TUDO SOBRE A TROVA  E MUITO MAIS   
            - TEORIA LITERÁRIA -

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Por Judd Marriott Mendes


 

A trova é um poema que contém apenas uma estrofe com quatro versos heptassílabos. Conheça a história e outras características desta composição poética. A trova é, na literatura, um poema autônomo monostrófico, isto é, que apresenta uma única estrofe com sete sílabas poéticas em cada verso. Os quatro versos em redondilha maior devem oferecer ao leitor o significado completo da mensagem a ser transmitida.

Segundo o poeta brasileiro Luiz Otávio, esta composição poética deve rimar pelo menos o segundo com o quarto verso e é uma criação literária popular, que devem falar diretamente ao coração do povo.

Histórico
O nascimento da trova está estreitamente relacionado à poesia da Idade Média, quando esta composição poética se referia a qualquer poema e letra de música. Tal criação literária desenvolveu-se no tempo das Cruzadas, do sistema feudal e do prestígio do clero.
Na Europa, mais especificamente na região sul da França e em Portugal, prosperou um movimento poético denominado Trovadorismo. Os poetas que se dedicavam a compor esses poemas eram conhecidos como trovadores.

Os portugueses trouxeram a trova para o Brasil, e continuou com Anchieta, Gregório de Matos, Tomaz Antonio Gonzaga, Claudio Manuel da Costa, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.

Atualmente, a trova é o único gênero literário exclusivo do português.

Características da trova
A trova é um poema monotrófico, isto é, que contém apenas uma estrofe, com quatro versos heptassílabos (redondilha maior). O significado completo da mensagem que o trovador deseja transmitir deve estar contido nos quatro versos. Trata-se do menor poema da língua portuguesa e deve obedecer a características rígidas.

A rima é obrigatória na trova, mas não é obrigatório haver um título. Esta composição poética possui a sua conceituação própria e diferencia-se da quadra e da poesia de cordel, da Trova Gauchesca, do Repente e do poema musicado da Idade Média.

As rimas de uma trova podem unir o primeiro ao terceiro verso e o segundo ao quarto, seguindo a estrutura rimática alternada (ABAB). Pode também apresentar outra disposição, com o segundo verso se ligando ao quarto, conforme a estrutura ABCB (rima simples). Existem também trovas com rimas no plano ABBA (rima interpolada) e AABB (rima emparelhada).

São três os gêneros básicos da trova:

Trovas líricas – Abordam sentimentos;
Trovas satíricas – São as engraçadas;
Trovas filosóficas – Contêm ensinamentos.
A trova também é chamada de “quadra” ou “quadrinha”, porém esta comparação apresenta problemas, uma vez que as regras da trova não ocorrem necessariamente na quadra. É importante ressaltar que a quadra é uma poesia mais longa, enquanto a trova se resume a uma estrofe completa em si.
Exemplo de trova

Confira a seguir um exemplo de trova, de autoria de Luiz Otávio (nome literário de Gilson de Castro):

Às vezes o mar bravio
dá-nos lição engenhosa:
afunda um grande navio,
deixa boiar uma rosa!

Gêneros da Trova
Os gêneros básicos da trova são três:

A- Trovas Líricas:
Falando dos sentimentos; amor, saudade, etc.

Saudade palavra doce
que traduz tanto amargor;
saudade é como se fosse
espinho cheirando a flor...
- BASTOS TIGRE -

B- Trovas Filosóficas:
Contendo ensinamentos, máximas, pensamentos, etc.

Duas vidas todos temos,
muitas vezes sem saber:
-- a vida que nós vivemos,
e a que sonhamos viver...
- LUIZ OTÁVIO -

C- Trovas Humorísticas:
Como o próprio nome diz, são trovas que se propõem a fazer rir.

Eu, trabalhar desse jeito,
com a força que Deus me deu,
pra sustentar um sujeito
vagabundo que nem eu?
- ORLANDO BRITO -

Se buscarmos nos dicionários algumas palavras, abaixo relacionadas, encontraremos, de maneira geral, definições que já não se coadunam com a realidade atual.

Por exemplo:
Trova Composição lírica, ligeira e de caráter popular; canção; cantiga ou quadra popular.
Trovar: Fazer ou cantar trovas; poetar; exprimir em cantigas.
Trovador: Poeta da Língua de "oc" que cultuava a poesia lírica nos séculos XI a XIV; diz-se dos poetas portugueses que, nessa época, imitavam a poesia provençal; cantos; seresteiro.
Troveiro Poeta da língua de oil que cultivava a poesia lírica medieval, especialmente na França, do século XI ao século XIV.
Aurélio Buarque de Holanda acrescenta:
Trovador Na Idade Média, poeta ambulante que cantava seus poemas ao som de instrumentos musicais; menestrel; poeta; vate.
Troveiro Aquele que faz trovas, ou trova; trovador; trovista.

Com todas estas definições não se chega à nenhuma definição! Na verdade, o termo TROVA, do francês, "trouber" (achar) nos indica que os trovadores devem "achar" o motivo de sua poesia ou de suas canções.

Apenas as citações de "composição ligeira e de caráter popular" e "cantiga ou quadra popular" podem nos conduzir ao que é e o que representa, hoje, na literatura portuguesa este gênero, do qual disse Catulo da Paixão Cearense;
-- "A Trova é a mais popular das formas poéticas!"

Realmente, originária da quadra popular portuguesa, a TROVA teve no Brasil um desenvolvimento inusitado, e é hoje praticada por mais de 3000 trovadores em todo o Brasil; tem uma organização de âmbito nacional, a UBT - União Brasileira de Trovadores, com delegacias e/ou seções em quase 200 cidades do Brasil e com um organograma de presidência nacional, regional e estadual, cobrindo 16 estados do Brasil e realizando, em média, cerca de 30 a 40 concursos de trovas e/ou jogos florais por ano, além de manter um intercâmbio intenso com os trovadores de Portugal.

A TROVA é, hoje, o único gênero literário exclusivo da língua portuguesa! Originária da quadra popular portuguesa, encontrou campo fértil no Brasil, mas, só depois de 1950 começou a ser estudada e difundida literariamente.
Nesta época, um poeta do Rio de Janeiro, chamado Gilson de Castro e que, mais tarde, adotou o pseudônimo literário de LUIZ OTÁVIO, juntamente com J.G. de Araújo Jorge, começou a estudar e propagar a quadra popular brasileira, junto a um seleto grupo de poetas.
Em 1960, depois de participar de um Congresso do GBT - Grêmio Brasileiro de Trovadores, em Salvador, Luiz Otávio implantou uma série de seções desta entidade no sul do Brasil.
Pelas inúmeras diferenças em forma de poesia, acabou havendo uma separação e, em 1966 foi fundada a UBT - União Brasileira de Trovadores; trabalhando durante todo o ano de 1966, chegou-se a 8 de janeiro de 1967, quando, já previamente estabelecidas, foram fundadas, oficialmente as Delegacias e Seções da UBT, iniciando-se pela do Rio de Janeiro.
O símbolo adotado foi uma ROSA e, o padroeiro, SÃO FRANCISCO DE ASSIS.
Hoje a UBT realiza e/ou coordena concursos de trovas anuais em dezenas de cidades, entre elas: Belém, Fortaleza, Natal, Salvador, Campos, Nova Friburgo, Niterói, Barra do Piraí, Petrópolis, Cachoeiras do Macacu, Nova Iguaçu, Valença, Rio de Janeiro, Santos, Pindamonhangaba, Caçapava, Jambeiro, Itanhaém, Peruíbe, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto, Campinas, Amparo, Taubaté, São Paulo, Jacarezinho, Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Bandeirantes, Curitiba, Caxias do Sul, Garibaldi, Porto Alegre, Juiz de Fora, Rio Novo, Pouso Alegre, Belo Horizonte e muitas outras.
Posteriormente, em reconhecimento pelo seu trabalho em favor da cultura, a Assembleía Legislativa do Estado de São Paulo, através de decreto-lei, oficializou 18 de julho, dia do nascimento de Luiz Otávio, como DIA DO TROVADOR.
Também a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos efetivou a data com a emissão de um carimbo comemorativo oficial.

JUDD MARRIOTT MENDES  – 18/setembro/2017 –
PARA RECANTO DAS LETRAS



 
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