CONFISSÃO DE INOCÊNCIA

A Poética mitiga a nossa fome de beleza, de amor ao homem e crença na humanidade; de recriação do que está comumente mal posto ou carece de algo aos nossos olhos. Rendemo-nos à vontade do Absoluto, ao inconsútil e nem sempre compreensível respirar do Mistério... O poeta é apenas o arauto de Seus desígnios, através do universal e coerente exercício da comunicação interpessoal. Nesta hora de nascimentos, o espiritual está absolutamente livre do conceito de “pecado” e o poema é a mais absurda confissão de inocência. É sempre conveniente que seja uma linguagem universal ou próxima do entendível por todos os que pretendem se lambuzar do Novo que a proposta contém. A Poética é a aposta de esperança no after day que se liberta ao receptor através da singela visão de ler e sentir o visto. No entanto, esse tem de ser um olhar casto, atento para a virgindade que se perde no ato de fruir o gozo superveniente. Que se pode repetir ou não. Enfim, com todos os ânimos que sobrevêm após a fruição. O poema lido é sempre uma conjunção única e individuada.

– Do livro OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02; 2015/17.

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