FRASES COTIDIANAS (Série Filosofiando Idéias) ROBERTA LESSA

- "(...) Nossa você não mudou nada (...)"

... e por quê não?

Onde reside essa compulsiva forma equívoca na gentileza de se expressar impingindo ao tempo e ao ser o legado da imutabilidade?

Para que esse rasgar de seda, com sê quase como um pecado permitido ao ser humano em permear sua vida de forma a eternizar-se num tempo e num tempo e num espaço que não mais pertence a si, pois é passado?

Por quê dourar pílula hipocritamente direcionando sim a falácia ao verbo que deveria por si desnudar verdades e transgredir engôdos?

A quê preço vale a pena deferir na linguagem tal impostura que inexiste?

Refestelar-se de enganos é uma forma de "desaceitação" do que se é, ou simplesmente alcoolizar a mente de forma a transgredir sua verborragia inverossímil?

... e por quê sim?

- Mudei sim, pois sou eterno mutante...

- "(...) Eu sei como você está se sentindo nesse momento (...)"

... e por quê não?

Onde será a origem dessa mania das pessoas saberem tanto sobre o sentir do outro se muitas vezes nem ao menos assumirem seus próprios sentimentos e saberes ?

Para quê reforçar esse desejo de exercer poder sobre o sentimento do outro e que por assim o ser deve unicamente ser vivenciado por quem de direito ?

Por quê a questão maior é se fazer entender mestre do sentir do outro quando na verdade nada mais somos que experimentos vivenciais diferenciados ?

À quê se deve uma sociedade ser preparada para refestelar-se de afirmações que sequer tecem importância ao momento que o outro está atravessando e deve sim tão somente por ele atravessar esse processo ?

Refestelar-se do que se é pelo fato de sermos forçosamente normotizados alimentamos esse ciclo de vícios sociais onde há os que se deliciam em consolos e os que se deliciam em serem consolados?

E por quê sim?

- Eu é que sei do meu sentir, o conviver é mais que uma lição de casa bem feita, opto pelas notas vermelhas bem tiradas...

- "(...) Com o tempo tudo passa(...)"

... e por quê não?

Onde foras buscar tal insanidade que ludibria questões que devem sim serem vivenciadas, com consolo que não basta e nem preenche questões ?

Para quê utilizar de tal afirmação como sê a redimir muitas vezes fatos que deve sim serem enfrentados e solucionados imediatamente?

Por quê o produto maior da superação jamais se basta em tal frase, pois reside ele em algo maior do que se ater ao tempo e ao espaço ?

À quê se deve o desejo de minimizar aquilo que chamamos viver, vida e morte, sorrir e chorar, falar e calar, seguir e parar, enfim tudo é complemento um do outro, e devem sim conviver dentro e fora de nós para que possamos nos lapidar enquanto ser humano?

Refestelar-se enquanto pseudo consolador na condição de cada um é sim um exercício de poder um pelo outro ?

... E por quê sim?

- Pode até passar o tempo, mas na memória me é cara cada fato de meu viver é um eterno experimento a ser considerado, mesmo que pelo sofrimento.

- "(...) Você sabe com quem está falando?(...)"

... e por quê não?

Onde ocorre a máxima da lógica que justifica nomes, cargos,afiliações enquanto grau de superioridade ?

Para quê estalar dedo sem riste se a soma entre mãos á de ser o imperativo da sabedoria?

Por quê cobras subserviência onde poderia somar para o bem comum de um coletivo que tanto necessita?

À quê se deve o homem tecer a si mesmo a trama da superioridade por sobre aquele que o sustenta sem temer o rompimento de tal estrutura ?

Refestelar-se insanamente de posições, riquezas, títulos é também sacrificar a proximidade entre os seres sem a percepção de sua própria condição?

E por quê sim?

- Sim, sei com quem falo e por assim o saber opto por ser seletiva em meus diálogos e colóquios.

- "(...) É de pequeno que se torce o pepino (...)"

... e por quê não?

Onde se encontra a necessidade de se estabelecer concretamente um plano cartesiano comportamental entre seres que se primam por serem diferenciados ?

Para quê estruturar mecanismos e engenhosidades mentais que aloquem os indivíduos em um comportamento normatizado?

Por quê exigir impossíveis padrões alienantes á seres que deveriam utilizar o máximo do potencial de seu poder criativo ?

À quê preço implantar uma ditadura comportamental há de ser a cura da insanidade humana?

Refestelar-se diante do paradigma do ser enquanto ser e do ser mecânico ser?

E por quê sim?

- Sim ... um vegetal é um vegetal, mas onde está a normativa que deve o ser humano simplesmente vegetar para ser aceito ...

- "(...) A vingança é um prato que se come frio (...)"

... e por quê não?

Onde a fome maior é estrutura, na alma de cada um de nós, na calma satânica de quem domina ou na inércia do servo que se torna escravo voluntariamente?

Para quê o alimento de tantos é tão pouco e o de poucos selecionado com a mais tenra carne do lombo de que o produz nos pútridas porões da sociedade ?

Por quê vingança se nos alimentar de outros sentidos e sentimentos nutriremos sim a nossa fome de justiça, lealdade e amores ?

À quê se deve o fato de não mais nos conciliarmos com o outro ?

Refestelar-se pelo poder de ser o último a ter a palavra, é realmente postura de caráter ?

E por quê sim?

- "(...)É a vontade de Deus(...)"

... e por quê não?

Onde esse Deus construído socialmente poderia discernir o certo, e equivocado, o verdadeiro, o ilusório, o justo se sua gênese é semente venosa ?

Para quê seitas e crenças são incutidas e insistentemente reforçam a servidão a qual a maioria se torna voluntários sem nem mesmo se perceber o quanto é necessário refletir e agir ?

Por quê ocorre o uso de doutrinas que inibem a percepção de um coletivo que deveria ser conduzido pelo livre pensamento e escolhas ?

À quê se reduz a fé quando a conexão com o Sagrado é estigma paritário?

Refestelar-se de dogmas e ilusões é fato real ou manipulação humana?

E por quê sim?

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 29/05/2016
Código do texto: T5650279
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