20 - carta a pessoa

Grato pela tua disponibilidade e pelo trabalho.
Escrevo ficção, escrevendo, procurando escrever a realidade da escrita. Descobri-la!
Nem vi o que estava escrito, irei ver agora consoante receba o produto da tua acção para além da escrita inicial, a transcrição da mesma.
Transcrever, é passar o que está escrito, imagina as possibilidades romanescas dessa experiência. Imagina que sou eu a trans_cre_ver... Ver para além do que escrevi, redescobrir-me! De hoje:

1) «Li o texto até meio, depois de escrever, vou acabar de ler! :)

Depois, durante, num texto deste_s (crítico!...) gostava de ficar a saber o que pensa o autor, para lá do que escreve. Gostava, por exemplo, de saber o que entende por Poesia «com P maiúsculo».
Poesia é a escrita em versos, a boa Poesia, cada um que defina aquilo que gosta. Não fico a saber o que gosta o autor e, se conhecesse o poeta adulado pelo autor, também não ficaria a saber!
Qual o "pino" que o autor teria de fazer para eu ficar saber que Poesia é Poesia (tem poesia?)?
Vou tentar escrever a Poesia que eu gosto: aquela onde paro com prazer! Pode ser, estar, no poema que ontem não gostei!
Isto é uma resposta-automática, "a escrita com os meus botões". É pessoal, como tudo que é pessoal.
Boa tarde Pessoal, abraços!!

»

2) 
TENTATIVA DE EXPLICAÇÃO
{«Amada,/ agora que és cinzas»,
in "Nossa tentativa de interpretação:"
(do poema “Silêncio” de José Gil)
Maria José Limeira}

Grisalhos teus cabelos
voando ao vento do Outono
são meus pensamentos sem dono
caindo como pétalas de flores
que foram regadas
até secarem
e
continuo
molhando-as
de lágrimas esquecidas
mesmo quando não sei chorar
e
um rio
inunda-me
como um riso
seco como as palhas
onde faço a cama dos poemas
e
me dei
to contigo
no reflorir dito
num silêncio-ância
feito de mar neste azul
qual planeta Terra ou aterro!

O Amor
tem da Beleza
o futuro certo, dado : às flores...

{«a saudade revelou-lhe o secreto propósito, infinita »,
in "Silêncio", José Gil} 

3)
 
ILUMINAÇÃO
Andamos todos aqui
a viver à pressa
para morrer
cedo?

Quando tenho tempo
escrevo poemas
para ficar
cego? 

4)

SENHOR PRIOR
Há quem tenha uma superior capacidade de percepcionar as palavras, as suas formas e os seus sentidos: os poetas. Há quem escreva poemas e não seja poeta, deixam os seus textos de ser poemas? Não, esta é a minha resposta.
A poesia existe nas pedras e em tudo que existe, um poema é como música, pintura ou escultura, versos, onde se encontra poesia. A poesia está em todo e qualquer poema, onde um verso seja lido.
Uma nota apressada numa folha, saltando de linha por falta de espaço, pode ser o poema que leio... e não escrevi:

NOTA
nota apressada
numa folha
saltando linha
falta de espaço

pode ser poema
que leio...
e não escrevi

acontece nu
que foi
ou s_ou
veio e ficou 

5)
FORMA DESINTERESSADA
Se os políticos e os que detêm o poder poderem..., este o tópico inicial desta crónica. Desenvolverei o tema no sentido da importância da Democracia, bem como do valor imprescindível da comunicação. Imprescindível porque, sem Comunicação Social, sem informação, a Democracia esvazia-se. Sem expressão dentro duma comunidade maior que a família, bairro, profissão, não chega à Sociedade como um todo: a cidade e o país, tornam-se mundos que escapam à cidadania.
Vou-me tentar meter na pele dum jornalista, coisa que não se é porque se escrevem crónicas num jornal. Embora esse seja o caminho certo, indispensável, para se poder pensar o que é, pode ser e dever ser, o Quarto Poder. Um poder que ombreia com "o poder temporal do estado", "o poder religioso" das igrejas, "o poder popular" do povo.
A quem pertence ou deve pertencer este Quarto Poder? Às pessoas, ao povo. A quem tem opinião e a manifesta, por profissão: o jornalista cuja função é dar a notícia e reflectir sobre a mesma, escolhê-la, difundi-la, torná-la conhecida; por vocação ou interesse, a todos. De forma desinteressada o interesse cresce, é pessoal, è próprio, mas: a forma desinteressada não existe.
Dizermos duma pessoa que é desinteressada porque não ganha nada com o que faz, é uma maneira simplista e redutora de ver a realidade. Torna em desinteressados os que não ganham nada, tornando pertinente a questão: serão interesseiros os que ganham alguma coisa? Esta pergunta faz sentido se tiver algum interesse, se me permitir dizer que interesse tenho em fazer esta crónica.
Arranjei um narrador jeitoso, desinteressado e tudo: um personagem.
O Autor. 

Notas e Comentários 

1)

Um autor, para existir, tem que se aventurar; as venturas dum autor, devem ser ainda uma aventura; a relação entre ventura e aventura é estranha, para alguns a melhor ventura é viver sem aventura... até para alguns autores, mas não para este.
2)
Na história os personagens são sempre mais importantes que o autor, são eles que a fazem; o autor: a grande invenção do Homem! O "eu" que cada um reclama, aclamo!!
3)
A poesia sempre será ou deverá ser como um perfume... A Poesia, mais um frasco (com_partimento) dessa essência de toda a arte.
4)
Haverá aqui alguma ideia de confissão? Pois é, um ateu é um herege, é herético! Isto é patético e poético, o destino entregue ao devir, num riso onde nunca molho os pés duas vezes.
5)
O narrador agora que conclua, já mostrei a Produção...
O autor é sempre o realizador, não quero nada com a produção.

Ser jornalista não me dava para ganhar a jorna, para notícias já dei: foi, o Autor. 
o Autor estava com muitas ideias em casa, resolveu vir despejá-las.
Demasiada informação, à pressa, só pode ser confusão! Com vagar... continuaR.
O poder do "criador" sobre a "criatura" de "a criação" é sempre ridículo, é Amor...
(carta para Pessoa, baralhando e dando o título com: carta a pessoa, outro/a)


{Foto: "Arte Xávega"
Autor: David Sousa 
http://www.olhares.com/utilizadores/detalhes.php?id=38034
«Enfim, sou completamente amador, acredito que uma boa imagem pode valer mais que mil palavras mas também acredito que a imagem não pode substituir as palavras. Estou aqui para partilhar experiências e este prazer comum de eternizar imagens, momentos, sentimentos, enfim, tudo o que a fotografia representa.»
http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/278543}
Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 17/11/2006
Reeditado em 17/11/2006
Código do texto: T293399