pedra solta 

a mediocridade chateia-me mas não dá cabo da minha auto-estima, coisa que não tenho enquanto quiser ser pedra solta num caminho onde posso levar pontapés e ganhar alguma história: como esta 

sopesar 

estou aos saltos numa mão de criança que me sopesa enquanto olha em volta pensando para onde me irá atirar, depois acaba por me meter no bolso 

pedra para um conto 

já em casa da criança o pai lava-me e beija-a, agradecendo por agora ter uma pedra para logo lhe contar um conto para a adormecer 

a história da existência 

este é o conto que está a ser escrito e passará à escrita a história da minha existência, deixando-me sem forma nem peso? 

um cometa 

sobre esse assunto medita o pai da criança, gozando o momento em que me atirará para dentro da noite como um cometa iluminando o céu! 

ao adormecer 

a criança sorri feliz pela história linda e adormece neste momento, porque sente que o pai está ali a ler os seus sonhos e conta a história da sua pedra que sou eu 

na pessoa da pedra 

sem as pessoas as pedras não existem, o que faz de mim uma pessoa. O pai continua a contar a história até este ponto, depois dá um beijo na criança e despede-se diz_end_o 

conto 

agora que já sabemos a história da tua e minha e nossa pedra, vou escrever este conto também para ela, companhia enquanto durar

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 29/10/2006
Reeditado em 29/10/2006
Código do texto: T276677