CIRANDANDO (pelo verbo haver)

I

Que nos haja um verso pleno

Sempre a cada despertar

E um coração sereno

Sempre pronto a amar.

II

Que nos haja um horizonte

Claro, a nos revelar!

Um lugar tangível aonde

Juntos possamos sonhar.

III

Que nos venha o lusco-fusco

Em majestoso renascer...

Vá-se o mal já moribundo...

Em premente alvorecer.

IV

Que nos haja um sol ao alto

Sempre pronto a brilhar

Que alumie nos planaltos

O tudo a se desvendar.

V

Que nos haja a flor se abrindo

Sempre a tudo enfeitar

Que nos venha, então, sorrindo

Para nos inebriar.

VI

Que nos haja a esperança

Dum todo poder mudar

E que a bem aventurança

Venha a nos abençoar!

VII

Que nos haja a mão espalmada

Sempre pronta a doar

À essência castigada...

Que não se pode enxergar.

VIII

Que nos haja a palavra

Certa a se proferir...

Arma branda que acata

Toda dor a nos ferir.

IX

Que nos haja a consciência

Do cenário em bastidor

Que nos venha a premência

Dum socorro a tanta dor.

X

Que nos haja o abraço

Que enlaça os corações

Ainda que em verso parco

Abrandemos as aflições!

XI

Um olhar acolhedor...

Que possamos conceber

Todo pleito que a dor

Peito alheio faz doer.

XII

Que nos haja a redenção

Pelo que nos dividiu...

No final haja a união!

No tudo que prosseguiu.

XIII

Que nos haja o perfume

Essência das estações...

Que não sejam só ardume

No peito as emoções.

XIV

Que nos haja a criança

Sempre se a nos revelar

Que nos haja em ciranda...

Plena paz a cirandar.

XV

Que enfim nos haja tempo

Para em verso reviver

Em nobre rima de alento:

Que não haja mais sofrer.