leitora complexa, interativa, porque é preciso saber ler e o ler transcende a mera decodificação de textos e situações: o contexto e textos são aliados da significação maior e plural da vida que pulsa no texto). Para Sánchez Miguel (1995, apud GANDOLFI, 2005, p. 23), se o leitor não consegue isso é porque tem lacunas na leitura e dêficits de conhecimento prévios, de técnicas de leituras, de estratégicas de compreensão de texto e comunicação oral e escrita, e as de autorregulação (reprsentação situacional e compreensiva do testo ou nível de conceitos e visualização da complexidade de ler o texto proposto e sua linguagem lhe é estranha e distante.).

O caminho da superação de suas dificuldades implica roteiros de comprensão local, gobal e problematização com estratégicas específicas para cada leitor em cada fase de sua demanda. O estudo em grupo, o recurso gestual, autoajustes de recursos e condições levando o leitor a autoestima e autoconhecimento de problemas afetivos e sociais ou familiares (gagueira, timidez, medo, repressão, insegurança, distração, problemas de visão ou audição ou dicção, e outras dificuldades de leitura.). Seundo Marisol Velásquez (2000, apud GANDOLFI, 2005, p. 41), as estratégias de leitura sobre textos envolvem perguntas como lexicais, causais, comparativas, especificativas, indutivas, macroestruturais...

Quando à operaconalidade do pensar, toda leitura requer atenção do leitor como observar, comparar, resumir, interpretar, hipotetizar, valorizar/criticar...

Gênero implica o que o leitor está lendo; o objetivo da leitura responde o para que(m) está lendo (estudar, busca de dados, concurso, por entretenimento...); o contexto da leitura situa o leitor em qual situação específica (escola, igrejas, clubes, lazer, pesquisa pessoal, formalidade de herança no fórum, outros espaços.).

Nenhum leitor desenvolve sua capacidade de formação de leitor ativo sem o despertar de seus conhecimentos prévios e a capacidade de ler e dizer algo sobre o que se leu para si e para os outros. Cada leitor proeficiente ou competente sabe que teve e tem um caminho processual e constante de vencer-se e ultrapassar seus limites emocionais e buscar sua proativação intelectual e valorização social.

Então, nesse sentido, ler não é apenas produzir sons aleatóricos e mencanicamente. Ler é mais do que somente decoficar um texto e uma situação de comunicação. Ler implica um aprendizado e uma interação processuais e contextuais, em que o significado final do texto é decorrente de processos de argumentação, contestação, afinidades, debates, seminários, reconhecimentos de resenhas, e não mera repetição de conteúdos didáticos descontextualizados e não é consequencia de aprendizado de gramáticas e estudos de gêneros e tipos de textos, se desconexos de sua função e contextos sociais de comunicação, segundo Lerner (1998, apud GANDOLFI, 2005, p. 8) como produção de texto embasado em contextos e cotextos de leitura e escrita específicos.

2. O DISCURSO COMO HUMOR E IRONIA

Já houve um leque até agora de produções publicadas sobre a vida e a obra de Machado de Assis.

Alguns se dedicaram a aprofundar traços específicos dos contos machadianos como Eugênio Gomes (1958) em Aspectos do romance brasileiro. Outro texto seu é uma análise, feita em 1949, sobre a contra-argumentação machadiana contra o academicismo estéril em Espelho contra espelho: estudos e ensaios.

Coube a K. David Jackson (1987) reconhecer o talento machadiano em Transformations of literary language in Latin American literature: from Machado de Assis to the vanguards. Austin: University of Texas at Austin, 1987.

Por sua vez, Raymundo Faoro (2001) fez um estudo sobre a obra de Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio.

Nessa mesma época, Freitas (2001) compilou análise sobre a relação entre Freud e Machado de Assis: uma interseção entre psicanálise e literatura.

Outra veio de José Miguel Wisnik (2005) em Análise do conto: “Cantiga de Esponsais” em contraposição ao conto “O espelho”. O risco deste autor é confundir escritor e narrador. Contudo, seu mérito estar por elucidar alguns motivos da discursividade machadiana, em bom tom e profundidade, quando enfatiza aspectos biográficos e estéticos:

O conto tem o seu entendimento fechado também na figura da ex-esposa do maestro. (...) o amor idealizado, romântico, perfeito, amor como metade ausente sem representação física, que o impediu de lançar-se nas contradições do exercício efetivo daquele relacionamento, por não se julgar a altura do sentimento e da mulher amada. Isso gerou a impossibilidade na sua vida sentimental comprometendo por ressonância toda a sua futura obra musical, irremediavelmente perdida com a morte da esposa. Machado de Assis faz uma leitura psicanalítica da personalidade do maestro Romão e isso em 1883, antes de Freud e da psicanálise moderna.

(...) É sabido que o seu casamento de 35 anos com Carolina Xavier de Novaes teve importância decisiva para Machado, dando-lhe a serenidade necessária à criação de sua obra. E foi tanta a importância de tal amor que Machado de Assis levou vida retirada depois da morte da esposa, sobrevivendo à perda apenas mais quatro anos. (WISNIK, 2004, p. 1)

Outra delas é a coletânea de artigos em torno da psicanálise, reunida por Salete de Almeida Cara (2004), cuja parte da resenha da obra O bruxo do Cosme Velho – com o subtítulo: Machado de Assis, num encontro de críticos e psicanalistas, essa autora pôde sintetizar a força impactante e, tensamente, paradoxal de Machado de Assis:

Construída desde o século retrasado ela apanha leitores por todo o lado, e já é um capítulo com revelações de interesse sobre os impasses trazidos pela obra do escritor ao longo dos anos. Impasses que resultam do tratamento conferido por Machado à sociedade e ao homem brasileiros, sempre associados ao andamento da experiência internacional do tempo. (CARA, 2004).

O reconhecimento da inovação estilística e literária vem destacar a obra de Luís Costa Lima (1981) em “Sob a face de um bruxo”, que se encontra em Dispersa demanda.

E o epíteto de Bruxo do Cosme Velho consagrará, com um efeito carinhoso e ousado a escritura de Machado de Assis. É o que se dedica, poeticamente, ratificar Carlos Drummond de Andrade (1959) quando publicou "A um bruxo, com amor". Esse poema está em A vida passado a limpo (1959), reeditado pela Companhia das Letras, em 2013. Hélio Guimarães, professor da área de literatura brasileira na Universidade de São Paulo (USP), afirmou em 21 de setembro de 2012: “O poema compõe-se quase inteiramente de frases e expressões tiradas de crônicas, poemas, contos e romances do autor de Dom Casmurro.” (GUIMARÃES, 2012, p. 1).

Em certa casa da Rua Cosme Velho

(que se abre no vazio)

Venho visitar-te; e me recebes

na sala trajestada com simplicidade (...)

A terra está nua deles [dos homens]. Contudo, em longe recanto,

a ramagem começa a sussurrar alguma coisa

que não se estende logo

a parece a canção das manhãs novas.

Bem a distingo, ronda clara:

É Flora,

com olhos dotados de um mover particular

ente mavioso e pensativo;

Marcela, a rir com expressão cândida (e outra coisa);

Virgília,

cujos olhos dão a sensação singular de luz úmida;

Mariana, que os tem redondos e namorados;

e Sancha, de olhos intimativos;

e os grandes, de Capitu, abertos como a vaga do mar lá fora,

o mar que fala a mesma linguagem

obscura e nova de D. Severina

e das chinelinhas de alcova de Conceição.

A todas decifrastes íris e braços

e delas disseste a razão última e refolhada

moça, flor mulher flor

canção de mulher nova…

E ao pé dessa música dissimulas (ou insinuas, quem sabe)

o turvo grunhir dos porcos, troça concentrada e filosófica

entre loucos que riem de ser loucos

e os que vão à Rua da Misericórdia e não a encontram.

O eflúvio da manhã,

quem o pede ao crepúsculo da tarde?

Uma presença, o clarineta,

vai pé ante pé procurar o remédio,

mas haverá remédio para existir

senão existir?

(...) Que crime cometemos além de viver

e porventura o de amar

não se sabe a quem, mas amar?

Um som remoto e brando

rompe em meio a embriões e ruínas,

eternas exéquias e aleluias eternas,

e chega ao despistamento de teu pencenê. (...)

(ANDRADE, 1959, p. 1, grifo nosso)

A partir do poema de Drummond, acima, que se debruça sobre os méritos da vida e da obra de Machado de Assis, podemos sentir e conjecturar algumas pistas musicais, melódicas, melancólicas ou não de Mestre Romão: era o que tudo procurava na nota musical “lá...” Uma inspiração transcendente para dar sentido a sua vida e a sua última insistida de fama e valor à posteridade. Que desafiante! Machado de Assis conseguira viver sua musicalidade integral e ousada: criar sua própria escritura e deixar um legado inesgotável para a posteridade. Nós somos parte de sua posteridade. Somos como seus filhos de coração e da escritura: precisamos de sua obra para nossa condição de brasilidade e universalidade instigante e rebelde, ponderada e meditativa, sem deixar submeter pela tutela da racionalidade e nem sucumbir na impotência dos paradoxos, nossa terrena e planetária condição mortal.

E o narrador machadiano (des)arremata o conto, assim: “Mestre Romão, ofegante da moléstia e de impaciência, tornava ao cravo (pequeno piano); mas a vista do casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não soavam. — Lá... lá... lá...” (ASSIS, 1997, p. 78.)

3. A CRÍTICA COMO LUGAR DE REFLEXÃO DO NÃO SENTIDO DA IDEOLOGIA

É a partir do olhar pedagógico em Machado de Assis, escrito por Arnaldo Niskier (1999), o que podem fazer as conjecturas, as prospectivas e as criticas de Machado sobre o homem e a mulher de nosso tempo, nossas mazelas e hipocrisias. Sua vasta e profunda visão de mundo e sua ironia são a espaço de aprendizagem de quem quer aprender a autocrítica e a crítica sutil da sociedade hodierna.

Diante da sociedade globalizada, as identidades se fragmentam e se desfacelam diante do leque das opções neoliberais e frustrantes. Para diferentes eu’s ou identidades de leitores ou leitoras à margem desse processo e no afã de se inserir no espírito competitivo do mercado, é sempre um desafio entender ou se agendar nos eventos de uma sociedade de desencontros e do descartável. O capital global desmantela o capital local! Nesse sentido, os sonhos e projetos coletivos das camadas populares são deslocados como migrações e “mercado de reserva” disponível aos interesses dos grupos hegemônicos que competem entre si pelo centro ou centralização de ações do mercado e das tecnologias.

Stuart Hall (2003) descreve as tramas psicoafetaivas e sociais entre grupos e camadas populares diante do projeto globalizante da pós-modernidade. Ele se constitui também um leitor ávido ou mediador cultural capaz de denunciar as contradições sociais do neoliberalismo, que colocam à margem os vários grupos e agentes das camadas populares, dos excluídos e das excluídas do jogo de forças capitalistas nas “errâncias” ou nos movimentos migratórios ou diásporas contemporâneas, locais, regionais, continentais e globais. Nesse contexto, os mais pobres, mulheres, negros e migrantes sofrem as conseqüências das contradições sociais e econômicas no mundo do trabalho e na educação. Um dos escândalos atuais é o Tráfico (des)humano de mulheres, crianças, migrantes, contrabando de órgãos humanos, de animais, além de drogas e armas de guerra, todos tratados e tudo tratado como mercadores que dão lucros a grupos e a agentes clandestinos no mundo todo.

Então, faz sentido ainda ler Machado de Assis para ter mais uma mediação crítica do sistema de desigualdades sociais e culturais. O sentido de frustração e de alienação, de marginalização é experienciado por os latinoamericanos e povos do mundo todo, em especial mulheres, migrantes e empobrecidos pelos sistemas sociais. Diante da nova pobreza no mundo, decorrente da globalização, pode-se afirmar: "O pauperismo, como resultado do trabalho, do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho, é uma especificidade da produção fundada no capital." (MARX, 1980 a, t 2, p 110, apud IAMAMOTO, 2001 a p. 16 e 2001 b, p. 68). Porque onde há ricos há pobres; quanto mais pobres mais são os ricos. É uma ordem desproporcional terrível e humilhante, o capital está sobre o trabalho. E a antinomia entre eles é a razão do empobrecimento, das guerras, revoltas, pobreza generalizada, corrupção, crises, instabilidades econômicas, precariedades de serviços, injustiça de todo tipo.

É nesse contexto, que o narrador machadiano no canto “Cantiga de esponsais” é a voz que representa milhões de vozes deixadas à margem:

Impossível! Nenhuma inspiração. Não exigia uma peça profundamente original, mas enfim alguma coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mulher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. (ASSIS, 1997, p. 78.)

Outra mediação para trazer Machado de Assis ao nosso contexto de interpretação da nossa realidade brasileira é a leitura de Derrida (1995), repensando o seu sentido da escritura como “diferança”. Desse modo, pode-se avançar na leitura sobre Machado de Assis como em o modo peculiar de construir a literatura brasileira diferente no sentido de própria, autônoma, original, criteriosa, criativa, crítica, não etnocêntrica, híbrida, crioula, a partir do Bruxo do Cosme Velho, sabendo-se que toda escritura nos remete à estrutura como jogo discursivo de signo e de ideologias colocadas em confronto e questionamentos do “status quo” a partir do entre-lugar machadiano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de aprofundar alguns matizes desse leitor atento às artimanhas da construção do conto machadiano, podemos entender a feminilização do conto vida texto como melodia e partitura musical e a derrocada do masculino como única fonte de saber e de realização etnocêntrico. As notas vindas da jovem são o horizonte musical no qual o mestre Romão vislumbra sua possibilidade de consolidar e finalizar sua carreira de músico e fazer alguma coisa significativa como partitura de mérito para o porvir. Contudo, o narrador machadiano visualiza o desfecho cruel: ele morre sem realizar seu desejo. Seu projeto é abortado: a vida de casado em tempo tão breve é um peso que lhe é herdado e a mediocridade de sua formação musical o iguala àqueles sem criatividade e ousadia para legar cantiga esponsal cujo valor ninguém possa contestar. Machado critica uma sociedade sem novidade; sem criatividade, sem condições de apostar em uma qualidade sustentável, ética e libertadoramente. O humor e a ironia desvendam o pessimismo do “Bruxo de Cosme Velho”, um eco drummondiano do cotidiano e do pessimismo frente à sociedade capitalista e burguesa. Se Machado propõe uma crítica à burguesia como negação à estética dos espelhos, recurso metafórico do realismo e do naturalismo, Carlos Drummond de Andrade se refere à modernidade líquida no Brasil, cujos valores não se sustentam visto que são paradoxais como seus próprios agentes sociais.

Uma das condições da autonomia cidadã, segundo Paulo Freire (1996), é a capacidade de intercambiar significados na sociedade letrada e entre as camadas populares como condição de existência, diálogo e aprendizagem continua. A visão crítica e axiológica se torna fundamental para priorizar valores e emoções em uma sociedade do espetáculo, do consumo e fragmentada como a que vigora na globalização e internacionalização das migrações, da pobreza e da riqueza. (CASTEL, 1998, p. 33). Para este, a marginalização continua historicamente na "periferia da estrutura social - sobre os vagabundos antes da revolução industrial, sobre os 'miseráveis' do século XIX, sobre os 'excluídos' de hoje - inscreve-se numa dinâmica social global" (1998, p. 33). E é, nessa condição, à margem do etnocentrismo na América Latina, que Machado é um intelectual sagaz e um entre-lugar (expressão de Silviano Santiago em 2000) capaz de desconstruir os arquivos da colonização no Brasil ou rebelar-se contra o “status quo” a partir do século XIX. Como olho estrábico de Ricardo Píblia e o outro mestre o conto Julio Cortázar (1914-1984) em Valise de cronópio, por sua vez, Castel (1998) constrói a metáfora do efeito bumerangue para dizer que "problemas suscitados pelas populações que fracassaram nas fronteiras de uma formação social retornam para o seu centro". E registra: "os poderosos e os estáveis não estão colados num Olimpo de onde possam contemplar impavidamente a miséria do mundo" (CASTEL, 1998, p. 34).

Por isso, entende-se que "integrados, vulneráveis e desfiliados pertencem a um mesmo conjunto, mas cuja unidade é problemática..." (1998, p.34), e se coloca o questionamento no seguinte ponto: "a redefinição da eficácia econômica e da competência social deve ser paga ao preço de se pôr fora-do-jogo de 10, 20, 30% ou mais da população. Será possível ainda falar em pertencimento a um mesmo conjunto social?" (CASTEL, 1998, idem). Embora a ascensão ou mobilidade social das classes não seja recentemente nova, assume essa sociologia da interpenetração e tensão entre camadas populares novos contornos na fenomenologia antropológica e econômica dos contextos da globalização.

A dimensão afetiva da mente e do corpo é mediatizada pelas linguagens, pela palavra e pelas novas tecnologias. Um leitor pró-eficiente se incumbe de saber ler dentro destas perspectivas as demandas de si e dos imperativos nem sempre lícitos e éticos do mercado. A lógica mercadológica das obras requer a seleção e triagem de um leitor mais maduro e criterioso.

Fiquemos, pois, com as palavras de Paulo Freire (1996) ao afirmar que: “... jamais pude entender a educação como uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura reacionalista.” (1996, p. 92) Para Freire (1996), como leitor proativo: a prática educativa é o rigor intelectual de quem ama gente e conhece o mundo em que está vivendo e procurando torná-lo melhor e mais ético à medida que os sujeitos envolvidos se tornem mais autônomos relativamente no respeito à natureza, ao outro e a si mesmo como uma rede de diferentes, não indiferentes. Com Machado de Assis, nossas cantigas, quaisquer que sejam, à luz de Drummond, serão sempre colocadas em questão, para nos revelar: ou dito de outra maneira, para revelar o melhor que possamos irremediável e necessariamente. Deste modo, o mestre da nossa literatura, Machado de Assis, evoca sábia ponderação e ousada coragem para apontar, sutil e poderosamente, em sua escritura, a análise-bisturi como constante recurso epistemológico e ético conhecedor da alma humana e seus paradoxos na esteira do princípio maior, muitas vezes, duro e instigante: “conhecereis a verdade, esta vos libertará...”

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